sexta-feira, 13 de junho de 2014

A Cerimónia (Gishiki) 1971



Os flashbacks de Masuo no tempo presente, permite-nos visualizar a fortuna da familia Sakurada, onde Masuo pertence, e por sua vez, isso reflecte a história do pós-guerra do Japão: tal é a intenção ambiciosa de "Gishiki". É um filme complicado no seu conteúdo, quase underground. Começa com Masuo (Kenzô Kawarasaki) e o primo Ritsuko (Atsuko Kaku) a fazerem planos urgentes para viajar para uma ilha ao largo da costa de Kyushu para descobrirem se alguém chamado Terumichi cometeu suicídio. Oshima não nos dá qualquer indicação de quem é este Terumichi excepto Masuo afirmando na sua narração em voiceover que se Terumichi não tivesse entrado nas suas vidas, eles agora seriam umas pessoas diferentes. A partir daqui, Oshima conta-nos a história em flashbacks para preencher as lacunas.

O filme acompanha o destino e os infortúnios da família Sakadura desde 1946 até à década de realização do filme, através das diversas cerimónias que vão tendo lugar: funerais, casamentos e reuniões. Através do uso magistral dos flashbacks, Oshima revela o passado negro dos Sakadura - expondo os seus antecedentes comunistas e militaristas, os criminosos de guerra e os empresários arrivistas, os atletas ilustres e os patriarcas suicidas – e a sua contribuição para a ascensão económica, bem como para o escalar de um sentimento de embaraço social que grassou no Japão do pós-guerra.
A lógica narrativa fragmentada, apoiando o interrogatório social e representações sublimadas da sexualidade pervertida, "Gishiki" é uma sátira provocadora sobre a natureza amorfa da moderna identidade japonesa que só poderia ter sido forjada na esteira da crescente desilusão de Nagisa Oshima, com a impotência do movimento de esquerda. Este sentimento de destino frustrado e sentido ambivalente dão lugar em uma rápida alteração da paisagem social. 
 Legendado em inglês.

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