sábado, 30 de agosto de 2014

Terror Gótico Italiano

Castelos isolados, corredores empoeirados, nevoeiro, galhos de árvores que nos atingem como se fossem mãos, viajantes encalhados, amantes que conspiram para assassinar, passagens secretas que descem até criptas em deterioração - este é o sumo do terror gótico italiano, um dos mais emocionantes e atmosféricos sub-géneros do cinema.
A idade de ouro do terror italiano começou em 1957, com "I Vampiri", de Riccardo Freda. Este conto maravilhosamente filmado sobre transfusões de sangue, teve origem na lenda de Elizabeth Bathory, que segundo a história preservava a sua beleza banhando-se no sangue de virgens. Mais importante do que isso, foi o primeiro filme a mostrar-nos uma personagem monstro-mulher, um ingrediente recorrente (e fundamental), do cinema de terror italiano, nascido da atitude da cultura em relação à sexualidade feminina, que combinava partes iguais de amor e medo.
Depois de um período calmo do cinema de terror, que já vinha desde meados da década de 40, "I Vampiri" sinalizava a aproximação de uma nova tempestade de cinema de terror, que viria a ultrapassar largamente a dos monstros da Universal dos anos 30 e 40.
Mas o impacto de "I Vampiri" permaneceu relativamente insignificante durante alguns anos. Por mais que o filme fosse respeitado e considerado um dos clássicos do cinema de terror, poucos filmes italianos seguiram o seu rasto, no imediato. Em paralelo desenvolvimento em Inglaterra, os estúdios da Hammer estavam ocupados com a sua própria interpretação de uma diferente lenda - um remake de Frankenstein. O sucesso das produções da Hammer sinalizavam para os cinéfilos de todo o mundo, reviver o poder dos antigos monstros da Universal.
Entretanto filmava-se no México, onde Fernando Mendez realizava "The Vampire" (1957), e em França, onde Georges Franju realizava "Les Yeaux Sans Visage (1959), começando uma vaga de contos horripilantes, e foi aí que os realizadores italianos responderam com uma enxurrada de filmes. Entre 1960 e 1966, os italianos fizeram alguns dos melhores filmes de terror atmosférico já feitos.
Depois de fazer a fotografia de "I Vampiri" e "Caltiki", Mario Bava virou-se para a realização. O seu primeiro filme, "La Maschera del Demonio", é uma obra prima do terror gótico, um dos mais perfeitos filmes de terror de todos os tempos. Com magníficos cenários que evocam um mundo traiçoeiro de sombras (parecido com o do film noir americano), e câmeras que nos arrastam para criptas deterioradas e passagens secretas, "Black Sunday" (como era conhecido na América) criava um mundo de pesadelo, um mundo perto da obra Lovecraftiana, onde as força do mal estavam em constante perigo de emergir das sombras.
"Black Sunday" também nos iria introduzir a um outro ícone do cinema de terror italiano: a face de Barbara Steele. Sem ela este sub-género teria sido, de facto diferente.

Vamos deixar de lado este "La Maschera del Demonio" (mas aqui fica a referência se quiserem ver), que já passou várias vezes pelos thousand movies, e vamos ver cinco obras que são completamente novas para nós. Vamos começar por "I Vampiri", e vamos até 1966, a tal idade de ouro do cinema gótico italiano. Espero que gostem.

Segunda: I Vampiri (1957), de Riccardo Freda

Terça: Il Mulino Delle Donne di Pietra (1960), de Giorgio Ferroni

Quarta: L'Orribile Segreto del Dr. Hichcock (1962), de Riccardo Freda

Quinta: La Frusta e il Corpo (1963), de Mario Bava

Sexta: Operazione Paura (1966), de Mario Bava

PS: no fim poderá haver umas surpresas. 


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