segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Throw Away Your Books, Rally in the Streets (Sho o suteyo machi e deyou) 1971


Seguimos um jovem sem nome, a quem o realizador chama Watashi ("Eu") e cuja família é um desastre disfuncional completo. A irmã tem uma relação doentia com o coelho de estimação, a avó é uma ladra, e o pai um frustrado que leva o filho ao bordel. A história é completamente não linear, misturando estranhas colagens fantasmagóricas, vídeos de musica e imagens surreais.

"Throw Away Your Books, Rally in the Streets" é o primeiro filme experimental de Shuji Terayama, um poeta, dramaturgo, realizador "avant-garde" que também era um ávido seguidor de boxe (o seu amor pelo boxe é mencionado várias vezes neste filme, por exemplo.
A mensagem do filme é apresentada sem rodeios no título. Terayama diz aos académicos que a sua abordagem a este filme não é necessária, e o filme deve ser vivido como uma experiência e não analisado, e as pessoas devem passar mais tempo nas ruas e não gastá-lo num cinema ou a ler livros. Esta visão é sustentada por todo o filme, citações de famosos pensadores grafiteiros nas paredes, um intelectual que chateia a sua companheira até à morte num restaurante, entre outras coisas, que nos levam a pensar que a resposta a tudo isto é algo muito simples.
O filme começa com um tela preta desconfortavelmente longa, quando de repente o protagonista aparece a perguntar o que estamos a fazer em frente a uma tela preta, e depois goza com o público porque eles estão escondidos num cine-teatro enquanto ele pode fazer o que quiser, como acender um cigarro. No final voltamos a esse ecrã preto, mas antes disso, o protagonista, rodeado de toda a equipa, faz um discurso sobre as fronteiras do cinema: Polanski, Oshima, Antonioni...tudo isto é apenas um mundo que desaparece quando a luz é ligada.
Filme escolhido pelo Julio Costa.

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