quarta-feira, 28 de novembro de 2018

O Despertar da Mente (Eternal Sunshine of the Spotless Mind) 2004

Joel (Jim Carrey) descobre que a namorada Clementine (Kate Winslet) o apagou da memória, a ele e à relação tumultuosa de ambos. Joel contacta então o inventor do processo, o Dr. Howard Mierzwiak, para também ele remover Clementine da sua mente. Mas à medida que as suas memórias vão sendo apagadas, Joel redescobre o seu amor por Clementine e torna-se óbvio que ele não a vai conseguir tirar da cabeça.
Nos seus argumentos anteriores, particularmente "Being John Malkovich" (1999) e "Adaptation" (2002), Charlie Kaufman brincou com as nossas cabeças, o que faz novamente em "Eternal Sunshine of the Spotless Mind", só que desta vez brincou também como os nossos corações, fazendo novamente equipa com o realizador Michel Gondry que tinha feito a sua estreia na realização com outro argumento de Kaufman, "Human Nature" (2001), e o resultado seria uma ode aos altos e baixos do amor romântico. 
Embora Kaufman tenha escrito o argumento, a história original foi inventada por  Pierre Bismuth, um francês amigo de Gondry. O cenário básico lembra-nos o grupo da extrema esquerda da Nouvelle Vague (Agnes Varda, Alain Resnais, e principalmente Chris Marker) e a sua obsessão com a memória, a identidade e a impossibilidade de diferenciar o real do imaginário. A memória torna-se a chave para a identidade, o que é destacado por uma subtrama envolvendo uma secretária de Lacuna chamada Mary (Kirsten Dunst) que enfatiza como o apagamento selectivo da memória pode alterar para sempre a percepção da pessoa que somos. 
Apesar de todas as voltas e reviravoltas o filme é basicamente uma história de amor e centra-se na natureza da dupla atracção. Joel e Clementine são atraídos porque ele é introvertido e ela é selvagem, mas ao longo do tempo essas qualidades perdem o seu charme o que os torna aborrecidos. No final faz-se a pergunta: será que os bons tempos valem a amargura?
Filme escolhido pelo Nuno Fonseca.

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