sábado, 28 de fevereiro de 2015
Acto da Primavera (Acto da Primavera) 1963
"Este filme surgiu, quando Oliveira andava por Trás-os-Montes à procura de moinhos que satisfizessem o seu imaginário para fazer um filme sobre o pão. Aconteceu que numa dessas viagens encontrou junto à estrada 3 grandes cruzes em madeira tosca. Curioso por saber a sua utilidade, depressa lhe disseram que serviam para uma festa popular, sobre a paixão de Cristo.
Oliveira neste filme mostra-nos um jogo entre a vida material, a mundaneidade de um homem que se julga imortal e um outro homem frágil, crente e submisso a Deus, que será a sua salvação. É entre este jogo carnal, espiritual que Oliveira dá um toque de sensibilidade, quando Maria Madalena beija os pés de Cristo, deixando os seus cabelos deslizarem sobre a pele dos pés. Por outro lado, é a submissão do homem a Deus e por outro, um acto de carinho, compaixão, por um homem igual aos outros que está ali a sofrer pelos outros homens.
Numa outra instância, é a transfiguração de uma festa secular, enraizada num povo, numa cultura cristã , da qual Manuel de Oliveira comunga em profundidade por ser cristão. É um elogio do realizador às pessoas daquela região. Gente virada para o cultivo da terra e para o cultivo de Deus - ser omnipotente, que tudo lhes concede e lhes tira.
É preciso não esquecer que este é o segundo filme de ficção de Oliveira e apesar de mais uma vez o público não ter correspondido a mais uma obra de Oliveira, ou por incompreensão, ou por não gostar, a verdade é que este foi sem dúvida mais um grande filme deste cineasta portuense." Daqui
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