segunda-feira, 25 de março de 2013

O Mundo Perdido (The Lost World) 1925



Quando Sir Arthur Conan Doyle, mais conhecido por ser o criador do intérpido detetive Sherlock Holmes, publicou pela primeira vez o romance "The Lost World", em 1912, foi uma história de aventuras tão grandiosa que o revisor do jornal The New York Times não conseguiu decidir se era um novo record nas histórias de ficção-ciêntifica, ou uma caricatura dos romances de aventuras. De qualquer forma, a novela funcionou, principalmente porque, como um cientista experiente, Doyle foi capaz de dar à história uma creditação científica que fez dela uma obra bizarra de um mundo perdido de dinossauros, humanóides, e homens-macacos que vivem nas profundezas da selva amazónica. A plausibilidade da história também foi ajudada pelo facto de que a Amazónia, apesar de ter sido explorada pelos europeus desde o século 16, ainda era um local distante e remoto na mentalidade ocidental, cheia de vastas extensões de floresta densa que ainda tinham que ser exploradas pela "civilização".
O Mundo Perdido ganhou ainda mais notoriedade quando Doyle apareceu em 1922, perante a Sociedade Americana de Mágicos com filmagens do que ele disse serem animais extintos. Durante anos, Doyle tinha sido um devoto escravo do espiritismo e tinha feito apresentações do que ele afirmava serem fotos de espíritos e outros fenómenos sobrenaturais. Era, naturalmente, uma farsa, e Doyle explicou tudo numa carta no dia seguinte a Harry Houdini na qual ele explicou que as imagens foram tiradas de uma versão cinematográfica de "O Mundo Perdido" (que eram, na verdade, cenas experimentais). Infelizmente, enquanto que a pequena brincadeira de Doyle se destinava a criar grande publicidade, também ameaçou a produção do filme porque Herbert M. Dawley, que afirmou ser o criador dos efeitos em stop-motion usados ​​para criar os dinossauros, processou Doyle pelo o uso ilegal dos seus efeitos patenteados. Descobriu-se que Dawley tentava reivindicar o trabalho dos efeitos especiais iniciados por Willis O'Brien, que Dawley tinha contratado para fazer um curta-metragem em 1918.
"O Mundo Perdido" foi finalmente concluído e lançado em 1925, e O'Brien entrou nos anais da história do cinema, enquanto que Dawley não. "O Mundo Perdido" representava a primeira longa-metragem a usar o processo de animação em stop-motion por O'Brien, e era uma maravilha para quem nunca tinha visto estas proezas da magia cinematográfica. Apesar de não ser tão sofisticado como o seu trabalho posterior, num tema semelhante, King Kong (1933), os efeitos de O'Brien em "O Mundo Perdido" são impressionantes, tanto que um crítico do The New York Times, descreveu-os como sendo "tão impressionantes como tudo o que já foi mostrado em forma de sombra ". A capacidade de O'Brien para gerar a ilusão de emoções nas criaturas pré-históricas animadas era estranha, mesmo numa forma um pouco primitiva. Criava as imagens com os mais pequenos detalhes, como os dinossauros a mastigarem folhas como vacas e os orificios nasais abrindo e fechando como se estivessem a respirar.
Seguindo a novela de Doyle de perto, pelo menos na abertura, a história de "O Mundo Perdido" envolve uma exploração na selva amazónica para descobrir um local isolado, cujo isolamento supostamente resultou numa pausa do ciclo evolutivo, permitindo que animais pré-históricos continuassem a viver. Um excêntrico cientista chamado Professor Challenger (o grande Wallace Beery) afirma já ter visto os dinossauros, e quando é vaiado durante uma apresentação no Zoological Society de Londres, desafia os outros a se juntarem a ele numa expedição para provar as suas alegações. É acompanhado pelo professor Summerlee (Arthur Hoyt), o seu principal crítico e rival; Sir John Roxton (Lewis Stone), um aventureiro rico; Edward Malone (Lloyd Hughes), um jovem jornalista que quer impressionar a sua noiva (Alma Bennett) com actos de ousadia e Paula White (Bessie Love), a filha de um explorador que desapareceu anteriormente naquelas paragens.
Quando chegam ao planalto amazónico isolado, o filme aumenta para uma velocidade considerável com os exploradores a serem ameaçados por todos os tipos de dinossauros, incluindo um Brontosaurus irritável que derrruba a ponte de tronco que eles usaram para entrar no planalto, e uma debandada de dinossauros fugindo de uma erupção vulcânica. A acção é habilmente coreografada pelo veterano realizador Harry O. Hoyt, que infelizmente atrapalha-se com a dimensão humana do filme, especialmente no crescente romance  entre Malone e Paula. O filme também tropeça com a apresentação de um violento homem-macaco (Bull Montana), que segue os exploradores e causa confusão quando tentam escapar pela parede íngreme do planalto. O homem-macaco é acompanhado por um chimpanzé, assim torna-se confuso sobre se ele deve representar um "elo perdido" ou se é apenas um actor com uma make-up muito má.
Bessie Love, a diva deste filme, teve uma carreira cheia de altos e baixos, e, infelizmente, viu o seu talento ser desperdiçado em muitos filmes. Com um rosto de menina, ela interpretou raparigas inocentes, doces protagonistas, e apenas ocasionalmente tinha hipóteses de aplicar as suas garras. O seu filme mais conhecido é este "O Mundo Perdido" (1925), onde ela não tem muito mais a fazer, além de alternadamente ser cativante e aterrorizada. Teve uma merecida nomeação ao Óscar pelo primeiro talkie da MGM "Broadway Melody" (1929), mas depressa a sua carreira acomodou-se em filmes de rotina, por isso ela fez as malas e partiu para Inglaterra, aparecendo em diversos filmes, e na televisão, na década de 1980. Mesmo quando não tem mais nada a fazer além de mostrar o olhar encantador, Bessie Love é sempre uma presença bem-vinda em qualquer filme.

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