Itália, inicio dos anos trinta. Em "La Maison" de madame Ainda (Pina Cei), um "bordel" destinado aos sonhos proibidos dos prazeres da carne e do amor, é o local onde se cruzam os destinos de Salomé (Mariângela Melato), uma anarquista que deseja vingar a execução do seu noivo, morto injustamente por uma multidão enfurecida, de Tonino (Giancarlo Giannini, um ingénuo camponês que também procura vingança pela morte de um grande amigo e de Tripolina (Lina Polito), uma menina que, de alguma forma, quer vingar a morte do seu pai falecido durante a guerra. Três pessoas humildes e sofridas que unidas pela dor, procuram suas vinganças e se entrelaçam no amor e nos sonhos.
Neste filme, Lina Wertmuller incorpora muitos detalhes Fellinescos: o trabalho de câmara de Giuseppe Rotunno, as harmonias características de Nino Rota, prostitutas a fazer música e a vender os seus produtos, e até uma personagem feminina que implora ao seu público que respeite pelo seu passado de estrelato (tal como a Mademoiselle Fifi em "8 e 1/2"), mas o objectivo da realizadora dificilmente poderia ser mais diferente de Fellini. Basta observar "Amarcord" e depois este "Filme de Amor e Anarquia" para perceber quanto diferentes podem ser duas vozes narrativas com articulações estilísticas semelhantes.
Wertmuller deriva muito do seu poder de misturar política com as emoções universais desagradáveis. Ela criou o oposto do épico, trabalhando a partir de detalhes psicológicos caseiros, com a grandiosidade épica a ser reservada para representar os fascistas. Retratando o medo e a vulnerabilidade Wertmuller encontra novas dimensões, uma exploração mais completa da relação entre política e vida do que em "O Conformista", de Bertolucci, com o qual este filme foi comparado.
Gincarlo Giannini ganhou o prémio de Melhor Actor no festival de Cannes.
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