quinta-feira, 27 de novembro de 2014
Um Verão de Amor (Sommarlek) 1951
Marie (Maj-Britt Nilsson) é uma bailarina clássica não muito jovem que, ao encontrar um antigo diário, recorda um verão que passou com Erland (Georg Funkquist), um possessivo tio que vivia com a sua cancerosa esposa (Renée Björling) numa ilha perto de Estocolmo. Lá Marie faz amizade com um inocente jovem, Henrik (Birger Malmsten), por quem ela se apaixona. Quando o verão está para terminar os jovens amantes estão muito envolvidos, mas algo trágico irá acontecer.
Em 1958, em resposta a uma retrospectiva francesa dos filmes de Ingmar Bergman, que na altura tinha 19 filmes realizados, Godard publicou um artigo nos Cahiers du Cinema, comparando efusivamente a obra do realizador sueco com a de outros como Orson Welles, Jean Renoir, Alfred Hitchock, e Roberto Rossellini. Por esta altura já Bergman tinha realizado alguns dos seus melhores filmes, mas Godard reservou os mais belos elogios para este "Sommarlek", que considerou "o mais belo dos filmes".
É interessante perceber porque é que Godard ficou tão tocado por este filme, já que não é dos mais famosos nem reconhecidos filmes do realizador, embora tenha desempenhado um papel importante na formação da sua identidade cinematográfica, apontando para a direcção que o realizador tomaria nos seguintes anos. Era um projecto muito pessoal, que derivava directamente das memórias de um caso amoroso do realizador. Bergman chegou a dizer que este filme era mesmo uma reviravolta na sua carreira, e a primeira vez que um filme realmente lhe odedecia. Talvez este espírito independente, a voz de um artista totalmente envolvido no seu espírito de criação, que Godard viu no filme.
Bergman escreveu a história com o mesmo argumentista do filme anterior, Herbert Grevenius, e é construida em torno de uma estrutura em flashbacks bastante simples, mas bastante eficaz, que constrasta a monotonia do presente com a beleza do passado, mas sem resvalar para a generalização fácil, ou a nostalgia.
Com uma intensidade dramática bastante flexível, "Sommarlek" sugere que o esplendor do primeiro amor é passageiro, e que pela sua própria natureza pode ser apenas temporário, embora a sua memória nunca se desvaneça. O filme é estruturado em torno da tragédia e da inocência perdida, e termina com uma nota edificante em que voltar ao passado pode se tornar num meio importante de se compreender o presente.
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