sexta-feira, 8 de maio de 2020

40 dias 40 filmes – Cinema em Tempos de Cólera: "Céline et Julie vont en Bateau", de Jacques Rivette

O Jornal do Fundão, os Encontros Cinematográficos, o Lucky Star – Cineclube de Braga, o My Two Thousand Movies e a Comuna associaram-se nestes tempos surreais e conturbados convidando quarenta personalidades, entre cineastas, críticos, escritores, artistas ou cinéfilos para escolherem um filme inserido no ciclo “40 dias, 40 filmes – Cinema em Tempos de Cólera”, partilhado em segurança nos ecrãs dos computadores de vossa casa através do blog My Two Thousand Movies. O trigésimo oitavo convidado é a cineasta Sílvia das Fadas, que escolheu Céline et Julie vont en Bateau do misterioso cineasta francês Jacques Rivette, comentando simplesmente: «Para uma explosão de alegria incandescente.»

Sinopse: Viagem ao "outro lado do espelho" em que Julie é o Coelho Branco que leva Céline (Alice) para o seu mundo fantástico de magia e histórias rocambolescas. A frescura, a irreverência e o sonho (e a memória dos grandes "serials" americanos) no mais acessível e divertido filme de Rivette.

Em Sexual Politics and Narrative Film, Robin Wood disserta sobre esta obra de Rivette, escrevendo que “os créditos atribuem o argumento a Juliet Berto (Céline), Dominique Labourier (Julie), Bulle Ogier, Marie-France Pisier e, finalmente, Rivette, "em diálogo com" Eduardo di Gregorio; as mulheres trabalharam os seus próprios papéis e determinaram todo o progresso do filme, com Rivette a fornecer apenas um ponto de partida sugerido. Com Berto e Labourier em particular, a distinção entre actor e personagem é continuamente ofuscada: temos muitas vezes a impressão que Céline e Julie estão a construir o filme das suas imaginações, enquanto avança. Em lugar do tradicional progresso de leitura através do qual se decifra um trabalho previamente construído para se poder chegar e partilhar da posição privilegiada de conhecimento do autor, aqui partilha-se, a um grau invulgar, do processo de construção, tornando-se a divisão entre isso e o processo de leitura mais estreita do que em qualquer filme de ficção anterior em que consiga pensar. Ao mesmo tempo, o processo de leitura tradicional é levado a primeiro plano com as tentativas de Celine e Julie em decifrar a história dentro da "Casa de Ficção," vivenciadas inicialmente em fragmentos tentadores: elas tornam-se as leitoras de um romance, espectadoras numa peça, o público numa sala de cinema (debatendo, a dada altura, se deveria ou não haver um intervalo, e decidindo contra)—mas os leitores/espectadores que recebem miraculosamente o poder de entrar na ficção, intervêm na acção, e mudam o desenlace predeterminado.” 

Amanhã, a escolha de Adolfo Luxúria Canibal.

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