domingo, 21 de junho de 2020

Paraíso Esquecido (Calabuch) 1956

No último filme antes da sua morte, o actor Edmund Gween interpreta o professor Jorge Serra Hamilton, um cientista nuclear que foge para uma vila isolada de pescadores do mediterrâneo para impedir que as suas teorias sejam usadas para fins militares. Em Calabuch as pessoas vivem em paz, longe da louca evolução da civilização, movimentando-se ao seu próprio ritmo, sobrevivendo de uma forma modesta, mas cheia de fraternidade e camaradagem. A chegada do professor irá trazer mudanças relevantes nesta pequena localidade.
Terceira longa-metragem de Luis Garcia Berlanga, (quarta se contarmos com "Esa Pareja Feliz", a meias com Juan Antonio Bardem) é um filme sensível, mergulhado no espírito das obras de Frank Capra. Isto faz do filme uma peça quase única na filmografia de Berlanga, acostumada a observações mais contundentes e a um humor mais sombrio. No entanto o filme ainda tem algumas provocações, lançando pequenas subversões que se manifestam discretamente, mas com bastante inteligência.
Matias, policia e carcereiro, trata os prisioneiros como se fossem convidados, deixando-os saír sempre que quiserem. A autoridade eclesiástica, isto é, o padre, tem uma mente aberta e jovial, que não era normal naqueles tempos. O Professor Hamilton diz a certa altura: "o que eu gosto em Calabuch é que cada um é o que quer ser, ninguém interfere na vida dos outros, todos se dedicam apenas à sua vida". Esse sentimento libertário é uma característica muito comum no cinema de Berlanga, que não hesitava em servi-la, mesmo tendo em conta a escuridão dos tempos que se vivia fora daquela pequena localidade, criando uma vila de essência utópica.
Legendas em inglês.

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