segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Um Eléctrico Chamado Desejo (A Streetcar Named Desire) 1951

Depois de perder o trabalho e a sua casa no Mississippi, Blanche Dubois desloca-se para New Orleans, para visitar a irmã, Stella. Blanche mal consegue acreditar no nível em que Stella caiu. Vive num apartamento apertado num bairro decadente da cidade, casada com um brutamontes chamado Stanley, que parece saído directamente da idade da pedra. Não demora muito até que o seu ar de senhora e o seu criticismo exagerado a tornem numa visita pouco desejada, e Stanley começa a acreditar que ela esconde alguma coisa...
Adaptação de Tennessee Williams de uma peça sua vencedora de um Pulitzer em 1947, estava rodeada de controvérsia desde o primeiro minuto, mas tornou-se num filme marcante no modo como mudava o retrato do sexo no cinema americano. Apesar de algumas alterações à peça original de Williams, e alguns cortes de última hora para cumprir com os Códigos de Produção de Hollywood, o filme foi devastado com uma enorme onda de criticismo, para não falarmos em total condenação, pelas suas conotações eróticas e evidentes referências sexuais. Mesmo assim foi um grande sucesso, tendo conseguido 12 nomeações ao Óscar, tendo apenas ganho quatro (incluindo Melhor Actriz e Melhor Actor/Actriz Secundários).
Foi realizado pelo cineasta independente Elia Kazan, que já tinha dirigido a primeira adaptação teatral da peça. O elenco era constituído na sua maioria por actores que tinham colaborado na adaptação teatral de Kazan, principalmente Marlon Brando, que aqui participava na sua segunda obra cinematográfica. A principal mudança era a inclusão da actriz Vivien Leigh, como Blanche, repetindo o papel que tinha interpretado na primeira adaptação inglesa da mesma peça, dirigida na altura pelo então marido Laurence Olivier. Era o seu papel mais icónico desde a sua participação em "Gone With the Wind", como Scarlett O´Hara. Doze anos passaram entre estes dois filmes, que valeram dois Óscares a Vivien Leigh.
O que é tão impressionante neste filme, mesmo hoje em dia, é a intensidade sensual e o realismo, em vez da prosa altamente estilizada da peça, e, como é óbvio, os cenários teatrais. O cenário claustrofóbico (que quase faz lembrar uma cela num asilo), e a fotografia quase noir criam um sentimento sufocante de opressão, que reflecte e acentua a crescente tensão sexual na casa dos Kowalski, e a descida à degradação mental de Blanche. Até a música é profundamente evocativa, sugestionando a atmosfera de um bordel barato de Paris.

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