segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Comboio Mistério (Mystery Train) 1989



Em "Mistery Train" temos três história que se cruzam na mesma noite. A primeira vai encontrar dois turistas japoneses, Jun (Masatoshi Nagase) e a namorada Mitzuko (Youki Kudoh), que saem de um comboio para visitar os famosos Sun Studios, onde Elvis, entre outros, gravaram os seus primeiros singles. Sentados no hotel, eles discutem quem inventou o rock'n'roll, ou Elvis ou Carl Perkins, e conversam sobre a noite aberta do Tennessee. Na segunda história vamos encontrar Luisa (Nicoletta Braschi), uma jovem viúva que fica em Memphis durante uma noite para levar o corpo do seu marido de volta para Itália. Forçada a dividir o quarto com  DeeDee (Elizabeth Bracco), acorda para encontrar o fantasma de Elvis, no seu quarto. Finalmente, o ex-namorado de DeeDee, Johnny (Joe Strummer), assalta uma loja de bebidas com os dois cúmplices Will (Rick Aviles) e Charlie (Steve Buscemi). Em fuga, escondem-se no mesmo hotel, até as coisas acalmarem. Cada uma destas histórias está interligada pelos personagens de Cinque Lee e  Screamin' Jay Hawkins, dois funcionários do hotel que verificam os hóspedes de noite, e de manhã.
Tal como nos primeiros filmes de Jim Jarmusch (Stranger than Paradise e Down by Law), o seu quarto é mais uma obra que emprega uma história por segmentos em vez de uma narrativa continuada e fluída, que levou alguns detractores a insinuarem que Jarmusch não seria capaz de contar uma história. Mas na verdade, Jarmusch estava à procura de mais do que uma história, e o seu filme sustenta um clima de desencanto e desilusão, vistos através de diversos pontos de vista. Se existe alguma falha é porque o ambiente depressivo acaba por sobrecarregar o humor pouco expressivo do realizador.
Jarmusch conta-nos uma história da América que tem tanto de lendária como é povoada por lendas. É um pouco do que Ford fazia com o seu actor preferido (John Wayne) e o deserto do Arizona, Jarmusch tem uma américa moderna,  de restaurantes, motéis, e bares de música jazz. Retrata-nos o lendário Elvis como um homem decente e trabalhador, brilhando ao luar como um fantasma, mas, acima de tudo, fala-nos sobre as pessoas que acreditam nessa lenda, e num hotel que mantém essa lenda viva.
A participação de Tom Waits foi menor. Apenas ouvimos a sua voz, como o DJ da rádio.

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