terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Tom, Tom, the Piper's Son (Tom, Tom, the Piper's Son) 1969

"Tom, Tom, the Piper’s Son" de Ken Jacobs, é uma remontagem seminal de uma curta de 1905, com o mesmo título, que transforma o que era essencialmente uma cena de perseguição prolongada apresentando uma multidão cómica de aldeões numa meditação sobre a forma como vemos os filmes. Certamente que o filme reforça a noção tão profetizada de que um dos objectivos do cinema de vanguarda é treinar o espectador para ver ver cinema, e o próprio mundo, com outros olhos. Depois de nos fornecer a curta no seu formato original Jacobs re-expõe o filme ao público continuamente, mostrando uma miríade de detalhes que seriam impossíveis de se notar em apenas uma visualização, andando para trás e para a frente, fazendo zooms, para chamar a atenção do espectador. A partir destes close-ups vai-se criando uma perspectiva alternativa sobre os eventos da curta, mostrando que a linguagem cinematográfica não é tão linear como parece.
A abordagem de Jacobs tem o curioso efeito de simultaneamente abstrair e detalhar o conteúdo do filme que assistimos. Como espectadores, ficamos  a par dos detalhes que nos escaparam na nossa visão inicial, cuja memória coloca um número surpreendente de elementos no contexto. 
Ken Jacobs é um pintor expressionista abstracto de Nova Iorque, que se arriscou pelo mundo do cinema experimental, com uma carreira que já dura desde os anos cinquenta até aos dias de hoje.

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