quinta-feira, 28 de novembro de 2013
Ladrões de Bicicletas (Ladri di Biciclette) 1948
No pós-guerra em Roma, os empregos são escassos e as famílias passam fome. Quando lhe é oferecido um emprego de colar cartazes para o conselho da cidade, Antonio Ricci aceita de bom grado, mesmo sabendo que tem de fazê-lo na sua própria bicicleta. Ricci consegue juntar dinheiro suficiente para recuperar a sua bicicleta penhorada e olha em frente para o seu primeiro trabalho pago em meses. No entanto, no primeiro dia de trabalho, a bicicleta é roubada e Ricci não tem outra opção a não ser tentar recuperá-la. Com o filho, Bruno, sai para procurar a bicicleta roubada pela cidade, pela qual ele tanto depende...
Obra-prima indiscutível de Vittorio De Sica, "Ladri di Biciclette" é considerado como um dos filmes mais importantes feitos em Itália, e muitas vezes figura na lista dos dez melhores filmes de sempre. Junto com Roma, Cidade Aberta (1945) de Rossellini, definiu a tendência emergente do neo-realismo, movimento que contribuiu para o crescente reconhecimento internacional do cinema italiano nas duas décadas seguintes. O filme em si foi tão bem recebido quando foi lançado pela primeira vez nos Estados Unidos que ganhou um Óscar especial em 1949, sete anos antes da categoria Melhor Filme Estrangeiro ser introduzida.
Embora modesto na escolha do assunto e estilo cinematográfico, Ladri di Biciclette é uma obra de profunda humanidade que deixa uma impressão indelével no seu espectador. É um filme que mostra o melhor e o pior da natureza humana, informa-nos sobre a força e a falibilidade do espírito humano em circunstâncias de extrema penúria. Conta-nos verdades universais numa linguagem simples, com ironia e até mesmo um pouco de humor, tornando-o acessível para publico de todo o mundo. Como é que perder uma bicicleta poderia ser um assunto tão sério? Este filme responde a essa pergunta com muita força e não tem dificuldade em convencer-nos de que, para um homem e a sua jovem família, a recuperação da bicicleta roubada é a coisa mais importante do mundo.
Na sua forma mais simples, o filme é um conto moral extraordinariamente poderoso. A conclusão dolorosamente simples é que, é melhor ser honesto e passar fome do que recorrer ao crime, qualquer que seja a provocação. Num momento de desespero, Ricci sente que não tem outra alternativa a não ser recorrer ao próprio roubo para resolver a sua situação - mas, como ele logo descobre, esse caminho leva-o mesmo a grande desespero e humilhação. O modo com que este segmento final do filme é construído e filmado é notável, atingindo um nível quase insuportável de tensão dramática.O último shot do filme oferece uma evocação do poder da mensagem mais simples, uma que pode ser encontrada em praticamente todo o cinema neo-realista: a vida pode ser difícil, injusta, mas nós temos que fazer o melhor dela.
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