sábado, 16 de agosto de 2014

Ingmar Bergman - Parte 1

Em Hollywood, apaixonar-se é um final feliz. Nos filmes de Ingmar Bergman o amor é apenas o começo, e o final é sempre uma dúvida. Mas a reputação de Bergman pela melancolia não é merecida.Os primeiros filmes de Bergman têm títulos como "Torment" (como argumentista), e "Crisis", mas eles estão cheios de vida, paixão e ternura, pelo menos nestes primeiros tempos.
A carreira de Bergman começou como argumentista em "Torment" (1944), um conto noir-ish sobre um estudante volátil e o seu sádico professor de latim.  Elegantemente dirigido por Alf Sjoberg, o argumento deste filme já tem as marcas de Bergman: personagens vivas, imprevisíveis, franqueza sexual, e uma visão céptica dos pilares culturais, desde o romance à honra. A primeira aventura de Bergman na realização, "Crisis", traz outro elemento de destaque, os pequenos mas poderosos conflitos entre as mulheres, com uma jovem a ficar dividida entre a sua mãe biológica e a mulher carinhosa, mas conservadora, que a criou. As tensões entre mãe e filha persistem em "Cidade Portuária", um dos mais fortes filmes que veremos esta semana, uma jovem rebelde cuja mãe a envia para o reformatório, para lhe impedir os impulsos suicidas, acabando por se apaixonar por um marinheiro. Este breve e deprimente resumo não captura o fluído movimento da câmera, ou a potência emocional do filme, que equilibra a miséria com a ânsia e a esperança.
Há uma vitalidade e frescura surpreendente nas interpretações de todos os filmes de Bergman. Desde o início Bergman desenha algo genuíno dos seus actores, desenvolvendo um estilo visual que consegue ser atraente, embora aparentemente sem esforço, nunca tentando uma visão impressionante, mas simplesmente capturando os momentos inesperados da vida. Os primeiros filmes de Bergman são mais crús que os seus clássicos posteriores, mas por vezes o talento pode ser visto mais facilmente na sua forma menos polida.



Vamos iniciar aqui uma série de ciclos dedicado a este realizador, ainda sem as próximas datas marcadas, mas vamos começar aqui, com os seus cinco primeiros filmes.

Segunda: Crisis (Kris), 1946

Terça: Chove no Nosso Amor (Det Regnar på vår Kärlek), 1946

Quarta: Um Barco para a Índia (Skepp Till India Land), 1947

Quinta: Uma Luz nas Trevas (Musik i Mörker), 1948

Sexta: Cidade Portuária (Hamnstad), 1948

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