Dominada pelos homens e limitada pelo restritivo Código Hays, a Hollywood do pós-guerra deu pouco apoio a uma realizadora que procurava fazer filmes sobre assuntos polémicos. Mas Ida Lupino resistiu ao sistema, escreveu e realizou uma série de filmes onde expôs o lado negro da sociedade americana, em tópicos como violação, mães solteiras, bigamia, entre muitos outros temas, que habitualmente só era retratados pelos homens.
Tendo crescido numa famosa família do teatro inglesa com raízes italianas, Lupino trabalhou como actriz desde a infância, e no cinema desde a adolescência. É mais conhecida pela sua versatilidade nos noirs do pós-guerra, onde mostrava as suas variações sobre a mulher dura com uma veia vulnerável.
"Deep Valley" foi o fim de um contrato tenso com a Warner Brothers durante o qual ela dizia ser a "Bette Davis dos homens pobres", ela também seguiu a tendência de Bette Davis em perturbar o sistema e ser suspensa por reclamar dos seus papéis. Foi nesta altura que ela desenvolveu o interesse pela realização.
Quando casou com o produtor Collier Young em 1948 formaram a sua própria editora, chamada The Filmakers. Lupino passava assim a fazer parte de um grupo de actores que desta forma assumiam um maior controle das suas carreiras, através das suas próprias produtores. Outros actores já tnham seguido o mesmo caminho, como John Garfield, John Wayne, Burt Lancaster ou Kirk Douglas.
Da frente das camaras para trás delas foi um salto. A sua carreira de realizada era baseada em filmes baratos, afiados, sábios, e agradavelmente pequenos. Obras incisivas e memoráveis que eram sempre mais misteriosas do que deixavam transparecer.
Neste ciclo, que começa hoje, vamos visitar uma boa parte da carreira de Isa Lupino. Começaremos pelo seu trabalho como actriz, e passaremos depois para o de realizadora. Espero que gostem.
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