domingo, 23 de fevereiro de 2014
O Acossado (À Bout de Souffle) 1959
Michel Poiccard é um sociopata irresponsável, rouba um carro e impulsivamente assassina o polícia que o persegue. Passa a ser perseguido pela polícia, e entretanto retoma a sua relação com a jovem hippie americana Patricia Franchini, uma estudante de jornalismo que conheceu umas semanas antes em Nice. Antes de fugir de Paris ele planeia cobrar uma antiga dívida do submundo do crime, e acredita que Patricia o acompanhará no seu plano de fuga para Itália. Mas a polícia está cada vez mais perto...
A Nouvelle Vague já estava em andamento quando "O Acossado", de Jean-Luc Godard, viu a luz do dia, em 1960, uma homenagem aos filmes de gangsters de série B, que enviou este movimento para a estratosfera. "Hiroshima, mon Amour" e "Les Quatre Cents Coups" tinham estreado no ano anterior, e os dois (especialmente o de Truffaut) tinham sido bastante aclamados, tanto pelo público como pela crítica. Contudo, foi "O Acossado" que seria reconhecido como um filme absolutamente revolucionário, com a sua técnica de jump cuts, e o grande trabalho de câmera pelas ruas de Paris. Faltou o polimento de Truffaut, e o romantismo intelectual de Resnais, porque esta era uma obra rude, mas ainda mais bonita pela recusa de jogar conforme as regras.
Godard descreveu-o como "o tipo de filme onde vale tudo", e estava consciente de que tentava reinventar a idéia do que um filme mainstream poderia fazer, procurando inspiração tanto nos tradicionais filmes de avant-garde como nos filmes americanos de género. A história, originalmente escrita por Truffaut, é a base principal do filme, mas não é o mais importante. A revolução neste filme veio do uso inebriante do chocante estilo cinematográfico para refletir a vida e as atitudes dos seus jovens personagens (Belmondo e Jean Seberg). Godard utiliza a estética neo-realista da câmera na mão, luz natural, e filmagens em exteriores, injectando-lhe uma dose de cortes rápidos e saltos narrativos, dando ao filme uma inesperada qualidade que reflecte a velocidade da vida moderna, assim como ataca a lentidão da maioria dos filmes dos anos 50. Godard, e os outros realizadores da Nouvelle Vague queriam destruir convenções e reinventá-las pelos seus próprios termos, e este foi sem dúvida o filme onde isso estava mais facilmente visível.
"O Acossado" foi o filme que, mais do que qualquer outro, explodiu com as convenções e sugeriu um cinema francês alternativo. Era a mistura perfeita, onde todas as peças se encaixavam. No processo transformou Jean-Paul Belmondo numa das principais estrelas do cinema francês.
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