quinta-feira, 27 de junho de 2013
Wanda (Wanda) 1970
O primeiro e único filme da realizadora Barbara Loden, "Wanda" é um drama esquecido que usa a técnica da improvisação e uma abordagem semi-documental para contar uma história da deriva de uma mulher às margens da sociedade. Passado principalmente numa pequena cidade da Pensilvânia, o centro do filme sobre Wanda, uma ex-dona de casa desempregada, que se assume na vida de uma vagabunda por razões que não são completamente explicadas. Loden, actriz e esposa do realizador Elia Kazan, interpreta o papel principal sem qualquer artifício ou vaidade, fazendo da sua personagem uma personagem definidora. Significativamente, o espectador nunca a vê em casa, apenas ouvindo as queixas do marido, de quão mal ela fazia enquanto lá estava. Isto faz-nos ter a sensação de que ela já perdeu todas as amarras e anula qualquer esperança de reconciliação. A audiência no tribunal, em que ela desiste da custódia dos filhos e concede o divórcio ao marido, dá-lhe a oportunidade de oferecer uma defesa para as suas acções. Observando como Wanda deriva de uma cidade para outra, ligando-se a quem quiser tê-la, pode ser tentador vê-la a fugir dos papéis de mãe e esposa como um movimento feminista. No entanto, Loden tem o cuidado de não sugerir algo tão deliberado da parte de Wanda. Embora ela possa parecer ser uma mulher livre, é melhor descrita como uma pessoa calma e claramente ainda tem dependências emocionais que a ligam aos outros.
Esta tendência torna-se mais aparente na segunda metade do filme, em que Wanda se liga a Mr. Dennis, um pequeno criminoso, que, sob uma aparência rude, acaba por também ser um pouco cavalheiro. A partir daqui, "Wanda" acaba por ser um dos estudos mais perceptivos da co-dependência que já vimos. A relação deles agrava-se ao ponto dela o ajudar num assalto a um banco, mas a sequência é encenada com tal sentido óbvio da desgraça que o paira sobre ele o sentimento como se Loden quissesse glamourizar o crime. "Wanda" está um pouco fora de sintonia com outros filmes mais famosos, sobre "lovers-on-the-run" daquela altura, como The Sugarland Express, Badlands, Thieves Like Us e Bonnie and Clyde. Cada um destes filmes consegue uma corrida precipitada, mesmo que apenas estética, dos crimes que os seus personagens cometem. Tal emoção contracultural seria uma fraude no esquema despojado de "Wanda".
Filmado a partir de um negativo de 16mm, o aspecto de "Wanda" é granulado e naturalista. O visual é um bom match para a depressão não diagnosticada de "Wanda". O cenário é de tirar o fôlego. Notável como um primeiro filme, por causa da maturidade que ela mostra, Wanda resiste principalmente por julgar os seus personagens, mas sempre tão inflexível à tentação. É este tipo de inteligência que ajuda "Wanda" a elevar-se acima dos filmes da sua época.
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