segunda-feira, 7 de julho de 2014

Rio 40 Graus (Rio 40 Graus) 1955



Semi-documentário que acompanha a vida de cinco jovens, moradores de uma favela do Rio de Janeiro, que num domingo tipicamente Carioca, de sol escaldante, vendem amendoins no Pão de Açucar, Copacabana, e no Maracanã.
Influenciado pelo neo-realismo italiano, e por um ardente desejo de criar uma marca de cinema totalmente envolvida com as duras realidades da luta de classes, e o terrível problema da pobreza no pós Segunda Guerra Mundial no Brasil, Dos Santos decidiu fazer um retrato dinamicamente abrangente do seu país, da cidade mais icónica, Rio de Janeiro, com filmagens em exteriores usando um elenco de não profissionais. Ao dar uma atenção sem precedentes às favelas, no coração do Rio de Janeiro, Nélson Pereira dos Santos oferece uma visão alternativa da cidade, como um cenário despojado para a sua narrativa, seguindo um domingo de cinco jovens negros, cada um a precorrer um diferente bairro do Rio, para humildemente vender o seu produto. O primeiro filme de Dos Santos veio a ser um lançamento dramático da sua carreira, quando a estreia do filme veio a ser abruptamente interrompida por agentes federais, que acusar "Rio 40 Graus" de ser de propaganda comunista, e apresentar uma imagem negativa do Rio. Posteriormente, debates sobre a proibição do filme inflamaram no Congresso Nacional e em todo o país, até que a decisão foi anulada. Retrospectivamente anunciado por Glauber Rocha como o primeiro filme verdadeiramente revolucionário do mundo em movimento, "Rio 40 Graus" não foi apenas o primeiro filme a lidar com o problema das favelas, como viria a ser um filme icónico e importante do cinema brasileiro, mas também um dos primeiros a lidar abertamente com a estratificação de classes e raças na sociedade brasileira.
O Brasil vivia o tenso período do governo Café Filho, que passou a governar depois do suicídio de Getúlio Vargas (durante as filmagens), e preparava-se para eleger Juscelino Kubitschek, não sem ameaças de golpe de estado. Durante três meses, abaixo-assinados, dentro e fora do Brasil, lutaram contra a censura. Rio, 40 Graus teve sessões clandestinas para artistas e intelectuais (entre os quais, os escritores Jorge Amado, Manuel Bandeira e Menotti del Picchia). Tornou-se uma questão nacional. O fim da proibição só aconteceu em Dezembro. A estreia, em março de 1956. Teve boa repercussão internacional, com elogios do crítico francês André Bazin, o mais importante do período, já conhecido pela defesa do estilo realista no cinema.

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