domingo, 27 de março de 2022

Um Tiro às Escuras (A Shot in the Dark) 1964

Em Paris, na mansão de Benjamin Ballon (George Sanders), um conhecido milionário, um crime é cometido e por engano é mandado o Inspetor Jacques Clouseau (Peter Sellers), o mais atrapalhado dos detetives franceses. Enquanto as investigações avançam, novas mortes acontecem e as evidências sugerem que a culpada é Maria Gambrelli (Elke Sommer), uma empregada que trabalha na mansão de Ballon. Entretanto, Clouseau tem certeza da inocência dela e está disposto a investigar (mas sempre de uma forma pouco convencional) o caso, para descobrir quem é o culpado ou culpados das mortes.
Segundo filme na série de "The Pink Panther", e talvez o seu melhor. Novamente realizado por Blake Edwards, com muitas coisas positivas neste filme: desde a banda sonora de Henry Mancini, o brilhante trabalho de Peter Sellers, e muitas piadas bem montadas. Apenas a confiança excessiva na palhaçada fácil impedem o filme de se elevar para outro nível  no território da comédia. O elenco de apoio também é perfeito, com Elke Sommer, George Sanders, e Herbert Lom. 
William Peter Blatty, o argumentista de "O Exorcista", colaborou no argumento, tendo escrito algumas comédias, sobretudo para Blake Edwards, antes de se dedicar ao seu enorme sucesso.


domingo, 20 de março de 2022

O Mundo De Henry Orient (The World of Henry Orient) 1964

Enquanto tenta seduzir uma mulher casada (Paula Prentiss), o pianista Henry Orient (Peter Sellers) é interrompido por duas estudantes, Valerie (Tippy Walker) e Marian (Merrie Spaeth). A princípio, ele não se importa, mas como as coincidências se repetem, Henry acha que as raparigas são espias do marido da amante. Valerie acaba por se apaixonar pelo pianista.
George Roy Hill foi um realizador de Hollywood que sempre pareceu não ter uma personalidade distinta, no entanto conseguiu fazer uma série de filmes que obtiveram um enorme sucesso comercial, e também obtiveram alguns prémios, embora na maior parte dos casos a recepção da crítica não tenha sido unânime. "The World of Henry Orient" é, digamos que uma raridade no corpo da sua obra, uma história sobre o amadurecimento de jovens. Baseado num romance autobiográfico de Nora Johnson, cujo pai era a lenda de Hollywood Nunnally  Johnson, que colaborou com a filha na adaptação, tem um sabor muito distinto enraizado na imaginação das duas jovens protagonistas. 
Embora o filme, tal como o nome sugere, coloque a personagem de Peter Sellers como protagonista, este, inegavelmente, pertence às duas jovens, Walker e Spaeth, que ainda por cima nunca tinham interpretado antes, com um maravilhoso talento sem instrução inteiramente natural e consciente que dá ao filme uma energia efervescente. 

domingo, 13 de março de 2022

Dr. Estranhoamor (Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb) 1964

"É uma das melhores comédias negras de sempre, o filme mais engraçado sobre a era nuclear e uma das obras-primas de Stanley Kubrick. "Dr. Estranhoamor" está recheado de fabulosas interpretações cómicas - destaque para Peter Sellers, que interpreta três personagens, e para a interpretação de George C. Scott -, que se integram num cenário de insanidade mal contida nesta comédia de enganos iluminada por cenas satíricas. A história começa quando o general Jack D. Ripper (Sterling Hayden) - que comanda a base da força aérea de Burpelson -, obcecado com a ideia de que os comunistas estão a tentar roubar os "preciosos fluidos corporais" dos norte-americanos, entra em loucura total e ordena um ataque imediato à União Soviética. O Presidente dos Estados Unidos (Peter Sellers) reúne-se, em desespero, com os seus conselheiros, que incluem o general Buck Turgidson (George C. Scott) e o cientista ex-nazi Dr. Estranhoamor (também interpretado por Peter Sellers). Estes não vêem outra solução senão deixar que os soviéticos abatam os bombardeiros americanos, o que constitui uma "perda aceitável" para as estatísticas. Entretanto, o embaixador soviético (Peter Bull) informa-os que a URSS possui um "Doomsday Device" - um engenho prestes a lançar bombas nucleares mal sejam atacados... O filme recebeu quatro nomeações da Academia de Hollywood, nas categorias de melhor actor (Peter Sellers), melhor realizador, melhor filme e melhor argumento adaptado (Peter George, Stanley Kubrick e Terry Southern)."
* texto Público

domingo, 6 de março de 2022

A Pantera Cor de Rosa (The Pink Panther) 1963

O incompetente e desastrado inspector Jacques Clouseau da Sûreté francesa anda há anos atrás de um notório ladrão de joias conhecido como Fantasma. Clouseau e a sua mulher Simone reunem-se, na luxuosa estância de Inverno de Cortina d¿Ampezzo, com o playboy britânico sir Charles Willingham e a princesa indiana Dala. Clouseau está seguro de poder deitar a mão ao ¿Fantasma¿ que certamente não resistirá a roubar a fabulosa joia da princesa, a célebre Pantera Cor de Rosa. Na verdade, o Fantasma é sir Charles e a sua cúmplice e amante é, nada mais nada menos, que a própria mulher de Clouseau, o que complica especialmente todas as iniciativas do inspector. Na sumptuosa casa de Roma da princesa, na sequência de um tresloucado baile de máscaras, a joia é finalmente roubada mas no fim é o infeliz Clouseau que acaba por ser acusado do furto.
"A Pantera Cor de Rosa", realizado em 1963 por Blake Edwards, foi o primeiro filme de uma série de grande sucesso de tresloucadas comédias policiais que tornaram Peter Sellers numa vedeta internacional. Uma itenerante história policial, sobre um arrojado e sofisticado ladrão internacional de joias perseguido pelo mais desastrado e incompetente inspector da polícia, é o pretexto para Edwards construir uma deliciosa comédia, recheada de gags hilariantes, como a cena do baile de máscaras com os três gorilas ou a disparatada perseguição automóvel que termina na fonte. Curiosamente, a personagem do inspector Clouseau, com o seu ar imbecil, as suas disparatadas deduções, a sua tendência para criar o caos e a destruição e o seu intolerável sotaque, não era ainda a personagem central e fulcral que acabaria por dominar todos os filmes da série. Peter Sellers cria uma personagem inesquecível e inconfundível, fruto do seu extraordinário talento para as mais sinuosas caracterizações que lhe permite, mesmo aqui, frente a David Niven, Robert Wagner, Capucine e Claudia Cardinale, roubar todas as cenas em que participa.
*Texto RTP