domingo, 26 de outubro de 2014
O Palácio Maldito (The Haunted Palace) 1963
No centro do filme temos a presença familiar de Vincent Price, aqui a ter um duplo papel: no prólogo do filme ele é Joseph Curwen, um suposto feiticeiro, condenado a ser queimado na fogueira pelos assustados habitantes de Arkham, uma povoação de New England afectada pela paranóia da bruxaria. Antes da sua carne ser consumida pelas chamas, ele promete voltar para assombrar a cidade. 110 anos depois, o descendente de Curwen, Dexter Ward, chega à cidade, ele que tem uma estranha semelhança com o seu antepassado, facto que não vai passar despercebido pelo habitantes locais que vivem no terror da ressuscitação de Curwen para os assombrar.
Talvez sem surpresa, "The Haunted Palace" é uma adaptação livre de um conto original de Lovecraft, em grande parte por causa do confronto de um homem com o seu antepassado feiticeiro. Mas onde o Ward de Lovecraft é substituido pelo seu antepassado, Roger Corman e Price preferem seguir por um caminho muito mais metafísico, com o espírito de Curwen a exercer a sua vontade através de uma pintura, e dos seus assistentes, Lon Chaney, Jr. e Milton Parsons. O que se segue, deve muito mais a Poe do que a Lovecraft, com toda a gente em volta de Ward - incluindo a sua pobre e confusa esposa (Debra Paget) - sem saber se ele está possuído pelo seu antepassado, que voltou para cumprir a vingança.
Este cenário permite a Price assumir a posição de um trágico conflito interior, uma dupla personalidade que ajudou a construir o lugar do actor no panteão dos ícones do cinema. Como Ward ele é calmo e educado, com a marca da tristeza do actor, quase sentimos que ele já sente o peso do legado da família antes de Curwen ressurgir. Como Curwen ele transforma-se num maníaco sádico, tanto pela sua voz como pelas expressões faciais, tornado-se mais nítidas e mais agressivas.
Um dos melhores filmes de Roger Corman na década de 60, e uma das suas melhores colaborações com Vincent Price.
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