domingo, 11 de agosto de 2013
Venus in Furs (Paroxismus) 1968
Em Istambul, um trompetista de jazz puxa o corpo assassinado de uma jovem mulher do mar. Ele lembra-se dela quando a viu na festa de um playboy milionário e depois viu-a ser agredida e violada pelo anfitrião e duas outras pessoas. Confuso, Jimmy, o músico, parte para o Rio, onde encontra a companhia da solidária Rita, uma cantora que o convida a viver com ela e o ajuda a recuperar o equilíbrio e a capacidade musical. De repente, entra na sala uma mulher que se parece com Wanda, a vítima da praia. Jimmy segue-a, não se importando se ela está viva ou morta. O que estará a acontecer?
Vênus in Furs de Jess Franco - muitas vezes apontado como a maior obra do autor espanhol - inclina-se mais para a avant-garde, mas, principalmente, evita a armadilha do surrealismo. Impregnado com uma atmosfera de decadência lânguida, definida por uma batida jazzy, que começava a ser normal nos filmes do realizador, é uma história de fantasmas erótica, de obsessão e vingança que, nos seus melhores momentos é estranhamente convincente e hipnótica. Nada é realmente explicado neste filme, mas o seu feitiço sonhador é potente o suficiente para fazer com que este facto tenha pouca importância. Tal como acontece ao jazz de improviso, só temos que nos render ao clima e seguir com ele.
Venus in Furs (AKA Paroxismus) é uma peça muito bem conseguida, tanto estilisticamente como tecnicamente, um filme de arte com elementos de horror cujo erotismo é provocativo sem se tornar vulgar. Imagem e som são uma parte integrante muito importante - os compositores Manfred Mann e Mike Hugg capturam perfeitamente o espírito e o tom de sonho erótico de Franco. Mesmo que estejam longe do Leone de "Aconteceu no Oeste", as imagens do filme e a música estão perfeitamente sincronizadas que poderíamos pensar que a banda sonora foi composta de antemão e a parte visual foi feita especificamente para acompanhá-la.
Venus in Furs é um dos favoritos pessoais de Jess Franco, de entre a sua lista colossal de filmes selvagens. Apesar do seu título em Inglês ser amplamente conhecido, apenas partilha o título e o nome da anti-heroína Wanda com a obra de Leopold von Sacher-Masoch, o infame fundador da literatura masoquista. Na verdade, o filme de Franco foi inspirado por uma conversa que Franco teve com o trompetista de jazz Chet Baker sobre os costumes da contracultura, e foi, nos seus primeiros rascunhos, um drama romântico interracial. Este aspecto ainda está presente na narrativa, mas o pouco entusiasmo dos produtores fez com que Franco reescrevesse a história para voltar ao tema que obsessivamente retratava nesta fase da sua carreira: a femme fatale sepulcral consuminda pelos seus tormentos e amantes.
Legendado em português.
Critica do theresomethingouthere aqui.
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Imdb
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