O título deste documentário sobre a vida e a obra de Rainer Werner Fassbinder, que também dá nome ao ciclo que está em desenvolvimento, está apenas ligeiramente alterado de um outro filme que o realizador fez em 1976, intitulado "Ich Will Doch Nur, Dass Ihr Mich Liebt" (I Only Want You to Love Me).
Fassbinder morreu muito novo, com apenas 37 anos, depois de uma carreira de mais de 40 filmes, em apenas 15 anos. A tendência era fazer filmes experimentais, utilizando membros da sua equipe teatral, o chamado "Anti-Theater." Hanna Schygulla foi a protagonista de muitos dos seus filmes, e fala sobre Fassbinder como Homem, e como Realizador, assim como a imitam outros elementos desta extensa família. Esta era a primeira tentativa para fazer um documentário sobre o audacioso e controverso realizador, desde a sua morte, e é interessante o modo como evita as suas polémicas pessoais (a homossexualidade e o uso de drogas), de quem ele nunca se esquivou na vida real.
Aqueles que procuram uma perspectiva mais profunda da vida pessoal do homem, vão ter de esperar por outra oportunidade, mas aqueles que preferirem conhecer a obra do realizador, esta é a oportunidade ideal.
O documentário estrá repleto de trechos de filmes do realizador, excelentemente escolhidos, com comentários perspicazes de muitos dos seus colaboradores, o filme é dividido em várias secções, tal como o perfil da sua vida, carreira e pensamentos sobre o processo criativo.
Qualquer pessoa interessada na carreira de Fassbinder (ou simplesmente no cinema europeu), ficarão cativados por este belíssimo documentário, bastante mais interessante do que o posterior 'Love, Life & Celluloid', realizado por Juliane Lorenz, que fez a montagem de vários filmes de Fassbinder.
As legendas são em inglês.
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segunda-feira, 30 de novembro de 2015
domingo, 29 de novembro de 2015
Fassbinder Integral - I Don't Just Want You to Love Me
"Rainer Werner Fassbinder (1945-1982) não integrou a primeira geração do Novo Cinema Alemão, corporizado no Manifesto de Oberhausen de Fevereiro de 1962 e que integrava novos cineastas como Edgar Reitz e Alexander Kluge, entre outros. Este movimento de rejeição do cinema alemão posterior à segunda guerra mundial, viria a integrar numa segunda fase, realizadores como Werner Herzog, Wim Wenders, Hans-Jürgen Syberberg. Volker Schlöndorff ou Margarethe Von Trotta. Fassbinder irá igualmente integrar a segunda fase deste movimento, embora com traços peculiares que o distinguiriam de rodos os restantes cineastas de alguma forma relacionados com este movimento.
A sua obra decorreu como a sua vida: intensa, controversa e fulgurante. Viveu apenas durante trinta e sete anos, fez cinema durante quinze e deixou-nos uma obra imensa de mais de quarenta filmes, numa actividade frenética e sem paralelo em toda a história da sétima arte. Se se acrescentar que para além dos filmes que realizou, trabalhou igualmente como actor em muitos dos seus filmes e de outros realizadores, foi argumentista de quase todos os seus filmes, foi produtor, escreveu e encenou peças de teatro presencial e radiofónico, compôs bandas sonoras foi editor, produtor, designer e operador de câmara, ficamos com uma ideia dos seus talentos multifacetados.
Não há um estilo definido na obra de Rainer Werner Fassbinder. Filmou freneticamente, várias obras no mesmo ano, sem um estilo definido e variando de tema com frequência. No entanto, para quem fazia um filme em cada cem dias, as suas obras demonstram um surpreendente grau de depuração estética e de aperfeiçoamento técnico para além de um notável trabalho de direcção de actores e de argumentos muito bem estruturados. Isto significa que falar do cinema de Fassbinder é quase como se estivéssemos a evocar um milagre criativo: trabalhando a um ritmo alucinante, era capaz de fazer em poucos meses o que noutros cineastas durava anos. Quando começava a filmar, Fassbinder já tinha tudo meticulosamente preparado, pelo que não havia espaço para indecisões nem para tempos mortos.
Embora a sua obra seja muito diversificada quer em termos temáticos, quer estéticos, é possível, definir de uma forma imperfeita, duas fases na sua carreira, com o seu maior sucesso comercial, O Casamento de Maria Braun (1979) a servir de fronteira. Numa primeira fase, predominam os filmes de baixo orçamento, muito ligados às premissas do novo cinema alemão, aquilo que se poderia chamar um cinema intimista, e muitas vezes de cariz experimental. Nesse grupo de filmes gostaria de destacar, As Lágrimas Amargas De Petra Von Kant (filmado como se de uma peça de teatro se tratasse), Cuidado Com Essa Puta Sagrada, O Medo Come a Alma, O Amor É mais Frio Do Que a Morte e a obra-prima absoluta, O Direito Do Mais Forte À Liberdade. A segunda parte revela, embora não em todos os filmes, um maior compromisso com o cinema comercial e aborda de forma descomplexada e aberta a história do século XX da Alemanha. Da ascensão e apogeu do nazismo em filmes como Berlin Alexanderpltaz (feito para televisão e com mais de quinze horas de duração) a Lili Marlene, passando pela trilogia BRD ( iniciais da República Federal Alemã) sobre a reconstrução da Alemanha nas décadas de 40 e 50, O casamento de Maria Braun, Lola e As Saudades de Veronika Foss e terminando com o desconcertante A Terceira Geração que abordava o universo da guerrilha alemã de extrema esquerda, muito activa nas décadas de 60 e 70. Curiosamente, aquela que viria a ser a sua obra de despedida, Querelle, com a presença de Brad Davis, Franco Nero e Jeanne Moreau, adaptando a obra homónima de Jean Genet, parecia ser um regresso ao seu universo mais intimista e pessoal.
O ciclo sobre Rainer Werner Fassbinder abrange a totalidade da sua obra, incluindo curtas metragens e filmes feitos para televisão. Muitas delas são relativamente menores, embora Fassbinder nunca tivesse assinado maus filmes. Será uma oportunidade única de aprofundar, ou mesmo de travar conhecimento com um dos maiores realizadores da história do cinema. E também a possibilidade de vermos o desempenho de um notável leque de actores, com destaque para Hanna Schygulla, tão deslumbrante quanto competente, e que foi presença assídua em grande parte da sua obra."
Os meus agradecimentos aos Jorge Saraiva, pela fantástica introdução ao ciclo Fassbinder. Será um ciclo integral, que contará também com alguns documentários, um livro, e a colaboração de vários leitores. Irá decorrer a partir de agora, e durante todo o mês de Dezembro.
Vamos abrir as hostilidades com um livro, e, amanhã, um documentário, que servirão de guia para o resto do ciclo. A maioria dos filmes terão legendas em Português, mas em alguns casos apenas foi possível em inglês. Espero que seja um ciclo do vosso agrado.
A Companion to Rainer Werner Fassbinder
A sua obra decorreu como a sua vida: intensa, controversa e fulgurante. Viveu apenas durante trinta e sete anos, fez cinema durante quinze e deixou-nos uma obra imensa de mais de quarenta filmes, numa actividade frenética e sem paralelo em toda a história da sétima arte. Se se acrescentar que para além dos filmes que realizou, trabalhou igualmente como actor em muitos dos seus filmes e de outros realizadores, foi argumentista de quase todos os seus filmes, foi produtor, escreveu e encenou peças de teatro presencial e radiofónico, compôs bandas sonoras foi editor, produtor, designer e operador de câmara, ficamos com uma ideia dos seus talentos multifacetados.
Não há um estilo definido na obra de Rainer Werner Fassbinder. Filmou freneticamente, várias obras no mesmo ano, sem um estilo definido e variando de tema com frequência. No entanto, para quem fazia um filme em cada cem dias, as suas obras demonstram um surpreendente grau de depuração estética e de aperfeiçoamento técnico para além de um notável trabalho de direcção de actores e de argumentos muito bem estruturados. Isto significa que falar do cinema de Fassbinder é quase como se estivéssemos a evocar um milagre criativo: trabalhando a um ritmo alucinante, era capaz de fazer em poucos meses o que noutros cineastas durava anos. Quando começava a filmar, Fassbinder já tinha tudo meticulosamente preparado, pelo que não havia espaço para indecisões nem para tempos mortos.
Embora a sua obra seja muito diversificada quer em termos temáticos, quer estéticos, é possível, definir de uma forma imperfeita, duas fases na sua carreira, com o seu maior sucesso comercial, O Casamento de Maria Braun (1979) a servir de fronteira. Numa primeira fase, predominam os filmes de baixo orçamento, muito ligados às premissas do novo cinema alemão, aquilo que se poderia chamar um cinema intimista, e muitas vezes de cariz experimental. Nesse grupo de filmes gostaria de destacar, As Lágrimas Amargas De Petra Von Kant (filmado como se de uma peça de teatro se tratasse), Cuidado Com Essa Puta Sagrada, O Medo Come a Alma, O Amor É mais Frio Do Que a Morte e a obra-prima absoluta, O Direito Do Mais Forte À Liberdade. A segunda parte revela, embora não em todos os filmes, um maior compromisso com o cinema comercial e aborda de forma descomplexada e aberta a história do século XX da Alemanha. Da ascensão e apogeu do nazismo em filmes como Berlin Alexanderpltaz (feito para televisão e com mais de quinze horas de duração) a Lili Marlene, passando pela trilogia BRD ( iniciais da República Federal Alemã) sobre a reconstrução da Alemanha nas décadas de 40 e 50, O casamento de Maria Braun, Lola e As Saudades de Veronika Foss e terminando com o desconcertante A Terceira Geração que abordava o universo da guerrilha alemã de extrema esquerda, muito activa nas décadas de 60 e 70. Curiosamente, aquela que viria a ser a sua obra de despedida, Querelle, com a presença de Brad Davis, Franco Nero e Jeanne Moreau, adaptando a obra homónima de Jean Genet, parecia ser um regresso ao seu universo mais intimista e pessoal.
O ciclo sobre Rainer Werner Fassbinder abrange a totalidade da sua obra, incluindo curtas metragens e filmes feitos para televisão. Muitas delas são relativamente menores, embora Fassbinder nunca tivesse assinado maus filmes. Será uma oportunidade única de aprofundar, ou mesmo de travar conhecimento com um dos maiores realizadores da história do cinema. E também a possibilidade de vermos o desempenho de um notável leque de actores, com destaque para Hanna Schygulla, tão deslumbrante quanto competente, e que foi presença assídua em grande parte da sua obra."
Os meus agradecimentos aos Jorge Saraiva, pela fantástica introdução ao ciclo Fassbinder. Será um ciclo integral, que contará também com alguns documentários, um livro, e a colaboração de vários leitores. Irá decorrer a partir de agora, e durante todo o mês de Dezembro.
Vamos abrir as hostilidades com um livro, e, amanhã, um documentário, que servirão de guia para o resto do ciclo. A maioria dos filmes terão legendas em Português, mas em alguns casos apenas foi possível em inglês. Espero que seja um ciclo do vosso agrado.
A Companion to Rainer Werner Fassbinder
sábado, 28 de novembro de 2015
quinta-feira, 26 de novembro de 2015
Nathalie Granger (Nathalie Granger) 1972
Uma casa em Yveslines, nos arredores de Paris é o lar de duas mulheres(Lucia Bosé e Jeanne Moreau), de temperamento muito diferente. Uma das mulheres ocupa o tempo como dona de casa, e jardinagem, a outra preocupa-se frequentemente com o futuro da filha, Nathalie. Será que o futuro de Nathalie vai passar pelo internato, seguindo ela as aulas de música? O único som que quebra o silêncio é o do rádio, até que um vendedor (Gérard Depardieu) aparece à porta...
Marguerite Duras ("Cesarée"/"India Song"/"Woman of the Ganges") em 1959 escreveu o argumento para "Hiroshima, Mom Amour". Aqui ela escreve e dirige este retrato minimalista da vida de duas mulheres, feito quase sem diálogos, longas pausas de silêncio, e sem enredo discernível. Era o chamado anti-drama, percursor tanto de Chantal Akerman como Claire Denis, com Duras, para sentir uma sensação de conforto, a filmar na sua própria casa nos arredores de Paris.
As necessidades emocionais de Nathalie são atendidas através de reacções calmas e racionais das duas mulheres altamente inteligentes, e através do canal sublime da música, e poderia haver uma escolha melhor do que Johan Sebastian Bach para fazer a alma de uma criança mais sublime, mais pura e mais nobre?
Grandes interpretações de Bosé, Moreau e Depardieu, e também da jovem Valerie Mascolo no papel de Nathalie, naquele que foi o seu único filme até hoje.
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Marguerite Duras ("Cesarée"/"India Song"/"Woman of the Ganges") em 1959 escreveu o argumento para "Hiroshima, Mom Amour". Aqui ela escreve e dirige este retrato minimalista da vida de duas mulheres, feito quase sem diálogos, longas pausas de silêncio, e sem enredo discernível. Era o chamado anti-drama, percursor tanto de Chantal Akerman como Claire Denis, com Duras, para sentir uma sensação de conforto, a filmar na sua própria casa nos arredores de Paris.
As necessidades emocionais de Nathalie são atendidas através de reacções calmas e racionais das duas mulheres altamente inteligentes, e através do canal sublime da música, e poderia haver uma escolha melhor do que Johan Sebastian Bach para fazer a alma de uma criança mais sublime, mais pura e mais nobre?
Grandes interpretações de Bosé, Moreau e Depardieu, e também da jovem Valerie Mascolo no papel de Nathalie, naquele que foi o seu único filme até hoje.
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quarta-feira, 25 de novembro de 2015
Arcana (Arcana) 1972
Uma viúva siciliana ganha a vida como vidente, em Milão, mas ela não tem quaisquer poderes. Quem tem os poderes é o filho, e com a ajuda da mãe torna-se um feiticeiro forte. Mas ele falha ao tentar compreender a verdadeira força que tem, e liberta forças descontroladas que levam as pessoas ao seu redor a enlouquecer.
Terceira longa-metragem de Giulio Questi, que já tinha cruzado géneros com o surrealismo, em obras como "Se Sei Vivo Spara" (Western), "La Morte ha Fatto L'uovo" (Giallo), e agora, no campo do terror e do mistério. Durante a maior parte do tempo é um filme muito poderoso e perturbador, com a nossa querida Lucia Bosé no papel da falsa vidente, e Tina Aumont como uma das suas clientes, mas depois o filme acaba por mergulhar numa enorme confusão de experimentalismos.
Por causa disso acabou por ser um fracasso comercial, e comprometer a promissora carreira do realizador, dos poucos que conseguiu equilibrar as narrativas do cinema de género, com o cinema inovador da década de sessenta. Foi a última longa metragem para cinema, de Questi, que a partir daqui só trabalhou para televisão.
Palavras do próprio realizador, no início do filme: "This film is not a story. It’s a card game. This is why the beginning is not credible nor is the ending. You are the players. Play well and win.”
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Terceira longa-metragem de Giulio Questi, que já tinha cruzado géneros com o surrealismo, em obras como "Se Sei Vivo Spara" (Western), "La Morte ha Fatto L'uovo" (Giallo), e agora, no campo do terror e do mistério. Durante a maior parte do tempo é um filme muito poderoso e perturbador, com a nossa querida Lucia Bosé no papel da falsa vidente, e Tina Aumont como uma das suas clientes, mas depois o filme acaba por mergulhar numa enorme confusão de experimentalismos.
Por causa disso acabou por ser um fracasso comercial, e comprometer a promissora carreira do realizador, dos poucos que conseguiu equilibrar as narrativas do cinema de género, com o cinema inovador da década de sessenta. Foi a última longa metragem para cinema, de Questi, que a partir daqui só trabalhou para televisão.
Palavras do próprio realizador, no início do filme: "This film is not a story. It’s a card game. This is why the beginning is not credible nor is the ending. You are the players. Play well and win.”
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segunda-feira, 23 de novembro de 2015
Sob o Signo do Escorpião (Sotto il Segno Dello Scorpione) 1969
Numa época pré-histórica, um grupo de homens chamados “escorpiões” são forçados a deixar sua terra natal, destruída por uma erupção vulcânica. Ao chegar a uma ilha, encontram uma pacífica comunidade de lavradores. Logo descobrem, no entanto, que todos ali vivem sob a ameaça de um vulcão ainda mais potente. Em vez de aceitarem a oferta de uma nova embarcação para seguir viagem, os recém-chegados tentam convencer os moradores da ilha a abandonar aquele local perigoso. Os habitantes jovens concordam em partir, mas os mais velhos desejam permanecer.
No seu quarto filme, os irmãos Taviani recorrem à alegoria, numa reflexão metafórica para representar um conflito entre reformistas e revolucionários, e entre duas gerações. Posicionado entre Brecht e Godard (com ecos óbvios de Pasolini), proporcionando momentos evocativos, o filme resulta bem sobre o ponto de vista estilístico, pouco incisivo sobre a narrativa, e abstracto em relação à ideologia.
Lucia Bosé protagoniza ao lado do grande actor do cinema de género Gian Maria Volonté, nesta altura mais virado para o "western spaghetti".
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domingo, 22 de novembro de 2015
Nocturno 29 (Nocturno 29) 1968
O filme começa onde "No contéis con los dedos", a curta anterior de Pere Portabella nos deixou. De frente para uma tela em branco. Aprofunda-se na futura estrutura dos filmes do realizador, que não avança através de uma estrutura linear, mas por uma sucessão de quadros panorâmicos e semi-autónomos, quase sempre inesperados. Uma série de situações, embora aparentemente não relacionadas, giram em torno de um desenvolvimento temático que dá corpo e unidade à história. Evocações a Antonioni, Buñuel ou Bergman podem ser encontrados no filme, cruelmente anti-burguesia.
Primeira longa-metragem de Portabella, co-escrita pelo poeta Joan Brossa, tornou-se numa das mais influentes obras da chamada "Escola de Barcelona", uma vaga de cinema vanguardista que teve lugar naquela cidade, e tal como os restantes filmes deste movimento, circulou apenas num circuito underground. Evitando ao máximo o diálogo, o realizador constrói uma não narrativa, em fragmentos que revelam a vida quotidiana de um casal adúltero, intercalado com um fluxo enigmático de imagens independentes.
O título do filme, "Nocturno 29", refere-se aos 29 anos negros da ditadura de Franco, 29 anos negros durava a ditadura até esta data.
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Primeira longa-metragem de Portabella, co-escrita pelo poeta Joan Brossa, tornou-se numa das mais influentes obras da chamada "Escola de Barcelona", uma vaga de cinema vanguardista que teve lugar naquela cidade, e tal como os restantes filmes deste movimento, circulou apenas num circuito underground. Evitando ao máximo o diálogo, o realizador constrói uma não narrativa, em fragmentos que revelam a vida quotidiana de um casal adúltero, intercalado com um fluxo enigmático de imagens independentes.
O título do filme, "Nocturno 29", refere-se aos 29 anos negros da ditadura de Franco, 29 anos negros durava a ditadura até esta data.
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sábado, 21 de novembro de 2015
Assim Nasce a Aurora (Cela s'appelle l'aurore) 1956
Numa pequena povoação de uma ilha do sul de França, Dr. Valerio (Georges Marchal) é um médico que consulta a população pobre do local, composta por pescadores e operários. A sua esposa, Angela, está insatisfeita e tenta convencê-lo a mudar-se para Nice, cidade onde vive o pai dela. Depois de uma indisposição, ela parte em viagem até aquela cidade francesa enquanto o doutor continua atarefado cuidando dos seus doentes. O doutor Valério conhece Clara (Lucia Bosé), uma jovem viúva recém-chegada de Génova, e inicia com ela um caso extraconjugal, ao mesmo tempo que tenta ajudar Sandro,o caseiro de uma quinta daquela localidade.
Foi graças ao sucesso de filmes como "Los Olvidados"(1950) e "El" (1953), feitos por Buñuel durante o exílio no México, que o realizador conseguiu elevar o seu "star profile", dando-lhe oportunidade para realizar filmes com orçamentos maiores, e co-produções para o mercado internacional, começando com "Robinson Crusué" (1954), o seu primeiro filme a cores. "Cela s'appelle l'aurore" veio pouco depois, uma co-produção franco-italiana filmada na ilha da Corsica, e o primeiro filme francês do realizador, desde "L'Age d'Or"(1930).
Luis Buñuel não era apenas um grande realizador, também era um grande humanista, e isso não poderia estar melhor demonstrado do que em "Cela s'appelle l'aurore", um melodrama de consciência social. Menos estridente e muito menos provocativo do que outros dramas sociais anteriores do realizador, como "Los Olvidados", uma crítica mordaz da pobreza no México, este "Cela s'appelle l'aurore" é atravessado pelo mesmo sentimento anti-burguesia que os seus filmes posteriores, mas tudo isto é desenvolvido com um elevado grau de compaixão e envolvimento emocional. Mesmo aqueles mais familiarizados com o estilo do realizador vão ficar surpreendidos com o humanismo demonstrado neste pequeno e pouco apreciado filme, que o próprio Buñuel considera um dos seus preferidos.
Este é dos filmes mais acessíveis do realizador, talvez por isso mesmo, dos mais desconhecidos.
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Foi graças ao sucesso de filmes como "Los Olvidados"(1950) e "El" (1953), feitos por Buñuel durante o exílio no México, que o realizador conseguiu elevar o seu "star profile", dando-lhe oportunidade para realizar filmes com orçamentos maiores, e co-produções para o mercado internacional, começando com "Robinson Crusué" (1954), o seu primeiro filme a cores. "Cela s'appelle l'aurore" veio pouco depois, uma co-produção franco-italiana filmada na ilha da Corsica, e o primeiro filme francês do realizador, desde "L'Age d'Or"(1930).
Luis Buñuel não era apenas um grande realizador, também era um grande humanista, e isso não poderia estar melhor demonstrado do que em "Cela s'appelle l'aurore", um melodrama de consciência social. Menos estridente e muito menos provocativo do que outros dramas sociais anteriores do realizador, como "Los Olvidados", uma crítica mordaz da pobreza no México, este "Cela s'appelle l'aurore" é atravessado pelo mesmo sentimento anti-burguesia que os seus filmes posteriores, mas tudo isto é desenvolvido com um elevado grau de compaixão e envolvimento emocional. Mesmo aqueles mais familiarizados com o estilo do realizador vão ficar surpreendidos com o humanismo demonstrado neste pequeno e pouco apreciado filme, que o próprio Buñuel considera um dos seus preferidos.
Este é dos filmes mais acessíveis do realizador, talvez por isso mesmo, dos mais desconhecidos.
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quinta-feira, 19 de novembro de 2015
Morte de um Ciclista (Muerte de un Ciclista) 1955
Como as obras do início da Nouvelle Vague ou os filmes mudos de Eisenstein, "Morte de um Ciclista" (Muerte de un ciclista) de Juan Antonio Bardem é um filme forjado a partir da convicção teórica e ideológica. Produzido em Espanha debaixo do regime de Franco, onde o cinema se tornou, nas palavras do próprio Bardem, "politicamente ineficaz, socialmente falso, intelectualmente inútil, esteticamente inexistente, e industrialmente partido," "Morte de um Ciclista" foi uma tentativa consciente de infundir o cinema espanhol com nova vida, para mostrar que o cinema podia, ao mesmo tempo, ser nacional e universal.
A inspiração imediata do filme veio do neo-realismo italiano, que cineastas espanhóis como Bardem viam como uma abordagem estética significativa para lidar com o tempo presente e passado. Bardem tentou mesmo trazer o imediatismo, o humanismo e profundidade emocional para o filme que tinha visto em "Ladrões de Bicicletas", de Vittorio De Sica (1948) ou Umberto D. (1952). Ao mesmo tempo, Bardem foi influenciado pelo cinema de Hollywood, particularmente pelo melodrama e suspense, que fundiu com a estética neo-realista neste filme, para produzir uma obra verdadeiramente original que funciona tanto como entretenimento tenso como uma crítica às divisões de classe na sociedade espanhola. O filme começa numa estrada solitária, onde vemos o ciclista do título a subir uma colina. Este homem anónimo (nunca lhe vemos o rosto) é abalrroado por um carro que está a ser dirigido por María José de Castro (Lucia Bosé) e Juan Fernandez Soler (Alberto Closas). Juan é um professor universitário de baixo nível, e Maria é a mulher de um rico empresário (Otello Toso). Porque eles estão no caminho de volta de um encontro sexual, estão relutantes em ajudar o moribundo, com medo do seu relacionamento ser descoberto. Então, deixam-no abandonado na estrada e voltam para as suas vidas, mas este evento irá assombra-los, especialmente quando um jornalista das colunas sociais chamado Rafa (Carlos Casaravilla) insinua que sabe qualquer coisa. Ele não diz exactamente o que, nem porque, porque deixá-los a adivinhar faz parte da sua tática de poder, que só inflama o medo dos protagonistas de perder tudo.
A nível narrativo, "Morte de um Ciclista" está estruturado de uma forma descendente, em que vemos estes dois membros da classe superior lentamente a descerem aos infernos, com sentimentos como a culpa e o medo a começarem a consumi-los. Há aqui um certo tipo de suspense hitchcockiano, onde estamos constantemente no limite, esperando alguma grande revelação, que desafia os nossos preconceitos morais porque essencialmente nos encontra à espera que o casal adúltero seja acusado de fuga, e de homicídio. Nem Maria nem Juan estão de alguma forma inocentes, embora o atropelamento do ciclista foi, certamente, um acidente não intencional, mas a sua decisão de deixar o pobre homem a morrer na beira da estrada, a fim de protegerem-se é um pecado de proporções assustadoras , um acto verdadeiramente desumano que tentam justificar, mas nunca pode realmente resolver. A veia mais humanista no filme está centrada grande parte em Juan, que se sente pior com a situação, embora ele indiscutívelmente tenha menos a perder. Bardem usa a culpa como uma forma de explorar a classe dividida em Espanha.
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A inspiração imediata do filme veio do neo-realismo italiano, que cineastas espanhóis como Bardem viam como uma abordagem estética significativa para lidar com o tempo presente e passado. Bardem tentou mesmo trazer o imediatismo, o humanismo e profundidade emocional para o filme que tinha visto em "Ladrões de Bicicletas", de Vittorio De Sica (1948) ou Umberto D. (1952). Ao mesmo tempo, Bardem foi influenciado pelo cinema de Hollywood, particularmente pelo melodrama e suspense, que fundiu com a estética neo-realista neste filme, para produzir uma obra verdadeiramente original que funciona tanto como entretenimento tenso como uma crítica às divisões de classe na sociedade espanhola. O filme começa numa estrada solitária, onde vemos o ciclista do título a subir uma colina. Este homem anónimo (nunca lhe vemos o rosto) é abalrroado por um carro que está a ser dirigido por María José de Castro (Lucia Bosé) e Juan Fernandez Soler (Alberto Closas). Juan é um professor universitário de baixo nível, e Maria é a mulher de um rico empresário (Otello Toso). Porque eles estão no caminho de volta de um encontro sexual, estão relutantes em ajudar o moribundo, com medo do seu relacionamento ser descoberto. Então, deixam-no abandonado na estrada e voltam para as suas vidas, mas este evento irá assombra-los, especialmente quando um jornalista das colunas sociais chamado Rafa (Carlos Casaravilla) insinua que sabe qualquer coisa. Ele não diz exactamente o que, nem porque, porque deixá-los a adivinhar faz parte da sua tática de poder, que só inflama o medo dos protagonistas de perder tudo.
A nível narrativo, "Morte de um Ciclista" está estruturado de uma forma descendente, em que vemos estes dois membros da classe superior lentamente a descerem aos infernos, com sentimentos como a culpa e o medo a começarem a consumi-los. Há aqui um certo tipo de suspense hitchcockiano, onde estamos constantemente no limite, esperando alguma grande revelação, que desafia os nossos preconceitos morais porque essencialmente nos encontra à espera que o casal adúltero seja acusado de fuga, e de homicídio. Nem Maria nem Juan estão de alguma forma inocentes, embora o atropelamento do ciclista foi, certamente, um acidente não intencional, mas a sua decisão de deixar o pobre homem a morrer na beira da estrada, a fim de protegerem-se é um pecado de proporções assustadoras , um acto verdadeiramente desumano que tentam justificar, mas nunca pode realmente resolver. A veia mais humanista no filme está centrada grande parte em Juan, que se sente pior com a situação, embora ele indiscutívelmente tenha menos a perder. Bardem usa a culpa como uma forma de explorar a classe dividida em Espanha.
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quarta-feira, 18 de novembro de 2015
Os Evadidos (Gli Sbandati) 1955
Durante a Segunda Guerra, uma família nobre refugia-se dos bombardeios numa pequena cidade italiana. Andrea (Jean-Pierre Mocky), o
filho mais velho de uma condessa, apaixona-se por Lucia (Lucia Bosé), uma operária. O
amor faz com que ele ganhe consciência das agruras da guerra e a tente
proteger, mas quando o perigo se aproxima, os seus caminhos são
cruelmente divididos.
Francesco Maselli, um nome muito pouco conhecido do cinema italiano, mas com uma filmografia extensa, estreia-se na longa-metragem de ficção, depois de vários anos a fazer documentários. Maselli já tinha um passado ligado a Antonioni e à protagonista Lucia Bosé. Tinha sido um dos argumentistas de dois filmes anteriores de Antonioni que vimos neste ciclo, além de realizador assistente. E com apenas 25 anos conseguiu levar este seu primeiro filme a Veneza, tendo ganho o prémio de "Most Promising New Director".
"Gli Sbandati" foi lançando internacionalmente como "The Disbanded". Passado durante a Segunda Guerra Mundial, é um drama sobre a resistência italiana, com todos os personagens "clichés" a serem bem trabalhados. Lucia Bosé, ainda muito jovem, mas já com alguma experiência no mundo do cinema, recebeu excelentes críticas pelas sua interpretação. A maior parte do filme relaciona-se com o choque cultural entre os combatentes da resistência e os seus hóspedes rurais.
O elenco de secundários contava com dois actores que se destacariam no cinema de género, sobretudo a partir da década de sessenta: Marco Girotti (futuramente conhecido como Terence Hill), e Antonio De Teffè (viria a ser conhecido como Anthony Steffen).
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Francesco Maselli, um nome muito pouco conhecido do cinema italiano, mas com uma filmografia extensa, estreia-se na longa-metragem de ficção, depois de vários anos a fazer documentários. Maselli já tinha um passado ligado a Antonioni e à protagonista Lucia Bosé. Tinha sido um dos argumentistas de dois filmes anteriores de Antonioni que vimos neste ciclo, além de realizador assistente. E com apenas 25 anos conseguiu levar este seu primeiro filme a Veneza, tendo ganho o prémio de "Most Promising New Director".
"Gli Sbandati" foi lançando internacionalmente como "The Disbanded". Passado durante a Segunda Guerra Mundial, é um drama sobre a resistência italiana, com todos os personagens "clichés" a serem bem trabalhados. Lucia Bosé, ainda muito jovem, mas já com alguma experiência no mundo do cinema, recebeu excelentes críticas pelas sua interpretação. A maior parte do filme relaciona-se com o choque cultural entre os combatentes da resistência e os seus hóspedes rurais.
O elenco de secundários contava com dois actores que se destacariam no cinema de género, sobretudo a partir da década de sessenta: Marco Girotti (futuramente conhecido como Terence Hill), e Antonio De Teffè (viria a ser conhecido como Anthony Steffen).
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terça-feira, 17 de novembro de 2015
A Dama Sem Camélias (La Signora Senza Camelie) 1953
Clara Manni, vendedora de tecidos, é descoberta por Gianni, produtor de cinema, e parte para Roma para se tornar actriz. Gianni apaixona-se por ela e com a cumplicidade dos pais de Clara, casam-se. O filme que fazem vai ser um sucesso, mas Gianni, por ciúmes, proíbe-a de fazer mais cinema e quer fazer dela uma senhora. Mas Clara tem outras ideias...
Enquanto esta era a terceira longa metragem de Michelangelo Antonioni, marcava a segunda colaboração entre o realizador e Lucia Bosé, que já tinha protagonizado o primeiro filme do realizador. O filme anterior do realizador, "I Vinti", tinha marcado a estreia do realizador no festival de Veneza, e este filme, realizado pouco depois, tinha cenas gravadas no festival, que lhe dava um ar documental, a servir como pano de fundo. Conta-nos a história de uma estrela fictícia, traçando a sua ascensão meteórica, e a sua queda, e faz uma declaração muito realista sobre a indústria italiana da época, que produzia mais de 300 filmes anuais.
Mais uma vez, a mulher tem o papel mais forte, com os personagens masculinos a serem mais básicos, faltando-lhes algumas das qualidades que fazem de um personagem líder. Vemos como Gianni se torna um monstro, possessivo da sua mulher como um troféu. A sua idéia do casamento é de tê-la como dona de casa, dando-lhe o suficiente para ter uma vida confortável, o que para Clara é o mesmo que a prisão.
Não é dos filmes mais conhecidos de Antonioni, mas é uma das obras mais interessantes do mundo do cinema, visto ao espelho, pelo próprio cinema.
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Enquanto esta era a terceira longa metragem de Michelangelo Antonioni, marcava a segunda colaboração entre o realizador e Lucia Bosé, que já tinha protagonizado o primeiro filme do realizador. O filme anterior do realizador, "I Vinti", tinha marcado a estreia do realizador no festival de Veneza, e este filme, realizado pouco depois, tinha cenas gravadas no festival, que lhe dava um ar documental, a servir como pano de fundo. Conta-nos a história de uma estrela fictícia, traçando a sua ascensão meteórica, e a sua queda, e faz uma declaração muito realista sobre a indústria italiana da época, que produzia mais de 300 filmes anuais.
Mais uma vez, a mulher tem o papel mais forte, com os personagens masculinos a serem mais básicos, faltando-lhes algumas das qualidades que fazem de um personagem líder. Vemos como Gianni se torna um monstro, possessivo da sua mulher como um troféu. A sua idéia do casamento é de tê-la como dona de casa, dando-lhe o suficiente para ter uma vida confortável, o que para Clara é o mesmo que a prisão.
Não é dos filmes mais conhecidos de Antonioni, mas é uma das obras mais interessantes do mundo do cinema, visto ao espelho, pelo próprio cinema.
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segunda-feira, 16 de novembro de 2015
Escândalo de Amor (Cronaca di un Amore) 1950
Paola Fontana (lucia Bosé) é incrivelmente bonita, e casada com um homem muito mais velho e extremamente rico. Antes do casamento, alguns anos antes, ela teve um caso com Guido (Massimo Girotti) que estava envolvido com outra mulher na altura. Os dois deixaram-na caír para um poço de um elevador, e podiam-na ter salvo. Esta morte vai influenciar para sempre a relação dos dois, que se separaram, embora ainda se amem. E um estranho começa a investigar a história.
Em 1950, Michelangelo Antonoini tinha feito uma série de curtas documentários, e a sua longa-metragem de estreia mostrava o seu futuro estilo quase totalmente formado. De certa forma, antecipava a obra-prima "L'Avventura" (1960), mas também devia muito aos filmes de crime, e noirs, como "Ossessione" (1943), de Luchino Visconti.
Tal como em "L'Avventura", a suposta busca não importa tanto como o sentimento de isolamento, e desconexão com a realidade. Antonioni já tinha aprendido a colocar as suas figuras solitárias em paisagens desoladas, vazias e industriais, separá-las e fazê-las sentir sem vida. Mas "Cronaca di un Amore", foi feito antes do realizador se tornar conhecido nos anos sessenta, mas o filme já tem os seus momentos de paixão e suspense.
É um filme admirável pela sua brilhante mise-en-scène, pela sua câmara móvel inovadora que rodopia em torno dos personagens inquietos, com grandes desempenhos conseguidos por todo o seu elenco, apesar das grandes diferenças de experiência e para a abordagem "maverick" do realizador em se distanciar da estética pós-guerra dos filmes italianos da altura. Lucia Bosé tinha apenas 19 anos, e estreava-se no mundo do cinema nesse ano. Girotto já tinha uma carreira considerável, incluindo a protagonização de "Ossessione". Estão os dois brilhantes.
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Em 1950, Michelangelo Antonoini tinha feito uma série de curtas documentários, e a sua longa-metragem de estreia mostrava o seu futuro estilo quase totalmente formado. De certa forma, antecipava a obra-prima "L'Avventura" (1960), mas também devia muito aos filmes de crime, e noirs, como "Ossessione" (1943), de Luchino Visconti.
Tal como em "L'Avventura", a suposta busca não importa tanto como o sentimento de isolamento, e desconexão com a realidade. Antonioni já tinha aprendido a colocar as suas figuras solitárias em paisagens desoladas, vazias e industriais, separá-las e fazê-las sentir sem vida. Mas "Cronaca di un Amore", foi feito antes do realizador se tornar conhecido nos anos sessenta, mas o filme já tem os seus momentos de paixão e suspense.
É um filme admirável pela sua brilhante mise-en-scène, pela sua câmara móvel inovadora que rodopia em torno dos personagens inquietos, com grandes desempenhos conseguidos por todo o seu elenco, apesar das grandes diferenças de experiência e para a abordagem "maverick" do realizador em se distanciar da estética pós-guerra dos filmes italianos da altura. Lucia Bosé tinha apenas 19 anos, e estreava-se no mundo do cinema nesse ano. Girotto já tinha uma carreira considerável, incluindo a protagonização de "Ossessione". Estão os dois brilhantes.
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domingo, 15 de novembro de 2015
Lucia Bosé
Em 1947, com apenas 16 anos, é consagrada como Miss Itália, e começou a interpretar depois de se tornar namorada de Eduardo Visconti, irmão de Luchino Visconti, que a levou para o cinema. Apresentada aos principais realizadores neo-realistas do seu país, estreava-se pelas mãos de Michelangelo Antonioni, em "Cronaca di un Amore", que por sinal também era a primeira longa metragem de ficção do realizador, tornando-se depois uma das actrizes preferidas de realizadores como Giuseppe Santis ou Luis Bunuel.
Em 1956 ela faz uma pausa do cinema, depois de se casar com o lendário toureiro espanhol Luis Miguel Dominguin, que tinha terminado uma relação com Ava Gardner, apresentado-a a personalidades como Pablo Picasso ou Ernest Hemingway. Entre os dois aconteceu uma paixão bastante caótica. Ela falava italiano, ele falava espanhol, não se entendiam, provocando bastantes brigas.
Apesar da infidelidade do seu marido, Lucia consegue cuidar dos seus filhos, e regressa ao cinema para pequenas participações em filmes como "Satyricon", de Fellini. Ao mesmo tempo relançava a sua carreira, participando, sobretudo, em obras mais obscuras, numa carreira que aos solavancos, foi mantendo até aos dias de hoje.
Para mim, ela ficou eternamente conhecida como a actriz de "Morte de un Ciclista", um dos meus filmes preferidos. Nas próximas duas semanas vamos fazer uma breve passagem pela sua carreira, e conhecer alguns dos seus filmes mais importantes:
- "Cronaca Di un Amore" (1950), de Michelangelo Antonioni
- "La Signora Senza Camelie" (1953), de Michelangelo Antonioni
- "Gli Sbandati" (1955), de Francesco Maselli
- "Muerte de un Ciclista" (1955), de Juan António Bardem
- "Cela S'appelle L'aurore" (1956), de Luis Buñuel
- "Nocturno 19" (1968), de Pere Portabella
- "Sotto il Segno Dello Scorpione" (1969), de Paolo e Vittorio Taviani
- "Arcana" (1972), de Giulio Questi
- "Nathalie Granger" (1972), de Marguerite Duras
- "Cronaca di una Morte Annunciata"(1987), de Francesco Rossi
Em 1956 ela faz uma pausa do cinema, depois de se casar com o lendário toureiro espanhol Luis Miguel Dominguin, que tinha terminado uma relação com Ava Gardner, apresentado-a a personalidades como Pablo Picasso ou Ernest Hemingway. Entre os dois aconteceu uma paixão bastante caótica. Ela falava italiano, ele falava espanhol, não se entendiam, provocando bastantes brigas.
Apesar da infidelidade do seu marido, Lucia consegue cuidar dos seus filhos, e regressa ao cinema para pequenas participações em filmes como "Satyricon", de Fellini. Ao mesmo tempo relançava a sua carreira, participando, sobretudo, em obras mais obscuras, numa carreira que aos solavancos, foi mantendo até aos dias de hoje.
Para mim, ela ficou eternamente conhecida como a actriz de "Morte de un Ciclista", um dos meus filmes preferidos. Nas próximas duas semanas vamos fazer uma breve passagem pela sua carreira, e conhecer alguns dos seus filmes mais importantes:
- "Cronaca Di un Amore" (1950), de Michelangelo Antonioni
- "La Signora Senza Camelie" (1953), de Michelangelo Antonioni
- "Gli Sbandati" (1955), de Francesco Maselli
- "Muerte de un Ciclista" (1955), de Juan António Bardem
- "Cela S'appelle L'aurore" (1956), de Luis Buñuel
- "Nocturno 19" (1968), de Pere Portabella
- "Sotto il Segno Dello Scorpione" (1969), de Paolo e Vittorio Taviani
- "Arcana" (1972), de Giulio Questi
- "Nathalie Granger" (1972), de Marguerite Duras
- "Cronaca di una Morte Annunciata"(1987), de Francesco Rossi
O Telefone Fatal (I Saw What You Did) 1965
Duas adolescentes pregam partidas por telefone, ao telefonarem para estranhos e susurrarem "eu sei o que fizeste, e sei quem és". Um dia ligam para a pessoa errada, e na hora errada, pois o psicopata Steve Marek (John Ireland) acaba de assassinar a sua esposa. Mas, mais alguém sabe do terrível crime que foi cometido naquela noite, a vizinha do assassino Amy Nelson (Joan Crawford).
Depois do seu tardio regresso no filme de Robert Aldrich "What Ever Happened to Baby Jane?" (1962), Joan Crawford era uma estrela de novo. Já na casa dos sessenta anos, nunca mais iria recuperar a sua reputação de outrora, mas ela gostava do reconhecimento que estava a ter de um certo número de cinéfilos, e o nome que a mantinha como uma estrela de elevado potência. Depois do seu papel de Baby Jane, entrou na fase do terror da sua carreira, fase essa que soube ser muito bem explorada por William Castle, fase essa que durou dois filmes.
O sucesso de bilheteira de "Strait-Jacket" voltou a reunir Castle com Crawford, apenas um ano depois. Baseado numa história de mistério da escritora Ursula Curtiss chamada "Out of the Dark", o filme era uma incursão na sub-categoria do cinema de terror chamada "teen horror". No entanto, a contagem de corpos aqui é bastante menor do que o habitual, sendo também visíveis influências para futuros clássicos como "Black Christmas" (1974), de Bob Clark, ou "Halloween" (1978), de John Carpenter, então, claramente, o "Scream" (1986), de Wes Craven. Adolescentes em perigo ainda era um tema tabu quando decorria a década de sessenta, por isso Castle jogou pelo seguro, não adiantando o tema muito profundamente. No entanto, a sua descrição dos subúrbios típicos americanos, como um viveiro de inquietação sexual, voyeurismo, chantagens e homicídios, colocam o filme algures entre "Peyton Place" e "Twin Peaks".
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Depois do seu tardio regresso no filme de Robert Aldrich "What Ever Happened to Baby Jane?" (1962), Joan Crawford era uma estrela de novo. Já na casa dos sessenta anos, nunca mais iria recuperar a sua reputação de outrora, mas ela gostava do reconhecimento que estava a ter de um certo número de cinéfilos, e o nome que a mantinha como uma estrela de elevado potência. Depois do seu papel de Baby Jane, entrou na fase do terror da sua carreira, fase essa que soube ser muito bem explorada por William Castle, fase essa que durou dois filmes.
O sucesso de bilheteira de "Strait-Jacket" voltou a reunir Castle com Crawford, apenas um ano depois. Baseado numa história de mistério da escritora Ursula Curtiss chamada "Out of the Dark", o filme era uma incursão na sub-categoria do cinema de terror chamada "teen horror". No entanto, a contagem de corpos aqui é bastante menor do que o habitual, sendo também visíveis influências para futuros clássicos como "Black Christmas" (1974), de Bob Clark, ou "Halloween" (1978), de John Carpenter, então, claramente, o "Scream" (1986), de Wes Craven. Adolescentes em perigo ainda era um tema tabu quando decorria a década de sessenta, por isso Castle jogou pelo seguro, não adiantando o tema muito profundamente. No entanto, a sua descrição dos subúrbios típicos americanos, como um viveiro de inquietação sexual, voyeurismo, chantagens e homicídios, colocam o filme algures entre "Peyton Place" e "Twin Peaks".
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sábado, 14 de novembro de 2015
Passos na Noite (The Night Walker) 1964
Irene Trent (Barbara Stanwyck), é casada com um homem rico e cego, chamado Howard (Hayden Rork). Ao ter sonhos relacionados com um suposto "amante", Howard começa a desconfiar do advogado Barry Moreland (Robert Taylor), por este era o único que entra em sua casa; de onde Irene nunca saía. Howard acaba por morrer numa explosão no seu laboratório, e Irene decide mudar-se para outro lugar. Contudo, os pesadelos continuam e ela acaba por ficar sem saber o que é sonho e o que é realidade.
Com o revival das grandes estrelas de Hollywood em papéis, decididamente, não glamourosos, Castle realizava mais um filme sem os habituais truques que ele vinha a habituar a audiência. Em "Strait-Jacket" tinha sido Joan Crawford, agora era a vez de Barbara Stanwyck ser recuperada por Castle, naquele que seria para sempre o seu último papel no cinema, aos 57 anos, embora ela continuasse a trabalhar para a televisão até aos anos oitenta. Foi fácil de persuadir Barbara, mesmo tendo ela recusado recentemente o papel de Olivia de Haviland em "Hush, Hush Sweet Charlotte", que se tornou um êxito. Castle tinha o ex-marido de Stanwyck, Rober Taylor, para o papel principal, idéia que agradava à actriz.
"The Night Walker" tem uma atmosfera muito sinistra e horripilante, e está repleto dos gritos de gelar o sangue de Barbara Stanwyck. Tal como "Psycho", este filme também escrito por Robert Bloch, puxa para fora os seus fantasmas, e assusta o público em pontos ímpares, nunca se deixando caír no território do argumento previsível.
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Com o revival das grandes estrelas de Hollywood em papéis, decididamente, não glamourosos, Castle realizava mais um filme sem os habituais truques que ele vinha a habituar a audiência. Em "Strait-Jacket" tinha sido Joan Crawford, agora era a vez de Barbara Stanwyck ser recuperada por Castle, naquele que seria para sempre o seu último papel no cinema, aos 57 anos, embora ela continuasse a trabalhar para a televisão até aos anos oitenta. Foi fácil de persuadir Barbara, mesmo tendo ela recusado recentemente o papel de Olivia de Haviland em "Hush, Hush Sweet Charlotte", que se tornou um êxito. Castle tinha o ex-marido de Stanwyck, Rober Taylor, para o papel principal, idéia que agradava à actriz.
"The Night Walker" tem uma atmosfera muito sinistra e horripilante, e está repleto dos gritos de gelar o sangue de Barbara Stanwyck. Tal como "Psycho", este filme também escrito por Robert Bloch, puxa para fora os seus fantasmas, e assusta o público em pontos ímpares, nunca se deixando caír no território do argumento previsível.
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sexta-feira, 13 de novembro de 2015
Próximos tempos:
15 de Novembro - Lucia Bosé
29 de Novembro - Rainer Werner Fassbinder
3 de Janeiro - Solidão
17 de Janeiro - New Wave Russa
31 de Janeiro - William Dieterle
7 de Fevereiro - Raoul Walsh - Parte 3
29 de Novembro - Rainer Werner Fassbinder
3 de Janeiro - Solidão
17 de Janeiro - New Wave Russa
31 de Janeiro - William Dieterle
7 de Fevereiro - Raoul Walsh - Parte 3
quinta-feira, 12 de novembro de 2015
Volúpia do Crime (Strait-Jacket) 1964
Já faz vinte anos desde que Lucy Harbin (Joan Crawford) despedaçou o marido e a amante com um machado. Depois de passar duas décadas em prisão psiquiátrica os médicos declararam-na preparada para voltar ao mundo. Entretanto, o difícil reencontro com a filha - que presenciou os crimes - e algumas marcas do seu doloroso aprisionamento, geram suspeitas de que Lucy pode estar a preparar-se para voltar aos seus velhos costumes decapitadores.
William Castle faz a sua primeira incursão no que o dramaturgo Sky Gilbert chamou de "gothic horror aged star comeback flick", com este "shocker" de 1964. A produção do filme não começou lá muito bem, mas quando Castle conseguiu contratar Joan Crawford para o papel principal, ele aproveitou a hipótese de elevar a reputação dos seus pequenos filmes de terror de baixo orçamento. Mesmo sem conseguir o orçamento que desejava, conseguiu fazer um clássico do cinema "camp".
"Strait-Jacket" era ainda assim um filme de "exploitation". Depois de vários êxitos de bilheteira com filmes de baixo orçamento feitos pela Columbia Pictures, Castle juntava forças com Robert Bloch, o homem que tinha escrito "Psycho", o livro que Alfred Hitchcock tão bem adaptou para o cinema, e que inspirou inúmeros filmes de terror psicológico, que o imitavam. Castle achou que o argumento escrito por Bloch para este filme era tão forte, que nem usou nenhum dos seus "truques", promocionais habituais.
Embora o realizador tivesse pensado lançar o filme sem qualquer truque, não resistiu à idéia de dar aos patrões um machado de plástico com sangue falso. Mas o verdadeiro chamariz para a estreia era Joan Crawford, que concordou fazer aparições durante as exibições do filme.
"Strait-Jacket" foi um enorme sucesso, e acabou por ser uma benção para Joan Crawford, que tinha concordado participar no filme com um pequeno salário, e uma participação nos lucros. Enquanto muitos críticos consideraram que Crawford teve uma interpretação melhor do que o filme merecia, outros notaram que este melodrama pesado não conseguiu disfarçar que a estrela de 60 anos interpretava uma personagem de 29 no início do filme. Crawford continuou a fazer filmes deste género, colaborando com Castle em " I Saw What You Did" (1965), que veremos nos próximos dias.
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William Castle faz a sua primeira incursão no que o dramaturgo Sky Gilbert chamou de "gothic horror aged star comeback flick", com este "shocker" de 1964. A produção do filme não começou lá muito bem, mas quando Castle conseguiu contratar Joan Crawford para o papel principal, ele aproveitou a hipótese de elevar a reputação dos seus pequenos filmes de terror de baixo orçamento. Mesmo sem conseguir o orçamento que desejava, conseguiu fazer um clássico do cinema "camp".
"Strait-Jacket" era ainda assim um filme de "exploitation". Depois de vários êxitos de bilheteira com filmes de baixo orçamento feitos pela Columbia Pictures, Castle juntava forças com Robert Bloch, o homem que tinha escrito "Psycho", o livro que Alfred Hitchcock tão bem adaptou para o cinema, e que inspirou inúmeros filmes de terror psicológico, que o imitavam. Castle achou que o argumento escrito por Bloch para este filme era tão forte, que nem usou nenhum dos seus "truques", promocionais habituais.
Embora o realizador tivesse pensado lançar o filme sem qualquer truque, não resistiu à idéia de dar aos patrões um machado de plástico com sangue falso. Mas o verdadeiro chamariz para a estreia era Joan Crawford, que concordou fazer aparições durante as exibições do filme.
"Strait-Jacket" foi um enorme sucesso, e acabou por ser uma benção para Joan Crawford, que tinha concordado participar no filme com um pequeno salário, e uma participação nos lucros. Enquanto muitos críticos consideraram que Crawford teve uma interpretação melhor do que o filme merecia, outros notaram que este melodrama pesado não conseguiu disfarçar que a estrela de 60 anos interpretava uma personagem de 29 no início do filme. Crawford continuou a fazer filmes deste género, colaborando com Castle em " I Saw What You Did" (1965), que veremos nos próximos dias.
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terça-feira, 10 de novembro de 2015
O Sinistro Mr. Sardonicus (Mr. Sardonicus) 1961
Sir Robert Cargrave, um promissor médico londrino em 1880, especializado em problemas físicos, encomenda o que então seria uma grande novidade no mundo da ciência: a seringa hipodérmica, que o auxiliaria na cura da paralisia e de outras sequelas. Mas uma carta é enviada de um lugar isolado chamado Gorslava, pela sua ex-namorada, Maude, que implora para que ele vá até ao castelo do seu marido, o Barão Sardonicus, sem muitas explicações. O que ele faz logo de seguidam, e ao chegar ao castelo do misterioso anfitrião, é recebido pelo fiel e sinistro mordomo que o conduz ao castelo sombrio. É então que se irá deparar com o terrível Barão, que esconde o rosto com uma máscara, impõe o medo em todos os habitantes da aldeia, num ambiente de horror e crueldade extrema.
Em 1961, os leitores da Playboy que não gostavam só das fotografias, podiam perder algum tempo com uma história assustadora dentro das páginas da revista. "Mr. Sardonicus", de Ray Russell, um conto gótico de terror, sobre um nobre terrivelmente deformado, a sua esposa, e os ex-namorado desta, um médico famoso, tomando o seu título no termo médico "risus sardonicus", que se referia ao espasmo do músculo facial que dava a algumas vítimas do tétano um sorriso apertado e imóvel, e os dentes arreganhados. As verdadeiras vítimas desta doença tinham pouco em comum com o personagem do filme, felizmente. O Barão Sardonicus era um monstro, com o rosto congelado de qualquer emoção.
Esta terrível premissa chamou a atenção para o produtor/realizador William Castle, realizador prolífico e inovador, que vinha com uma série de sucessos no território do thriller de terror, e que preparava-se para cimentar a sua reputação de "showman". Também provou que era um mestre nas receitas de bilheteira através de truques que apelavam ao público maioritariamente jovem, que afluíam aos seus filmes em grande número. Aqui, o truque, é que ao chegar aos momentos finais do filme, o público podia escolher entre dois finais possíveis: num o malvado barão tinha um fim trágico, no outro final o barão era poupado de morrer. As pessoas erguiam um cartão luminoso que era erguido no inicio da sessão, e escolhiam qual era o final que queriam ver. Escusado será dizer que em nenhuma sessão de cinema, o público teve misericórdia de Sardonicus, por isso o segundo final nunca foi visto. Alguns anos mais tarde, a actriz protagonista, Audrey Dalton, disse que nenhum outro final foi fimado.
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Em 1961, os leitores da Playboy que não gostavam só das fotografias, podiam perder algum tempo com uma história assustadora dentro das páginas da revista. "Mr. Sardonicus", de Ray Russell, um conto gótico de terror, sobre um nobre terrivelmente deformado, a sua esposa, e os ex-namorado desta, um médico famoso, tomando o seu título no termo médico "risus sardonicus", que se referia ao espasmo do músculo facial que dava a algumas vítimas do tétano um sorriso apertado e imóvel, e os dentes arreganhados. As verdadeiras vítimas desta doença tinham pouco em comum com o personagem do filme, felizmente. O Barão Sardonicus era um monstro, com o rosto congelado de qualquer emoção.
Esta terrível premissa chamou a atenção para o produtor/realizador William Castle, realizador prolífico e inovador, que vinha com uma série de sucessos no território do thriller de terror, e que preparava-se para cimentar a sua reputação de "showman". Também provou que era um mestre nas receitas de bilheteira através de truques que apelavam ao público maioritariamente jovem, que afluíam aos seus filmes em grande número. Aqui, o truque, é que ao chegar aos momentos finais do filme, o público podia escolher entre dois finais possíveis: num o malvado barão tinha um fim trágico, no outro final o barão era poupado de morrer. As pessoas erguiam um cartão luminoso que era erguido no inicio da sessão, e escolhiam qual era o final que queriam ver. Escusado será dizer que em nenhuma sessão de cinema, o público teve misericórdia de Sardonicus, por isso o segundo final nunca foi visto. Alguns anos mais tarde, a actriz protagonista, Audrey Dalton, disse que nenhum outro final foi fimado.
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segunda-feira, 9 de novembro de 2015
Homicidal (Homicidal) 1961
Warren e Miriam são irmãos de mães diferentes. Quando Miriam nasceu, o pai queria um filho e abandonou-a, casando com outra mulher que deu a luz o tão desejado filho. Mas os pais de Warren morrem num acidente e a governanta Helga leva Warren para viver na Dinamarca. Já crescido, o jovem traz Helga que sofreu uma trombose ficando muda e paralítica, de volta para o Sul da California, acompanhados pela bela enfermeira Emily. Mas anda um assassino à solta...
Apesar de "Homicidal" dever muito ao "thriller" policial, esta variação de William Castle acaba por perder um pouco a sua identidade, porque a um mistério surpreendentemente eficaz, tem o final interrompido por um relógio na tela (na versão cinematográfica), antecedido por uma voz off que diz ao público que se quiser saír do cinema antes do climax, o seu bilhete será devolvido. Isto acontecia apenas na versão cinematográfica, porque a versão "pirata" não tem estes pormenores. Escusado será dizer que, mais uma vez, o truque de Castle resultaria em pleno, aparte o resultado final do filme.
"Homicidal" é mais violento do que os habituais filmes de Castle, mistura os cenários habituais de estúdio (alguns destes cenários podem ser vistos em outros filmes do realizador), com exteriores diurnos e nocturnos bastante agradáveis. Era uma clara homenagem/rip off a "Psycho", de Alfred Hitchcock, que tinha feito um enorme sucesso no ano anterior.
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Apesar de "Homicidal" dever muito ao "thriller" policial, esta variação de William Castle acaba por perder um pouco a sua identidade, porque a um mistério surpreendentemente eficaz, tem o final interrompido por um relógio na tela (na versão cinematográfica), antecedido por uma voz off que diz ao público que se quiser saír do cinema antes do climax, o seu bilhete será devolvido. Isto acontecia apenas na versão cinematográfica, porque a versão "pirata" não tem estes pormenores. Escusado será dizer que, mais uma vez, o truque de Castle resultaria em pleno, aparte o resultado final do filme.
"Homicidal" é mais violento do que os habituais filmes de Castle, mistura os cenários habituais de estúdio (alguns destes cenários podem ser vistos em outros filmes do realizador), com exteriores diurnos e nocturnos bastante agradáveis. Era uma clara homenagem/rip off a "Psycho", de Alfred Hitchcock, que tinha feito um enorme sucesso no ano anterior.
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domingo, 8 de novembro de 2015
13 Fantasmas (13 Ghosts) 1960
Ao morrer, Dr. Zorba deixou uma mansão assustadora para o sobrinho, Cyrus Zorba (Donald Woods), que atravessa uma grave crise financeira. Cyrus muda para a mansão com a família. Eles também herdam uma coleção de 12 fantasmas, que só podem ser vistos através de uns óculos especiais. Os membros da família colocam então as suas vidas em risco, para descobrir em que local da casa o Dr. Zorba escondeu a fortuna, mas parece que algo ou alguém quer evitar que eles não consigam realizar este objetivo.
A inspiração iniciar para "13 Ghosts" aconteceu quando William Castle e a sua esposa passeavam de carro por França. Ao ver uma casa em ruínas para venda, Castle pensou comprá-la, e utilizá-la como promoção para o seu próximo filme. Este foi também o filme em que Castle utilizava um novo sistema, chamado "Illusion-O". Os fantasmas eram impressos numa côr, e era dado uma espécie de óculos à audiência com dois filtros, se olhassem através do filtro vermelho podiam ver os fantasmas, se olhassem pelo azul não viam nada. Presumivelmente este segundo método era para o público mais céptico, ou mais fraco do coração. Este sistema foi pensado depois de Castle fazer uma visita ao oftalmologista. Durante meses testes foram feitos para criar as lentes ideiais, com muitos milhares de dólares a serem gastos para fazerem os fantasmas aparecerem e desaparecerem. Até que, por fim, descobriram que um simples par de lentes de plástico azuis e vermelhas, com a densidade correcta, faziam esse trabalho. Na verdade, os fantasmas podiam ser vistos com ou sem os óculos, mas a ilusão de ter uma opção acabou por ser uma boa estratégia de marketing, levando o filme a ser um sucesso.
Truques à parte, "13 Ghosts" não deixa de ser uma interessante proposta no território das casas assombradas, com o acréscimo da possibilidade de haver um tesouro escondido. Em 2001 teve um remake bem mais assustador, realizado por Steve Beck, o especialista de efeitos visuais em filmes como "Indiana Jones e a Grande Cruzada" e "Caça ao Outubro Vermelho".
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A inspiração iniciar para "13 Ghosts" aconteceu quando William Castle e a sua esposa passeavam de carro por França. Ao ver uma casa em ruínas para venda, Castle pensou comprá-la, e utilizá-la como promoção para o seu próximo filme. Este foi também o filme em que Castle utilizava um novo sistema, chamado "Illusion-O". Os fantasmas eram impressos numa côr, e era dado uma espécie de óculos à audiência com dois filtros, se olhassem através do filtro vermelho podiam ver os fantasmas, se olhassem pelo azul não viam nada. Presumivelmente este segundo método era para o público mais céptico, ou mais fraco do coração. Este sistema foi pensado depois de Castle fazer uma visita ao oftalmologista. Durante meses testes foram feitos para criar as lentes ideiais, com muitos milhares de dólares a serem gastos para fazerem os fantasmas aparecerem e desaparecerem. Até que, por fim, descobriram que um simples par de lentes de plástico azuis e vermelhas, com a densidade correcta, faziam esse trabalho. Na verdade, os fantasmas podiam ser vistos com ou sem os óculos, mas a ilusão de ter uma opção acabou por ser uma boa estratégia de marketing, levando o filme a ser um sucesso.
Truques à parte, "13 Ghosts" não deixa de ser uma interessante proposta no território das casas assombradas, com o acréscimo da possibilidade de haver um tesouro escondido. Em 2001 teve um remake bem mais assustador, realizado por Steve Beck, o especialista de efeitos visuais em filmes como "Indiana Jones e a Grande Cruzada" e "Caça ao Outubro Vermelho".
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sábado, 7 de novembro de 2015
The Tingler (The Tingler) 1959
Vincent Price é um médico legista que descobre que o medo provoca o crescimento de uma criatura parasítica na espinha dorsal das pessoas assustadas. Se elas gritam, esta força diabólica pode ser destruída. Se não, pode romper a coluna e matá-las. Ele isola com sucesso e remove o invasor do corpo de uma surda muda, que tinha sido aterrorizada pelo marido. Mas será que ele vai conseguir controlar este monstro?
William Castle era já um realizador experiente quando conseguiu encontrar a fórmula do sucesso com "Macabre" (1958), um thriller de baixo orçamento que vendeu os efeitos de choque na tela, com um sensacionalismo promocional. Num brainstorm de publicidade e ingenuidade Castle emitiu uma apólice de seguro para cada comprador de cada bilhete, que segundo o realizador era para quem não resistisse "aos sustos". A campanha foi um sucesso, o filme também, e assim estava descoberta mais uma fórmula mágica. Castle usaria esta fórmula mais algumas vezes, entre as quais neste "The Tingler". Era a segunda, e última, colaboração entre o realizador e Vincent Price, cuja voz e graça tinham trazido muita classe ao filme anterior de Castle, "House on Haunted Hill".
Para o climax do filme, em que a criatura se liberta e foge para a plateia de um teatro, Castle contratava alguém aos donos dos cinemas onde o filme era exibido para fingirem que desmaiavam para serem levados pelos médicos (não reais, claro), mas isto era apenas o aperitivo. Depois ele colocava em acção o "Percepto", um pequeno vibrador motorizado, colocado sob os assentos dos cine-teatros, com um fio ligado à cabine de projecção. Estava cuidadosamente cronometrado para uma cena chave, em que o tingler rasteja pela sala, e se ouve o vozeirão de Price a gritar para as pessoas não entrarem em pânico, mas gritarem pelas suas vidas. Na sua biografia, Castle afirma que, deve ter feito vibrar cerca de 20 milhões de traseiros, dado o sucesso do filme.
Não havia dúvidas de que William Castle conseguia montar um thriller eficaz de série B com uma sensibilidade fora do vulgar. "The Tingler" não tem o nível de tensão e terror de outras películas, mas o carisma do realizador está todo lá.
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William Castle era já um realizador experiente quando conseguiu encontrar a fórmula do sucesso com "Macabre" (1958), um thriller de baixo orçamento que vendeu os efeitos de choque na tela, com um sensacionalismo promocional. Num brainstorm de publicidade e ingenuidade Castle emitiu uma apólice de seguro para cada comprador de cada bilhete, que segundo o realizador era para quem não resistisse "aos sustos". A campanha foi um sucesso, o filme também, e assim estava descoberta mais uma fórmula mágica. Castle usaria esta fórmula mais algumas vezes, entre as quais neste "The Tingler". Era a segunda, e última, colaboração entre o realizador e Vincent Price, cuja voz e graça tinham trazido muita classe ao filme anterior de Castle, "House on Haunted Hill".
Para o climax do filme, em que a criatura se liberta e foge para a plateia de um teatro, Castle contratava alguém aos donos dos cinemas onde o filme era exibido para fingirem que desmaiavam para serem levados pelos médicos (não reais, claro), mas isto era apenas o aperitivo. Depois ele colocava em acção o "Percepto", um pequeno vibrador motorizado, colocado sob os assentos dos cine-teatros, com um fio ligado à cabine de projecção. Estava cuidadosamente cronometrado para uma cena chave, em que o tingler rasteja pela sala, e se ouve o vozeirão de Price a gritar para as pessoas não entrarem em pânico, mas gritarem pelas suas vidas. Na sua biografia, Castle afirma que, deve ter feito vibrar cerca de 20 milhões de traseiros, dado o sucesso do filme.
Não havia dúvidas de que William Castle conseguia montar um thriller eficaz de série B com uma sensibilidade fora do vulgar. "The Tingler" não tem o nível de tensão e terror de outras películas, mas o carisma do realizador está todo lá.
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quinta-feira, 5 de novembro de 2015
A Casa Assombrada (House on Haunting Hill) 1959
O milionário excêntrico Fredrick Loren (Vincent Price), e a sua quarta esposa Annabelle Loren (Carol Ohmart), convidam cinco pessoas para a casa em "Haunted Hill", para uma festa assombrada. Quem conseguir aguentar na casa durante uma noite ganha 10 mil dólares. Conforme a noite vai avançando, os convidados ficam presos em casa com fantasmas, assassinos, e outros terrores.
"House on Haunted Hill" sobreviveu como um dos melhores thrillers de casas assombradas de todos os tempos, e destaca-se entre todos os filmes fantásticos de William Castle. Influenciado pelo espírito de P.T. Barnum, Castle estava determinado a dar ao seu público mais emoções e arrepios do que qualquer outra obra havia dado, procurando sempre um modo de romper as limitações bidimensionais impostas pela tela.
William Castle era mais conhecido pelos seus truques do que pelos seus filmes,mas este filme sobre casas assombradas é, na verdade, muito bom, incluindo algumas sequências verdadeiramente assustadoras. Castle opta por fazer um filme uniformemente iluminado e uma aparência limpa, e usa as sombras e os ruídos da câmera para criar efeitos bastante interessantes. Foi utilizado um truque chamado "Emergo", onde, a certa altura do filme, um esqueleto aparece de debaixo da tela e voa para a plateia, mas o filme também é bem visto sem este truque. O público ria-se mais do que gritava, com este efeito, mas o resultado convenceria a usar vários outros truques em filmes futuros.
Foi influenciado pelo livro de Shirley Jackson "The Haunting of Hill House", que serviria de inspiração para vários outros filmes, como "The Haunting" (1963), de Robert Wise, ou "The Legend of Hell House" (1973), de John Hough. Teve um remake em 1999, mas os resultados não foram os melhores,
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"House on Haunted Hill" sobreviveu como um dos melhores thrillers de casas assombradas de todos os tempos, e destaca-se entre todos os filmes fantásticos de William Castle. Influenciado pelo espírito de P.T. Barnum, Castle estava determinado a dar ao seu público mais emoções e arrepios do que qualquer outra obra havia dado, procurando sempre um modo de romper as limitações bidimensionais impostas pela tela.
William Castle era mais conhecido pelos seus truques do que pelos seus filmes,mas este filme sobre casas assombradas é, na verdade, muito bom, incluindo algumas sequências verdadeiramente assustadoras. Castle opta por fazer um filme uniformemente iluminado e uma aparência limpa, e usa as sombras e os ruídos da câmera para criar efeitos bastante interessantes. Foi utilizado um truque chamado "Emergo", onde, a certa altura do filme, um esqueleto aparece de debaixo da tela e voa para a plateia, mas o filme também é bem visto sem este truque. O público ria-se mais do que gritava, com este efeito, mas o resultado convenceria a usar vários outros truques em filmes futuros.
Foi influenciado pelo livro de Shirley Jackson "The Haunting of Hill House", que serviria de inspiração para vários outros filmes, como "The Haunting" (1963), de Robert Wise, ou "The Legend of Hell House" (1973), de John Hough. Teve um remake em 1999, mas os resultados não foram os melhores,
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terça-feira, 3 de novembro de 2015
Especial Halloween 2015 (2ª Parte): William Castle
Muitos cinéfilos da internet dizem que o ressurgimento do 3D é apenas um mero artifício, destinado a arrastar mais pessoas ao cinema e a aumentar os preços dos bilhetes. Grande parte do público parece concordar com uma mesma máxima: "eu paguei mais dinheiro por isto?".
O 3D chegou e partiu ao longo de toda a história do cinema, e no fim chega-se sempre á mesma conclusão: o público não gosta disto. Quando o 3D desapareceu pela primeira vez havia um homem que não estava satisfeito, William Castle, realizador de pequenos filmes de série B, que tinha uma visão. Queria fazer de cada um dos seus filmes um evento espectacular (para desgosto dos cine-teatros que ele reservava para os seus filmes), atraindo o público para a experiência. Alguns exemplos:
- Em "Macabre" oferecia um seguro a cada pessoa da audiência se morressem durante a exibição do filme.
- Em "House on Haunted Hill" fez sobrevoar um esqueleto por cima das cabeças das pessoas, que, aparentemente só assustava crianças com menos de cinco anos.
- Em "The Tingler" uma voz durante o filme anunciava que o assassino andava à solta no meio da plateia, com o intuito de causar pânico, além de alguns banco vibrarem.
- Em "13 Ghosts", utilizou um novo método que supostamente melhorava o 3D, chamado "Illusion-O". A cada pessoa era dado uma espécie de óculos de papelão, que substituíam os óculos 3D, e onde era suposto serem vistos os fantasmas. Quem tivesse mais medo na audiência olhava pela cartolina azul e não via os fantasmas. Os mais corajosos olhavam pelo lado vermelho e viam os fantasmas mais fortemente. Na realidade, com ou sem estes óculos via-se exactamente a mesma coisa.
- Em "Homicidal" o marketing consistia numa grande campanha de publicidade feita pelo realizador, na qual ele pedia ao público para não contarem a grande surpresa do filme aos seus amigos. Naquela altura era costume fazerem-no.
Castle era uma figura de culto do cinema de terror que inspirou gerações de cineastas e futuros fãs, e cujo marketing valeu-lhe atingir um estatuto de respeito entre, até, muitos realizadores importantes de Hollywood. Nos próximos dias vamos conhecer um pouco da sua filmografia, com a apresentação de oito dos seus filmes. Não o levem muito a sério, e divirtam-se. A partir de quinta-feira.
O 3D chegou e partiu ao longo de toda a história do cinema, e no fim chega-se sempre á mesma conclusão: o público não gosta disto. Quando o 3D desapareceu pela primeira vez havia um homem que não estava satisfeito, William Castle, realizador de pequenos filmes de série B, que tinha uma visão. Queria fazer de cada um dos seus filmes um evento espectacular (para desgosto dos cine-teatros que ele reservava para os seus filmes), atraindo o público para a experiência. Alguns exemplos:
- Em "Macabre" oferecia um seguro a cada pessoa da audiência se morressem durante a exibição do filme.
- Em "House on Haunted Hill" fez sobrevoar um esqueleto por cima das cabeças das pessoas, que, aparentemente só assustava crianças com menos de cinco anos.
- Em "The Tingler" uma voz durante o filme anunciava que o assassino andava à solta no meio da plateia, com o intuito de causar pânico, além de alguns banco vibrarem.
- Em "13 Ghosts", utilizou um novo método que supostamente melhorava o 3D, chamado "Illusion-O". A cada pessoa era dado uma espécie de óculos de papelão, que substituíam os óculos 3D, e onde era suposto serem vistos os fantasmas. Quem tivesse mais medo na audiência olhava pela cartolina azul e não via os fantasmas. Os mais corajosos olhavam pelo lado vermelho e viam os fantasmas mais fortemente. Na realidade, com ou sem estes óculos via-se exactamente a mesma coisa.
- Em "Homicidal" o marketing consistia numa grande campanha de publicidade feita pelo realizador, na qual ele pedia ao público para não contarem a grande surpresa do filme aos seus amigos. Naquela altura era costume fazerem-no.
Castle era uma figura de culto do cinema de terror que inspirou gerações de cineastas e futuros fãs, e cujo marketing valeu-lhe atingir um estatuto de respeito entre, até, muitos realizadores importantes de Hollywood. Nos próximos dias vamos conhecer um pouco da sua filmografia, com a apresentação de oito dos seus filmes. Não o levem muito a sério, e divirtam-se. A partir de quinta-feira.
segunda-feira, 2 de novembro de 2015
Phobia (See Prang) 2008
Uma antologia asiática de terror com 4 histórias. Happiness – uma jovem comunica-se com o mundo exterior através do telemóvel e mensagens de texto. Começa a receber mensagens de um estranho, mas as coisas começam a ficar assustadoras depois dela enviar a sua foto. Tit for Tat – como brincadeiras e pequenas vinganças escolares podem se tornar sangrentas. In The Middle – Num acampamento isolado, 4 adolescentes começam a contar histórias de terror para se entreter. Passam a ficar com medo e vão para a barraca que acreditam ser o lugar mais seguro para dormir… é o que eles pensam. The Last Fright – Um assistente de bordo, Pim, embarca num vôo com a Princesa do Khurkistão. O que era parece ser um vôo tranquilo torna-se um pesadelo quando a princesa tem uma reação alérgica a algo que comeu.
Uma compilação com histórias de 4 dos mais importantes realizadores de terror tailandês: Banjong Pisanthanakun (de "Shutter"), Paween Purikitpanya (de "Body Sob 19"), Yongyoot Thongkongtoon e Parkpoom Wongpoom(também de "Shutter"), é uma coleção de quatro contos, apenas vagamente ligados, na tradição de outros clássicos americanos, como "Tales From The Crypt", "Twilight Zone: The Movie" ou "Creepshow".
"Phobia", tal como a maioria das antologias, é por vezes muito convincente, e outras muito desequilibrado. Combinando diferentes tons e estilos com diferentes individualidades nunca é fácil de assimilar, resultando em mudanças bruscas de humor e atmosfera. Mesmo assim o filme é bem interessante, e tem a sua parte de momentos arrepiantes.
Exibido em diversos festivais, ganhou o terceiro prémio no festival Toronto After Dark, que nesse ano foi ganho pelo filme sueco "Let the Right One In".
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Uma compilação com histórias de 4 dos mais importantes realizadores de terror tailandês: Banjong Pisanthanakun (de "Shutter"), Paween Purikitpanya (de "Body Sob 19"), Yongyoot Thongkongtoon e Parkpoom Wongpoom(também de "Shutter"), é uma coleção de quatro contos, apenas vagamente ligados, na tradição de outros clássicos americanos, como "Tales From The Crypt", "Twilight Zone: The Movie" ou "Creepshow".
"Phobia", tal como a maioria das antologias, é por vezes muito convincente, e outras muito desequilibrado. Combinando diferentes tons e estilos com diferentes individualidades nunca é fácil de assimilar, resultando em mudanças bruscas de humor e atmosfera. Mesmo assim o filme é bem interessante, e tem a sua parte de momentos arrepiantes.
Exibido em diversos festivais, ganhou o terceiro prémio no festival Toronto After Dark, que nesse ano foi ganho pelo filme sueco "Let the Right One In".
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The House (Baan Phii Sing) 2007
Inspirado numa história verdadeira sobre três assassinatos horríveis que aconteceram com três mulheres recentemente. Chalinee, uma jovem repórter está curiosa em saber sobre a verdade por trás destes crimes, e começa a investigar. Finalmente ela descobre a casa onde estas três mulheres foram mortas pelos seus amantes, mas quando ela dá o passo final para dentro da casa amaldiçoada, ela encontra algo mais assustador do que alguma vez esperava encontrar.
Um pouco típico do terror asiático, principalmente com ecos de Ju-On (uma casa assombrada) e Shutter (fantasmas a serem filmados pela câmara), "The House" está cheio de planos longos e lentos, com várias figuras fantasmagóricas a serem filmadas ao fundo, incluindo a obrigatória menina fantasma com cabelo longo a cobrir-lhe o rosto. No entanto, à medida que a história se desenrola o realizador Monthon Arayangkoon direcciona o filme para direcções inesperadas, e consistentemente atira-nos com reviravoltas e surpresas para manter o espectador intrigado.
Sintetizando vários traços de sub-géneros, como o filme da casa assombrada, possessão, histórias de fantasmas, e, curiosamente, quando Chalinee decide pegar numa câmara e explorar a casa, found footage, "The House" soa estranhamente a familiar. Isto, é claro, até as coisas darem mais uma grande reviravolta e brincarem com as nossas expectativas.
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Um pouco típico do terror asiático, principalmente com ecos de Ju-On (uma casa assombrada) e Shutter (fantasmas a serem filmados pela câmara), "The House" está cheio de planos longos e lentos, com várias figuras fantasmagóricas a serem filmadas ao fundo, incluindo a obrigatória menina fantasma com cabelo longo a cobrir-lhe o rosto. No entanto, à medida que a história se desenrola o realizador Monthon Arayangkoon direcciona o filme para direcções inesperadas, e consistentemente atira-nos com reviravoltas e surpresas para manter o espectador intrigado.
Sintetizando vários traços de sub-géneros, como o filme da casa assombrada, possessão, histórias de fantasmas, e, curiosamente, quando Chalinee decide pegar numa câmara e explorar a casa, found footage, "The House" soa estranhamente a familiar. Isto, é claro, até as coisas darem mais uma grande reviravolta e brincarem com as nossas expectativas.
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domingo, 1 de novembro de 2015
Viúva Rica Solteira Não Fica (Viúva Rica Solteira Não Fica) 2006
Em finais do século XIX, Ana Catarina, uma jovem aristocrata, regressa a Portugal, onde a sua mão fora prometida por seu pai, D.António. Mas, meses depois, D.Ana Catarina perde o marido e o pai, herdando assim o solar de Silgueiros e mais algumas centenas de terras vitícolas. Herdeira rica, não faltam pretendentes a D.Ana Catarina: o Conde de Fallorca, o Capitão Malaparte e Williamson, o inglês. Dividida entre o património e o verdadeiro amor, D.Ana Catarina casa e enviuva vezes sem conta, enquanto o seu destino é cuidadosamente ardilado por uma maquiavélica ama e um abade que se preocupa mais com bens terrenos que com os desígnios de Deus.
"Filme de época ambientado num Portugal rural de meados do século XIX, "Viúva Rica Solteira Não Fica" é uma comédia negra que se concentra nas peripécias de uma jovem viúva brasileira, cuja fortuna vai crescendo à medida que os seus sucessivos maridos vão falecendo.
De tom ligeiro e espirituoso, a mais recente película de José Fonseca e Costa lança um olhar que se pretende corrosivo sobre a aristocracia, a religião e os costumes de outros tempos - embora com algumas observações ainda válidas para os dias de hoje -, definindo um núcleo de personagens onde cedo se percebe que quase nenhuma é inocente, sobrando no final aquelas cuja argúcia e sentido de oportunidade lhes permite prosperar.
Longe de inovador, apostando num trabalho de realização competente mas sem rasgos e num argumento simples e linear, o filme vale por conseguir funcionar enquanto entretenimento minimamente inteligente e acessível, aspecto que, se não o torna num objecto marcante, também não é negligenciável tendo em conta o cinema que se faz por cá."Daqui
José Fonseca e Costa morreu hoje de manhã no Hospital de Santa Maria, com 82 anos, vítima de uma pneunomia. Já foram vários os seus filmes que passaram pelos "Thousand Movies", mas este é a primeira vez que pode ser visto na internet.
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