segunda-feira, 21 de julho de 2014

The Ghost of Yotsuya (Tôkaidô Yotsuya Kaidan) 1959



Em  "The Ghost of Yotsuya", do realizador Nobuo Nakagawa, temos uma das melhores adaptações do conto de folclore japonês, "Yotsuya Kaiden". O filme é feito como o teatro kabuki, lidando com paixão, infidelidade e vingança, e tal como nas grandes tragédias de Shakespeare há sempre uma tentação nos calcanhares do protagonista, levando-o para um caminho de auto-destruição; e há sempre o traído, um inocente que só tem carinho para dar.
Iemon é um samurai egoísta que não tem problemas em assassinar o pai de Oiwa (a mulher que deseja), para assegurar o casamento. Naosuke, um empregado do assassinado, assiste ao crime, mas faz uma aliança com o criminoso para que possa tirar algum benefício. Depressa Iemon se farta de Oiwa, e começa a deitar os olhos em Oume, a herdeira de um nobre influente. Tenta então matá-la, inventando uma história de que ela tem um caso com o seu massagista, Takuetsu.
Histórias de fantasmas (kaidan) são muito populares na cultura japonesa, e esta é uma das suas mais famosas. Tal como é habitual nos filmes kaidan, perde-se muito tempo na construção do ambiente. Na verdade, neste caso, não é tempo perdido, porque os actos diabólicos de Iemon são suficientes para manter o filme interessante. O climax vai-se construindo até ao terceiro capítulo, e o que vamos testemunhar não vai ser de todo agradável para o protagonista, e nem a sua mente diabólica lhe vai servir para fugir a uma vingança atroz.
A iluminação do filme é impecavelmente feita, e mostra a sensibilidade e a capacidade de Nakagawa de construir um clima de medo. Acima de tudo é um filme sobre atmosfera, imagine-se como seria um filme da Hammer realizado por Hitchcock. A grande opulência da fotografia e da cenografia são muito bem conseguidas, e Nakagawa é um realizador que sabe muito bem quando deve envolver a extravagância, e que sabe quando o ambiente deve passar a ter o papel principal.

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