sábado, 4 de maio de 2019

O Vale Era Verde (How Green Was My Valley) 1941

A história decorre no virar do século (XIX/XX), numa pequena aldeia mineira em Gales. O casal Morgan compõe canções sobre as minas de carvão e cria os seus filhos na esperança de que estes tenham uma vida melhor que a deles.
"The Grapes of Wrath, The Long Voyage Home e Tobacco Road, são, muitas vezes, englobados numa chaveta comum: a "trilogia social" do realizador. A etiqueta presta-se a equívocos mas há, inegavelmente, uma atmosfera comum nessas obras, baseadas, todas, em escritores (Steinbeck, O´Neill, Caldwell) enquadráveis no chamado "realismo americano".
Mas Ford não era homem para se prender a um género ou a uma "escola". E, em 1941, depois desses três filmes, iniciou as filmagens de "How Green Was my Valley", adaptação de um escritor - Richard Llewllynn - que nada aparentava ao realismo.
Último filme de Ford , antes de ser mobilizado (só quatro anos depois, em 1945, o cineasta voltaria à ficção) foi um dos maiores êxitos da sua carreira. Obteve seis Óscares (Melhor Filme, Melhor Realização, Melhor Interpretação Masculina Secundária - Donal Crisp, Melhor Fotografia, Melhor Direcção Artística, Melhores Cenários), valendo, como já se disse, a Ford, o seu terceiro Óscar (segundo consecutivo) e batendo, como melhor filme do ano, o célebre Citizen Kane. 
Contudo, para muita gente, estas distinções foram ambíguas, pois pareceram premiar o "classicismo" contra o "modernismo". E não faltou quem dissesse que na carreira de Ford este filme marca uma viragem de 180º. O "revoltado" Ford de "The Grapes of Wrath" aparecia, aqui, como extremo defensor dos valores menos associados à revolta: Deus, Pátria e Família. E desposaria o ponto de vista de Donald Crisp na sua tenaz oposição à greve e aos sindicatos ("socialista nonsense"), exaltando a figura do Pai ("homens como o meu pai não podem morrer") e o sacrifício do amor de Pidgeon por O´Hara por razões de sacerdócio. Para os que sempre chamaram ao autor de "Young Mr. Lincoln" reacionário, puritano, beato e outros mimos, "How Green Was My Valley" surgiu como a perfeita exemplificação de tais atributos."
É com estas palavras de João Bénard da Costa sobre "How Green Was My Valley" que terminamos este ciclo sobre os filmes de John Ford realizadores entre o início do cinema falado, e a altura em que ele partiu para a Guerra. Espero que tenham gostado, penso que daqui a uns tempos farei o mesmo para os filmes de Howard Hawks. Até já, o próximo ciclo começa já a seguir.

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