quinta-feira, 23 de outubro de 2014
Doze Homens em Fúria (12 Angry Men) 1957
A defesa e a acusação estão a descansar, e o júri reuniu-se na sala para decidir se um jovem hispano-americano é culpado ou inocente de ter assassinado o seu pai. O que começa como um caso aberto de assassinato, logo se torna um mini-drama para cada um dos juris despirem os preconceitos acerca da culpa ou não culpa do réu.
Entre 1955 e 1962 mais de meia dúzia de episódios de várias antologias de dramas de televisão foram adaptados para o grande ecrã, que representava um dos primeiros esforços da indústria cinematográfica americana em criar "filmes de arte" nos moldes europeus. O primeiro destes filmes, "Marty", que era adaptado de um drama de Paddy Chayefsky, e que foi realizado tanto para o grande como para o pequeno ecrã por Delbert Mann, foi apenas o segundo filme americano a ganhar em Cannes, foi um êxito tanto de crítica como comercial entre portas, como também ganhou quatro Óscares. Não admirava então, que outros o sucedessem.
Entre os argumentistas de antologias que estavam neste grupo, encontrávamos Reginald Rose. Os dramas de Rose destacavam-se, porque em vez de seguir uma trama solta e se focarem na psicologia individual do cinema de arte europeu, escrevia dramas tensos, estruturados em torno do sistema jurídico e o seu papel crucial no apoio à justiça social.
A este respeito, Rose escrevia o argumento de 12 Angry Men, um filme incisivo e emocionante, realizado pelo estreante Sidney Lumet, e que era um exemplo perfeito da arte de Rose. Passado quase inteiramente dentro dos limites de uma pequena sala de júri, num dia quente de verão e contado em tempo real, "12 Angry Men" usa a deliberação dos jurados de um caso de assassinato, como meio de explorar tanto um olhar crítico sobre os preconceitos do ser humano, como na busca da verdade de um sistema judicial, que pode ser falível. Em "12 Angry Men" Rose mostra que o sistema judicial funciona quando as pessoas envolvidas tomam os seus papéis da forma mais humana possivel, mas deixa no ar que isso também pode não acontecer.
A resistência dos outros jurados para discutir um caso aparentemente fechado é um meio convincente para mostrar que o sistema funciona apenas quando os envolvidos aceitam o peso moral do seu papel, como acontece no caso de Henry Fonda, e que assim continuamente flexiona os outros, que começam a reavaliar o que eles achavam que sabiam, e chegam à conclusão de que a prova não é tão convincente como eles pensavam.
Elenco brilhante, além de Fonda contava com Martin Balsam, Lee J. Cobb, Jack Warden, Ed Begley, Robert Webber, entre outros. Ganhou o Leão de Ouro no Festival de Berlim.
Filme escolhido pelo Nuno Fonseca.
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