segunda-feira, 26 de maio de 2014

A Batalha de Argel (La battaglia di Algeri) 1966



Um filme comissionado pelo governo argelino, que mostra a revolução argelina dos dois lados. A Legião Francesa tinha deixado o Vietname derrotada, e tinha algo a provar. Os argelinos procuram a independência, e dá-se o choque. Os franceses usam a tortura, e os argelinos respondem com o uso de bombas tradicionais. O filme traz um olhar desagradável sobre a guerra, e todos nela envolvidos.
Marco de Gillo Pontecorvo sobre o anticolonialismo, é provavelmente o mais famoso filme sem verdadeiros imitadores ("Z" e outros thrillers políticos são bem diferentes), em grande parte porque os países coloniais costumavam ser os países financiadores desses filmes. Aqui os financiadores eram o país que lutava pela independência, o que traz um ponto de vista totalmente diferente para o cinema político. Os argelinos são mesmo o centro das atenções do filme, mas mesmo isso não é o que nos faz simpatizar com eles. Pontecorvo faz-nos entender a podridão da guerra, que nenhum dos lados é inocente, pois os argelinos fazem explodir bombas em cafés que matam inocentes, e os franceses que com a sua tecnologia massiva, também matam inocentes.
Antes das grandes revoluções serem televisionadas, o cinema político permitia que as grandes populações contemplassem a uma certa distância as maquinações e as consequências das agitações violentas. Em "A Batalha de Argel" os avanços técnicos permitiram à narrativa fundir-se com a estética documental e formular um novo tipo de realismo. Pontecorvo mergulha nesta estética, que pode ser o maior filme sobre a insurreição, perfilando a luta da Argélia pela independência em tal detalhe e agitação que muitas cenas parecem tiradas directamente de um Telejornal da actualidade. Pontecorvo desliga-se dos aspectos mais emocionais, e adopta a táctica da "câmara ao ombro", não apenas para estabelecer o efeito documentário, mas também para fazer sobressair o impacto de cada tiroteio ou explosão, como uma experiência profundamente pessoal.
Acção e reacção são inevitáveis, assim como a banda sonora memorável de Ennio Morricone, utilizando o mesmo tema para cada um dos lados, é uma banda-sonora perturbadora.  Três nomeações ao Óscar, e três prémios no festival de Veneza, incluindo o Leão de Ouro.

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