domingo, 9 de março de 2014
Duas Horas da Vida de Uma Mulher (Cléo de 5 à 7) 1962
Este filme mostra-nos Cléo, uma cantora francesa que tem medo de receber o resultado de um teste do médico. Ela acredita que tem cancro, e irá morrer da doença. Seguimo-la durante duas horas da sua vida, enquanto cruza as ruas de Paris. No final, ela conhece um soldado que irá para a guerra da Argélia no dia seguinte.
Cléo é reminiscente dos protagonistas de Agnès Varda, Le Pointe Courte, o primeiro filme da realizadora, os amantes problemáticos alheios a tudo a não ser aos seus próprios problemas. Mas Cléo é uma personagem muito mais apelativa, ela é inteligente e imprevisível, o que torna o filme muito mais acessível. O desempenho de Corinne Marchant é subtil e cativante, induzindo em Cléo um misto de tristeza e arrependimento, um medo desesperado da morte que ela tenta esconder com jogos e distrações.
O estilo de Varda continuamente tenta chamar a atenção pelos modos mais disruptivos, o cartão de visita da Nouvelle Vague, mas ao contrário de Godard, cujas disjunções foram inicialmente motivadas pela economia e conveniência, em Varda é tudo mais proposital. Ficamos com a sensação de que nos filmes de Godard desta altura os floreios estilísticos estão lá para a sua própria protecção, aqui são motivados pela necessidade da história.
Até certa altura, Varda continuamente ajusta e critica a posição da sua própria protagonista, assumindo uma prespectiva mais democrática. Ao longo do filme, legendas aparecem ocasionalmente para narrar o avanço do tempo, das 5 às 7. Embora estas legendas sejam muitas vezes precedidas do nome de Cléo, são também dedicadas a outras personagens, que tomam posse momentânea da narrativa, oferecendo pequenos vislumbres das suas próprias vidas, e preocupações quando interagem com Cléo. Muitas vezes, estes personagens vão mesmo expressar os seus pensamentos na narração.
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