domingo, 23 de novembro de 2014

Prisão (Fängelse) 1949



No ínício do filme, um realizador (Hasse Ekman) é abordado por um ex-professor (Anders Henrikson), agora envelhecido, acabado de saír de um asilo para doentes mentais, e que lhe lança a idéia de um filme sobre o Inferno na Terra. A vida é "um caminho cruel mas sedutor entre o nascimento e a morte",  diz Henrikson, mas Ingmar Bergman, trabalhando pela primeira vez a partir de um argumento dele próprio, passa o resto do filme a tentar argumentar o contrário. Será que Deus está morto? Será que ele alguma vez existiu? Qualquer pessoa que realmente pense sobre a vida comete suicídio, afirma o escritor interpretado por Birger Malmsten, cuja visão niilista do mundo é nos mostrada através da sua relação com uma prostituta adolescente (Doris Svedlund). Os personagens principais são modelos deste primeiro período do jovem Bergman conturbado, onde o peso do mundo lhes esmaga a alma, e só o isolamento regressivo lhes oferece refúgio.
Extremamente sombrio (o título em sueco significa prisão), o filme é, obviamente, uma purgação para a tensão de jovens cineastas, neuroses, embora o desespero de Bergman aqui esteja próximo de um egoísmo mórbido e angustiante.
Mesmo com alguma familiaridade com os psicodramas obscuros de um universo sem deus que viriam a compor muitos dos filmes posteriores de Bergman, este filme seria recebido com algum choque. Os seus primeiros filmes (anteriores a este "Prisão") tinham alguns elementos mais escuros, mas em geral eram melodramas muito mais sociais, adaptados da literatura popular, com um público muito mais comercial em conta. "Prisão", foi, de facto, o primeiro filme onde Bergman teve o controlo sobre tudo, e o ambiente ficou muito mais negro. Percebendo que este não seria o tipo de filme que a Svensk Filmindustri financiaria, Bergman levou o script para a Terrafilm, para quem já tinha realizado anteriormente "Music In Darkness". Por necessidade, já que não iria ser um filme comercial, "Prisão" teve de ser feito com um orçamento muito limitado, e num espaço de tempo muito curto, e o resultado é consequentemente tenso e sombrio, muito mais perto do Bergman que conhecemos, do que qualquer outro filme realizado por si nos anos 40.

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