segunda-feira, 22 de junho de 2020

Rua Principal (Calle Mayor) 1956

Um grupo de amigos resolve pregar uma partida a uma rapariga solteira. Um deles tem de se fingir apaixonar por ela, o que acaba mesmo por acontecer.
Um filme que nos dá um retrato da Espanha provincial durante as décadas de quarenta e cinquenta do século passado, principalmente em relação aos papéis sociais e de género. Adaptado de uma das peças mais populares de Carlos Arniches, "Calle Maior" lida com a representação de sentimentos ambíguos que se podem ter enquanto se observam pessoas que vivem num ambiente isolado e agem de acordo com formas e regras antigas e fixas. A esse respeito, o filme pode não ser apenas "espanhol", como insiste em afirmar a voz off de abertura imposta pela censura pró-Franco, mas é óbvio que lida com uma imagem da Espanha amplamente divulgada por intelectuais e artistas nacionais e estrangeiros. O realizador Juan António Bardem partilha com Arniches a mesma atitude ao adoptar um ponto de vista contraditório, crítico e nostálgico. Mesmo que nenhuma referência a um contexto político seja dado, Bardem consegue imortalizar uma época e uma forma de viver e pensar, na qual a maioria das pessoas se resignavam a permanecer a mesma, já que para aqueles que não eram felizes, e, principalmente, para  as mulheres, não havia saída.
"Calle Mayor" é um filme muito influente hoje em dia. Testemunhamos desamparadamente a inevitável queda de Juan e Isabel e a eventual alienação social. Enquanto isso os cruéis e astutos brincalhões nunca recebem uma punição nem são apontados como culpados no filme. A visão de António Javier Bardem sobre a sociedade do seu tempo era sombria, principalmente quando se concentrava na, então renascida, classe média. Uma visão que também seria partilhada por outros realizadores espanhóis, como Berlanga ou Buñuel.
Venceu 4 prémios no festival de Veneza. Legendas em inglês.

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