segunda-feira, 9 de junho de 2014

Uma Cidade de Amor e Esperança (Ai to Kibô no Machi) 1959


Masao parece ter o mundo inteiro contra ele. O pai morreu, a mãe está doente, e a sua pequena irmão tem uma deficiência mental, e passa a maior parte do tempo a brincar ou desenhar figuras de animais mortos. Masao é um jovem brilhante, mas vê-se na obrigação de arranjar um trabalho para sustentar a família. Ele quer trabalhar, mas a mãe acha que ele deve continuar a estudar para arranjar um trabalho melhor no futuro. Masao faz tudo para trazer algum dinheiro para casa, inclusive vender os pombos de estimação da irmã. No entanto, a venda dos pombos é uma farsa, já que depois de vendidos os pombos regressam a casa, o que faz do negócio ilegal...
Na sua estreia como realizador, Nagisa Oshima apresenta uma análise escaldante e provocante, das pessoas socialmente habilitadas, das interelações entre a pobreza e o crime. Embora fosse um estreante, Oshima já tinha trabalhado com um realizador experiente, como Keisute Kinoshita. Os filmes de Kinoshita na década de 50 eram filmes feministas, eram mitos sobre a bondade humana, o amor romântico e a justiça paternal. Oshima viria a subverter os elementos familiares do melodrama, inaugurando uma direcção artística que incentivava a criatividade não tradicional, e o experimentalismo que viria a definir a futura "new Wave". É interessante notar que a obsessão mórbida da irmã de Masao por animais mortos dá uma impressão do que se tornaria um elemento recorrente nos filmes de Oshima: a repressão, a aberração psicológica profundamente enraizada que se manifestava no incompreensível, e no comportamento muitas vezes destrutivo. O filme é também um documento realista, duro e sentimental, sobre a disparidade da classe social e a inevitabilidade da pobreza.
Legendas em inglês.

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