domingo, 12 de maio de 2013

O Expresso de Berlim (Berlin Express) 1948



A RKO foi o primeiro estúdio de Hollywood a fazer um filme de ficção na Alemanha do pós-guerra, um filme de espionagem/whodunit passado num comboio com uma longa escala em Frankfurt para abrir o drama, é também uma peça intrigante de propaganda aliada que pretende provocar apoio para a reunificação de um ex-inimigo, a fim de frustrar um movimento de resistência alemão não identificado no submundo, definido em promover divisões e disputas entre americanos, britânicos, franceses e as forças de ocupação soviéticas. 
A mensagem do argumento de Harold Medford (baseada numa história de Curt Siodmak) é bastante clara: não odei os alemães, existem bons que tentam estabelecer um Estado democrático, progressivo, com metas internacionais pacíficas.
É este pensamento progressista que finalmente convence quatro membros figurativos das potências aliadas - Robert Lindley (Robert Ryan), um cientista; Perrot (Charles Korvon), um viajante francês; o tenente soviético Maxim Kiroshilov (Roman Toporow), e um burocrata britânico chamado Sterling (Robert Coote) - para ajudar o Dr. Bernhardt (Paul Lukas) e a sua assistente francesa Lucienne (Merle Oberon) a escapar de tentativas de assassinato pelo movimento da resistência. 
Claro que todos começam a sua viagem de comboio a não gostar uns dos outros, fazendo observações que não fazem justiça, bem como abrigarrem um ódio coletivo para com os alemães em geral, mas o assassinato repentino de um falso Dr. Bernhardt deixa o grupo preso em Frankfurt, onde eles são analisados por uma equipa americana antes de lhes ser cencebida premissão para viajar para Berlim. Antes do grupo poder entrar no comboio, no entanto, o bom médico é raptado, e os viajantes desconfiados relutantemente procuram-no juntos pela cidade, e, eventualmente, descobrem pistas sobre o esconderijo secreto da resistência.
A paragem em Frankfurt produz imagens surpreendentes, mostrando uma cidade bombardeada em ruínas, e a narração de Paul Stewart, uma característica regular ao longo do filme, ironicamente oferece detalhes de localizações e comentários editoriais sobre sobreviventes devastados pela guerra, ou se focam em cartazes de avisos sobre familiares desaparecidos durante a guerra. A narração de Stewart também fornece alguma ajuda geográfica, uma vez que descreve o caminho onde os personagens são levados de autocarro pelas ruas da cidade em ruínas, a passagem por um posto de controle militar dos EUA, e a aproximação do ex-IG Farben Building (agora o Edifício Poelzig), quartel-general do Supremo Comando Aliado depois da Segunda Guerra Mundial. É neste prédio enorme, onde os personagens são interrogados sobre a explosão de uma bomba no comboio, e os actores foram filmados dentro do complexo de escritórios.
Berlim só é vista no final, mas novamente a narração de Stewart aponta as localizações, como a estação de Wannsee - "Wannsee é o mais perto que se pode trazer o Expresso de Berlim hoje" -, bem como o irreconhecível Hotel Adlon, as ruínas do Reich Chancellery, Unter den Linden, e o Portão de Brandenburgo. 
Realizado por Jacques Tourneur, o filme é ostensivamente uma mensagem de esperança, cristalizada na sequência final onde Lucienne e Bernhard caminham pelo Portão de Brandemburgo juntos, enquanto um soldado com uma só perna passa em frente deles, visto apenas como uma silhueta gritante avançando para a frente, e não para trás, num passado em ruínas.

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