domingo, 14 de abril de 2013
Os Homens do Presidente (All the President's Men) 1976
All the President´s Men (1976), de Alan J. Pakula, apostava no facto de que homens a falar aos telefones, a escrever em cadernos ou jornais, poderia ser emocionante - e ganhou. Nenhum thriller político feito hoje teria a coragem de rapar a sua história até aos ossos, como este fez, e em vez disso, teria que ser preenchido com efeitos especiais, armas, perseguições e fugas. Ajuda que All the President´s Men tem no seu núcleo uma grande história, e com uma grande verdade. O assunto ainda estava fresco na imprensa, apenas três anos depois dos factos reais terem acontecido, do livro, e o filme.
O filme descreve os acontecimentos depois do 17 de junho de 1972, no Hotel Watergate, que serviu de sede para o Comité Democrata Nacional. Os cinco homens presos não pareciam ser ninguém importante. O Washington Post atribuíu dois repórteres novatos para seguir a história, Bob Woodward e Carl Bernstein. Seguiram as pistas, algumas indescritíveis, de uma fonte misteriosa chamada Deep Throat e descobriram que a história os levava de encontro a altos funcionários da Casa Branca. Pouco mais de dois anos depois, a 9 de agosto de 1974, o presidente Richard Nixon renunciou ao seu mandato, em vez de enfrentar um processo no tribunal.
Dirigido por Alan J. Pakula, nunca o filme mostra os vilões ou tiroteios, e ainda assim sustenta uma sensação palpável de ameaça. Woodward (interpretado por Robert Redford, que também produziu) só tem de olhar por cima do ombro para capturar um enorme sentimento de paranóia. Numa cena em que Woodward rastreia uma série de pistas sobre o telefone, a câmera permanece fixa nele, ininterrupta por vários minutos, e a montagem do suspense é feita de um modo tão simples que não podemos sequer ver ou detectar. Interpretado por Dustin Hoffman, talvez no seu melhor desempenho, Bernstein projeta uma intensidade nervosa por toda a parte, especialmente quando trabalha psicologicamente uma fonte difícil, que não quer falar (interpretada por Jane Alexander, que recebeu uma nomeação ao Óscar por este filme).
A fotografia de Gordon Willis mostra-nos o escritório do jornal como se fosse uma profunda caverna, iluminada por fileiras de luzes quadradas e apoiadas por sinistras colunas retangulares. Estranhamente, a garagem na qual Woodward se encontra com Deep Throat (Hal Holbrook) parece mais do mesmo, mas mais obscuro.
Mas porque não nos foi dito o que pensar, o filme continua a ser urgente e relevante hoje, como uma história de David e Golias, contra aqueles que usam o cargo político como um meio de obtenção de poder pessoal e de conspirar contra o seu parceiro. O filme foi o segundo maior êxito de bilheteira do ano, e ganhou quatro Óscares.
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