""It´s showtime, folks!". Este musical fascinante, imaginativo e intimamente autobiográfico, que ainda divide o público, é um 8 1/2 americano, um testamento surpreendentemente cândido de Bob Fosse, dançarino dotado, coreógrafo brilhante, vencedor de múltiplos Tonys e realizador de "Cabaret", vencedor do Óscar. O drama de dança de Fosse, de uma franqueza espantosa - que ele concebeu, co-argumentou e realizou pouco depois de se ter submetido a uma cirurgia de coração aberto tem o seu alter ego em Roy Scheider, nomeado para o Óscar, como director coreográfico Joe Gideon, fumador compulsivo, femeeiro e devorador de comprimidos. Demasiado ocupado a ensaiar o seu novo espectáculo cheio de carga erótica, a intimidar financiadores e a engatar showgirls de pernas bonitas para levar a sério as perturbadoras dores no peito, Joe está a morrer (sedutor até ao fim no teatro da operação com o seu assistente anjo da morte, Jéssica Lange) enquanto contempla fracassos pessoais, triunfos artísticos e grandes momentos do espectáculo. "All That Jazz" tem uma verve selvagem na vida dos bastidores e é emocionante no modo como transmite a pressão obsessiva, que tudo consome, daqueles homens e mulheres apaixonadamente dedicados e impulsionados pelo seu trabalho.
Dança sensacional com a assinatura à Jazz do estilo Fosse e números de saltar os olhos (a estonteante abertura da versão muito soul de "On Broadway", de George Benson, outra apresentando o sempre presente animador du jour Bern Vereen) pontuam as reminiscências de um mestre teatral arrogante e satírico. Elas incluem flashes das suas raízes no burlesco rasca e uma visão sem remorsos suficientes das mulheres que amou, explorou, adorou, e deitou fora na sua vida (uma delas obviamente inspirada na terceira mulher de Fosse, Gween Vernon, bailarina e estrela na Broadway, outra interpretada pela sua protegida e mais tarde companheira, Anne Reinking).
Audaciosamente estruturado e também montado, "All That Jazz" conquistou quatro merecidos Óscares e está , ao lado de "Cabaret", como um dos dois melhores dramas musicais feitos nos últimos trinta anos. Como depois se viu, este epitáfio de celuloide, sem dúvida auto-indulgente, aconteceu quase uma década antes do desfecho. Fosse morreu repentinamente, embora de um modo inevitável, de um ataque de coração, em 1987, no momento em que a sua nova apresentação do sucesso da Broadway dos 60, "Sweet Charity" estava a estrear."
* texto de Angela Errigo.
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