terça-feira, 3 de maio de 2016

O Film Noir Japonês



Nos anos sessenta, a vaga Noir que tinha começado nos Estados Unidos, e tinha sido desconstruída na Europa, chegava ao Japão. Por esta altura a indústria cinematográfica japonesa estava dividida em cinco grandes produtoras. No ensaio "The Modernization of the Japanese Film Industry” Hiroshi Komatsu argumenta que durante este período os estúdios estavam em crise, e uma das produtoras, a Nikkatsu Corporation, fez um esforço para se dedicar ao mercado do cinema sobre a juventude perdida e os filmes de acção.
Também tem que ser lembrado que depois da Segunda Guerra Mundial a indústria cinematográfica japonesa estava muito controlada pelas forças americanas da ocupação, cujos censores se assemelhavam aos próprios censores de Hollywood. Na América, o "film noir" prosperava, e no Japão foi feito um esforço para destruir grande parte do cinema histórico do país, trazendo uma vaga de filmes de detectives, mulheres fatais, que começavam a substituir os habituais filmes de samurais, assim como os filmes familiares que até então preenchiam o cinema daquele país. Com todas estas mudanças, alguns cineastas criaram o seu próprio corpo de trabalho, que se tornou mais progressivo e subversivo quando a ocupação americana terminou.
Esta convergência de acontecimentos deu origem a um novo tipo de Noirs. O néo-noir japonês, particularmente da Nikkatsu, que estava para o cinema asiático como a RKO estava para o cinema americano, e era uma mistura de filmes de gangsters japoneses com o clássico film noir.
Vamos pegar neste movimento a partir de finais da década de 50, na mesma altura que deu início o movimento da Nova Vaga do Cinema Japonês, e lembrando que por vezes estes dois movimentos se confundem, já que realizadores como Oshima, Imamura ou Suzuki caminharam pelos dois lados da fronteira.
Vamos acompanhar esta vaga de néo-noirs japoneses até ao inicio da década de 70, mas pelo meio haverá duas surpresas. Dois ciclos dentro do ciclo maior, a saber:

Os filmes de Gangsters de Ozu
 Na década de trinta, antes de se tornar realmente conhecido, Yasujiro Ozu realizou uma série de filmes de gangsters, hoje em dia quase desconhecidos, mas considerados os primeiros filmes negros japoneses. São filmes mudos

Os Noirs de Kurosawa
De todos os filmes noirs japoneses, são os quatro de Akira Kurosawa que mais se assemelham com os filmes negros americanos, e vamos aproveitar para fazer um "flashback" neste ciclo para os conhecer a todos.

Ao todo serão perto de 30 filmes, que serão postados ao longo de todo o mês de Maio. Espero que gostem, e até amanhã.

1 comentário:

Emanuel Neto disse...

O cinema "noir" japonês é totalmente desconhecido para mim. Conheço superficialmente o "noir" francês, com Alain Delon a distribuir uns balázios e uns murros nas trombas do pessoal!