quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Golden Age of Porno

Porquê "Golden Age"? Considere-se que entre 1972 e 1983, a pornografia - não os filmes sexy de Hollywood, não a sexploitation atrevida, nem os filmes de arte europeus, mas a pura, e descarada pornografia - contabilizou 16 por cento das bilheteiras dos cinemas nos EUA. E, no entanto, 16 por cento dos cinéfilos americanos na década de 70, eram mais do que, apenas os velhos com gabardines que usualmente frequentavam estes cinemas. O que estava a acontecer? A resposta poderia ser descrita em duas palavras: Revolução Sexual.
 Todos já conhecemos os clichés que trouxeram os anos 60. Alguns chavões para definir esta década: a pílula. Satisfation. Woodstock. "Make love, not war". A mini saia, e assim por diante. Nos filmes, alguns sinais da mudança dos tempos: Em 1970, "Midnight Cowboy" foi o primeiro - e último - filme X-Rated a ganhar um Oscar de Melhor Filme (para não falar de Melhor Realizador para John Schlesinger). Dois anos depois, Marlon Brando faria o seu grande regresso com o "O Padrinho", e outro filme que alguns afirmam ser a sua última representação levada a sério: Paul, o viuvo expatriado em O Último Tango em Paris (1972), que mergulha num caso com uma mulher mais jovem, com um apetite sexual voraz. Piadas sobre a manteiga encontravam-se por todo o lado, e se as queríamos perceber tínhamos de ver o filme.


Foi nesta atmosfera que muitos americanos decidiram que talvez fosse bom ver algo ainda mais vigoroso. Talvez o primeiro sucesso de bilheteira de um filme pornográfico que as pessoas não tivessem vergonha de ver numa sala, foi Pornography in Denmark (1970), no qual o pioneiro de San Francisco Alex de Renzy realizou entrevistas com os dinamarqueses imediatamente depois do seu país acabar com a censura por completo. "Pornography in Denmark" foi distribuído pela Sherpix, creditado com a primeira longa-metragem de ficção, de hardcore, ao lado de Mona: The Virgin Nimph (1970) e o primeiro filme em 3D de hardcore,  The Stewardesses (1970). 
Em 1971, o New York Times tinha considerado San Francisco como "A Capital Porno da América." Em 4 de julho de 1969, Jim e Artie Mitchell tinham aberto o O'Farrell Theater, onde iriam mostrar filmes inovadores, como Autobiography of a Flea (1976). Os irmãos Mitchell também fariam uma estrela de uma das "Ivory Soap girls" originais, Marilyn Chambers. Atrás da Porta Verde (1972) é um filme psicadélico, arty, muito "porno à San Francisco", que, no entanto, tornou-se uma obra central no debate sobre a pornografia. Os defensores de Chambers viram-na como uma mulher normal que se descobre através do sexo. Os opositores viram a sua personagem como escravizada e humilhada ... Artie e Jim Mitchell adoravam esta guerra, porque vendiam bilhetes atrás de bilhetes.
A San Francisco dos anos 70 também era a Meca para onde se dirigiam gays, lésbicas, bi e transexuais, e toda a gente cuja sexualidade não era bem-vinda no país ou no local de origem. Wakefield Poole é creditado como realizador do primeiro filme gay moderno incondicionalmente para adultos, "Boys in the Sand", filmado em Fire Island e estreado em Nova York, em Dezembro de 1971. Mas para Poole, San Francisco era como estar em casa, além de outras obras, ele ainda fez um documentário sobre a Parada do Orgulho Gay em 1974, antes de abandonar os filmes no final dos anos 80.
Mas de volta à década de 70, especificamente ao ano de 1972, o ano em que a pornografia realmente rompeu para o mainstream. O realizador Gerard Damiano desencadeou o processo com Garganta Funda, em junho do mesmo ano no New World Theater na 49th Street em New York City. Reportou-se que, entre aqueles que apanharam lugar na primeira fila encontravam-se Frank Sinatra, Spiro Agnew, Warren Beatty, Truman Capote, e, claro, Bob Woodward. Para o crítico do New York Times, Vincent Canby, o sucesso do filme era simplesmente uma questão de pura sorte, uma confluência de forças sociais. Mas, na realidade, a pornografia aos cinemas tinha chegado para ficar.
Damiano foi um sortudo, dando início a uma era que esse mesmo jornal chamou de "porn chic". Garganta Funda era conversa de televisão, e graças a todo o alarido tornou-se num dos maiores sucessos de 1972. Também fez uma celebridade de Linda Lovelace, uma figura controversa, que mais tarde afirmou que foi obrigada a representar em todos os seus filmes porno em que entrou, com uma arma apontada.
E quanto a Garganta Funda como um filme? Bem, a história é baseada numa premissa bastante invulgar. Uma mulher, Lovelace, faz uma visita a um médico, reclamando que nunca conseguiu ter um orgasmo. O Dr. Young (Harry Reems) descobre a causa: o seu clitóris está localizado na garganta. Apesar do humor, era uma inovação bem-vinda ao género. A maioria argumenta que outro blockbuster da pornografia de Damiano, do mesmo ano, "Devil in Miss Jones", é o melhor filme deste movimento.Mas isso é uma coisa que descobrirão ao longo desde filme
Outro marco da "Idade de Ouro" que deve ser mencionado, "The Opening of Misty Beethoven (1975), de  Radley Metzger, amplamente considerado como um dos melhores, e vencedor do primeiro prémio anual do Erotic Film Festival. Claro, também atirou Metzger para fora do softcore, assinando com o nome de Henry Paris os seus filmes.

Este ciclo que iremos seguir nos próximos dias, já tinha sido realizado no My One Thousand Movies. Mas este vai ser um pouco mais completo, irá incluir filmes que não foram vistos anteriormente, como "Boys in the Sand", ou "Debbie Does Dallas". Vão ser cerca de 16 filmes. Espero que gostem.
 

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