sexta-feira, 14 de agosto de 2020

A Colmeia (La Madriguera) 1969

Um casal tem uma vida boa e tranquila, resultado do seu trabalho e investimento. Sem razão aparente, eles isolam-se em casa e deixam de ter qualquer contato com o mundo exterior. Começam, então, a colocar em causa a sanidade e a vida conjugal entre os dois.
Um filme que não é apenas um dos grandes resultados da união criativa e conjugal entre Carlos Saura e Geralfine Chaplin, como também um dos raros casos em que o ambiente, neste caso a casa, assume o papel principal. A enorme casa de concreto, abstrata e pré-minimalista, transforma-se durante toda a execução do filme, abrindo o caminho para a paranóia das duas personagens principais. As imagens que Saura produz são enigmáticas, surrealistas, e de uma forma estranhamente terapêutica. É provavelmente um dos filmes mais interessantes e contemporâneos do realizador, embora não seja muito reconhecido.
Estreado no festival de Berlim de 1969, era a segunda colaboração de Saura com o produtor Elías Querejeta e o argumentista Rafael Azcona, embora Chaplin também tenha dado uma mão no argumento. Esta colaboração entre Saura, Querejeta e Azcona estender-se-ia ao longo da década seguinte, em filmes mais conhecidos, como "O Jardim das Delícias" (1970), "Ana e os Lobos" (1973) ou "A Prima Angélica" (1974) todos eles cobertos por um simbolismo em que as memórias, os regressos à infância, ou as relações familiares não só definiam as personagens como também permitiam uma leitura crítica do passado e do presente, num país em que a ditadura moribunda dava os seus últimos golpes.

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