domingo, 3 de março de 2019

O Perfume da Senhora de Negro (Il Profumo della Signora in Nero) 1974

Silvia (Mimsy Farmer) é uma jovem aparentemente bem ajustada na vida, com um emprego estável (como química) e um namorado. Quando não está a trabalhar, podem encontra-la a jogar ténis ou a participar em eventos sociais. No entanto, começam a acontecer-lhe fenómenos estranhos: começa a ver coisas que podem não ser reais, como uma mulher misteriosa vestida com um vestido preto. Também começa a ter visões estranhas da sua infância - memórias, talvez - que há muito tempo esqueceu.
Pintor, actor ocasional, argumentista, Francesco Barilli fez a sua estreia nas longas metragens com este muito peculiar giallo, que é ostensivamente sobre a descida de uma jovem à loucura, mas, como ele próprio explica, o filme é um híbrido de duas ideias. Barilli lançou o conceito da loucura para os produtores do filme, mas como o argumento foi desenvolvido em conjunto com Massimo D'Avak, acabou por se transformar em algo diferente, que eu não posso falar. 
Quando de fala em giallos, a imagem de um assassino com luvas pretas a espreitar numa esquina vem muitas vezes à mente, embora nem todos os filmes do género estejam vinculados a esta característica. Em termos de conteúdo, as duas influências mais obvias de Barilli em "O Perfume da Senhora de Negro" são "Don´t Look Now" de Nicolas Roeg, e "Rosemary´s Baby" de Roman Polanski. O estilo cinematográfico de Polanski teve uma influência inegável neste filme de Barilli, e não só no filme mencionado mas também com "Repulsa". 
Embora a estrutura narrativa possa por vezes parecer um desafio, o climático "payoff" é estranhamente adequado e torna tudo o que se passou até então bastante claro. Entre os visuais hipnóticos, o ritmo perfeito e a banda sonora evocativa de Nicola Piovani, este é sem dúvida um dos giallos mais surpreendentes. 

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