quarta-feira, 17 de março de 2021

Cega Paixão (On Dangerous Ground) 1951

Amargurado pelos anos de contacto direto com a escória da sociedade, um duro detetive de polícia (Robert Ryan) é designado para investigar a morte de uma jovem fora da cidade. Logo conhece o pai da vítima, e fica com o desejo de vingança. Acaba por se envolver com uma jovem cega (Ida Lupino), que pode ser a irmã do assassino. 
Nicholas Ray nunca foi o tipo de realizador que facilitasse, nem que isso o ajudasse no box-office, por isso a imagem do polícia intransigente em "On Dangerous Ground" acaba por não ser uma surpresa. Contudo, as audiências no início dos anos cinquenta não estavam preparadas para esta história, que incluía um detective sádico a tentar apanhar um assassino que podia ser um doente mental. Mesmo um final quase milagroso não salvou o filme do desastre bilheteiras, levando a RKO a perder 450 mil dólares na altura da estreia, que para aqueles tempos era uma soma bem considerável. 
A história de um polícia que procura um assassino deficiente mental e se apaixona pela sua irmã, foi submetida à RKO como um possível futuro projecto de Ray, contudo os leitores do estúdio consideraram que este projecto seria inadequado para ser filmado. É aqui que entra o produtor John Houseman, que queria terminar o contrato com a RKO e afastar-se do seu errático dono, Howard Hughes. Houseman conseguiu garantir os direitos do livro quando Ryan mostrou interesse no papel de protagonista, e, já com três talentos associados ao projecto, a RKO decidiu dar luz verde para se iniciarem as filmagens. Houseman descreveu o tempo que esteve a trabalhar para a RKO como o pior e mais negro momento da sua carreira, trabalhando numa atmosfera desagradável e improdutiva, que não podia ter sido mais distante dos dias que trabalhou com Orson Welles e o The Mercury Theater. Felizmente Houseman e Nicholas Ray deram-se bem nos vários filmes em que trabalharam juntos. O valioso membro anónimo em "On Dangerous Ground" era o argumentista A.I. Bezzerides, que adaptou o livro de Gerard Butler em colaboração com Ray.

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