domingo, 5 de julho de 2020

O Cinema Espanhol no Tempo de Franco - A Década de 60, o Novo Cinema Espanhol e a Escola de Barcelona

A implementação do Primeiro Plano de Desenvolvimento Económico, em 1963, elaborado pelo governo tecnocrático com colaboração com o Banco Mundial, levou a Espanha a uma nova era. Acima de tudo, o plano incentivou o desenvolvimento do turismo e o aumento do investimento estrangeiro. A industria do turismo passou de hospedar poucos milhões de visitantes no inicio de 1958, para 14 milhões em 1964. Uma mudança que indicava o inicio da prosperidade económica em Espanha. No entanto, a rápida introdução do capitalismo de consumo e o influxo de estrangeiros trouxeram novos valores culturais, que conflituavam com os costumes espanhóis tradicionais.
Houve grandes mudanças na politica interna e externa. Manuel Fraga Iribarne, uma voz liberal que se adaptou bem ao clima ao clima politico cada vez mais modernizador, substitui Manuel Arias Salgado como ministro da Informação e Turismo, em 1962. Fraga Iribarne trabalhou em prol da reforma política, e redigiu uma lei de imprensa mais liberal. No entanto, juntamente com as rápidas mudanças politicas e culturais de Espanha, surgiram crescentes tensões sociais e distúrbios causados por estudantes e trabalhadores, que pediam direitos políticos e sindicais. A inquietação estudantil culminou no fecho das Universidades de Madrid e Barcelona em Fevereiro de 1967, enquanto as organizações da classe trabalhadora se tornavam mais organizadas, poderosas e ameaçadoras para o sistema ditatorial. O ativismo operário provocou a suspensão dos direitos constitucionais em 1968, em Guipúzcoa, e depois no resto da Espanha. A abertura liberal parou em 1969, coincidindo com a nomeação do Principe Juam Carlos como sucessor de Franco, e a renuncia forçada de Manuel Fraga Iribarne, que em 1966 aprovou a liberdade de imprensa, embora dentro dos limites da ditadura de Franco.

Todas estas mudanças foram reflectidas nas práticas e políticas do cinema. Iribarne nomeou José Maria Garcia Escudero como director geral da cinematografia, cargo que ele já tinha ocupado entre 1951 e 1952, como já vimos atrás. O mandato de Garcia Escudero, de 1962 a 1967, viu uma significativa liberalização e inovação na industria cinematográfica espanhola. Estes anos corresponderan à vitalidade da Escuela Oficial de Cinematografía (EOC), anteriormente o IIEC, e a ascenção do movimento chamado Novo Cinema Espanhol. A promoção do cinema espanhol novo por Garcia Escudero procurou rivalizar a industria cinematográfica e projectar una imagem mais liberal no exterior, principalmente em festivais de cinema.

O movimento do Novo Cinema Espanhol, patrocinado por Garcia Escudero, tinha uma grande contradição, e era criticado por ser dirigido de cima, e pelo apoio deliberado, consciente e egoísta do Estado. No entanto, a visão pioneira de Garcia Escudero abriu espaço para um cinema menos dependente de interesses comerciais. O sector cinematográfico, de realizadores a produtores, encontrou circunstancias favoráveis para produzir filmes mais pessoais e mais políticos, apesar  da implementação de novas medidas protecionistas apoiadas pelo Estado. Vamos falando deste Novo Cinema Espanhol, e da chamada Escola de Barcelona, um movimento alternativo do cinema espanhol nos próximos dias, e ao longo dos filmes que que por aqui passarão.
Foi apenas uma pequena nota introdutória. Os filmes seguem já de seguida. 


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