terça-feira, 15 de abril de 2014

À Espera da Felicidade (Heremakono) 2002



Um pedaço da vida de Nouadhibou, uma pequena cidade costeira da Mauritânia onde o deserto do Sahara se encontra com o Oceano Atlântico, e onde muitos viajantes esperam passaporte para a terra prometida. É aqui que o jovem Abdallah (Mohamed) chega para passar algum tempo com a mãe (Ahmeda), antes de viajar para a Europa. Ele não fala o dialecto local, então apenas observa as pessoas à sua volta. Vamos conhecer um jovem órfão chamado Khatra (Kader), um jovem aprendiz de um electricista (Abeid), que ensina Abdallah a falar o dialecto local enquanto ilumina as casas da vizinhança.  Também vamos conhecer a sedutora vizinha de Abdallah (Diakite), e outro jovem (Dabo) que parece pronunciar o destino reservado a Abdallah.
 Abderrahmane Sissako, uma das grandes esperanças do cinema africano deste milénio, nascido na Mauritânia, a reportar o conflicto entre a modernização ocidental e as tradições locais africanas baseando-se na sua própria experiência, no exilo. Tudo é observado num estilo muito minimalista, com imagens surpreendentes e um ritmo bastante suave, que muitas vezes chega ao ponto de apenas capturar os ritmos da vida, num mundo onde todos esperam apenas a próxima etapa. Temas fortes ecoam no filme do início ao fim, principalmente relativos à tradição e à cultura assim como o custo emocional de saír de casa para um futuro incerto. 
O filme como um todo está cheio de simbolismos que nós ocidentais provavelmente podemos não entender, mas mostra-nos a arte de um local profundamente significativo. No festival de Cannes ganhou o prémio Un Certain Regard, e o prémio de cineasta estrangeiro do ano. 

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