sábado, 9 de maio de 2020

40 dias 40 filmes – Cinema em Tempos de Cólera: "Themroc", de Claude Faraldo

O Jornal do Fundão, os Encontros Cinematográficos, o Lucky Star – Cineclube de Braga, o My Two Thousand Movies e a Comuna associaram-se nestes tempos surreais e conturbados convidando quarenta personalidades, entre cineastas, críticos, escritores, artistas ou cinéfilos para escolherem um filme inserido no ciclo “40 dias, 40 filmes – Cinema em Tempos de Cólera”, partilhado em segurança nos ecrãs dos computadores de vossa casa através do blog My Two Thousand Movies. O trigésimo nono convidado é o músico Adolfo Luxúria Canibal, que escolheu Themroc de Claude Faraldo, dizendo-nos «o confinamento ou a libertação da vida.»

Sinopse: Retrata a revolta de um trabalhador contra o quotidiano de miséria a que se encontra submetido. O seu despertar leva-o à procura do fruir dos instintos mais primitivos reprimidos pela domesticação da sociedade industrial, e ao repelir das instituições causadoras dessa repressão. Sem linguagem conceptual durante todo o filme, uma obra prima de crítica à civilização.

Numa entrevista de 2005 ao jornal L'Humanité, e quando lhe perguntaram qual achava ser o seu lugar no cinema francês, Faraldo disse que “em lado nenhum. Eu não conhecia o cinema. Não era cineasta nem sequer cinéfilo. Tinha visto alguns filmes, e é tudo. Nunca me tinha aproximado de uma câmara e nem sequer sabia que se podiam mudar as ópticas. Era uma época diferente da sociedade e talvez do cinema. Era apenas motorista de entregas, o que é contado em Bof, filme que podia mentir mas não mente. 
“Bof foi tirado dos cinemas e Langlois passou-o na Cinemateca. Descobri esse senhor gordo que parecia conhecer e amar o cinema. Apresentou-me a umas pessoas. É preciso dizer que eu era contra o parisianismo. Em minha casa, éramos comunistas, adorávamos Montand e Aragon. Os outros todos eram intelectuais que falavam. O cinema não era razoável. Com Themroc, quis fazer um filme que valesse e por si só e não trouxesse analogia nenhuma, é por isso que não há lá linguagem nenhuma. Nunca senti que tivesse um lugar no cinema.”

Amanhã, a escolha de Andy Rector.

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