segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Sede de Paixão (Törst) 1949


Escrito por Herbert Grevenius (o mentor de Bergman), que colaborou com ele em vários outros filmes, e adaptado de várias curtas escritas pela actriz Birgit Tengroth, a estrutura da história é uma tentativa transportar as relações complicadas dos seus personagens.
Grande parta da acção apresenta-nos um casal problemático, Ruth (Eva Henning) e Bertil (Birger Malmsten), quando eles regressam a Estocolmo depois de uma viagem a Itália. A Europa que eles visitam foi devastada pela guerra, com a paisagem cicatrizada, tal como o casal tem as suas ruínas emocionais. No comboio em que viajam, discutem o casamento, brigam, atiram comida para os alemães esfomeados, e até recebem conselhos de um padre sueco. Atormentada por insónias e alcoolismo, a mente de Ruth voa para lembranças de um caso que teve com Raoul (Bengt Eklund), um homem que a manteve como amante até ela ficar grávida. Um aborto mal feito deixou-a estéril, e quase arruinou a sua carreira de bailarina.
Eva Henning é o que de melhor se pode encontrar neste filme. Ela interpreta a bailarina Ruth com uma energia maníaca, saltando de polo para outro no espaço de duas frases. Num momento ela está bem, e logo a seguir está mal, alternando entre o passado e o presente, que dá ao filme uma sensação muito noirish.     
O tema central é mais uma vez a lenta dissolução do casamento, bastante familiar para quem conhece a obra de Bergman, e que foi tão bem explorado em obras como "Scenes from a Marriage", mas também "Summer With Monika". Em termos gerais este é um Bergman em boa forma. O seu trabalho atrás da câmera é bastante inventivo, e supera alguns problemas a nível de diálogos que se encontrava em filmes anteriores, conseguindo um brilhante trabalho da sua actriz principal, assim como todo um excelente trabalho técnico.
Legendas em inglês.

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Imdb

1 comentário:

  1. Summer With Monika", sendo este último considerado a última obra prima do realizador??? E os "Fanny and Alexander", "Gritos e "Suspiros", "Persona", para nomear apenas os mais consensuais.

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