sábado, 11 de julho de 2020

Viridiana (Viridiana) 1961

Viridiana, uma jovem noviça prestes a fazer os seus votos finais como freira, aceita, movida puramente pelo senso de obrigação, um pedido do seu tio para visitá-lo. Agitado pela semelhança da sobrinha com a sua falecida esposa, tenta seduzi-la, e a tragédia segue-se...
Depois de quase vinte anos sem filmar em Espanha, Luis Buñuel resolveu enfrentar o desafio de voltar à sua terra natal para fazer "Viridiana", que segundo Victor Fuentes, se tornou na "maior e mais divina orgia erótica do cinema". A decisão do realizador em filmar em Espanha provocou fortes críticas de republicanos espanhóis no exilio. Aos olhos de muitos exilados Buñuel cedia nas suas críticas ao regime de Franco, e voltou a Espanha abandonando a sua postura política radical. No entanto, é precisamente neste filme que Luís Buñuel produziu a sua crítica mais forte aos elementos mais emblemáticos promovidos durante o franquismo. A sua irreverência pelo simbolismo católico rendeu-lhe a condenação do Vaticano quando "Viridiana" estreou.
O regresso de Buñuel a Espanha é o resultado de circunstâncias complicadas. Duas importantes produtoras convergiram durante a produção de "Viridiana", a UNINCI e a Films 59, de Pere Portabella, juntamente com o produtor mexicano Gustavo Alatriste. A UNINCI foi a primeira produtora a tentar ir além dos parâmetros ditados pelo regime, produziu "Sonatas", um filme que Juan António Bardem fez no México em 1959, e queriam atrair realizadores envolvidos politicamente. Foi ainda no México que fizeram o convite a Buñuel. Por outro lado, Pere Portabella tinha produzido "Los Golfos", o primeiro filme de Carlos Saura, e conheceu Buñuel no festival de Cannes de 1960, propondo que fizessem um projecto juntos. O mexicano Alatriste também se envolveu no projecto, em parte porque a sua esposa Silvia Pinal queria trabalhar com um realizador de prestígio, como Buñuel, acabando por ficar com o papel da protgonista.
O Director Geral da Cinematografia, José Muñoz Fontán, escolheu "Viridiana" para representar Espanha no Festival de Cannes, com a intenção de obter reconhecimento internacional por ter recuperado o grande exilado do cinema espanhol, Luís Buñuel. Este gesto representa um dos muitos paradoxos do periodo de abertura na Espanha de Franco. O filme ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes, e recebeu uma ovação unânime do público e do júri, no entanto levantou uma onda de questões, porque apresentava imagens para os costumes espanhóis da época. Tornou-se imediatamente num objecto de debate internacional, atacado pela igreja, e proibido pelos censores espanhóis, (só seria visto em Espanha em 1977), não obstante o grande sucesso internacional que conseguia. As furiosas denuncias da igreja forçaram a renúncia do Fontán do cargo que ocupava, ele que tinha aceitado pessoalmente o prémio em Cannes, a conselho de Partabella e Juan António Bardem. Como resultado do escândalo, Buñuel afastar-se-ia novamente do país.

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