quinta-feira, 7 de março de 2013

Cemitério Sem Cruzes (Une Corde, Un Colt) 1969

 

Ben Caine e os dois irmãos roubam o ouro da família de Roger, em resposta a eles lhe terem roubado gado. Ben é enforcado em frente à sua mulher, e ela viaja para uma cidade fantasma para convencer o amigo de Ben, Manuel, para executarem a merecida vingança. Ele fá-lo, embora a contra vontade. 
Num filme cheio de atmosfera e estilo, Robert Hossein conta uma história familiar, mas trata-a com classe. O tema aqui, embora de certa forma usado, é tratado como se nunca tivesse sido usado. Não mostra a vingança de uma forma agradável, como acontecia muito em filmes deste género, mostra como um círculo sem fim irá destruir todos os que se envolvem nele. Um filme anti-vingança, por assim dizer. Para começar, este é um filme muito estilizado. Hossein conta-o à sua própria maneira. O seu estilo é muito melancólico e segue a tradição de Leone de deixar as cenas falarem por elas mesmas, não havendo muito diálogo. Mas Hossein não copia Leone directamente. Ele reutiliza-lo, filmando-o à sua própria maneira. Um exemplo, quando Manuel (Hossein) e Maria (Mercier) estão na cidade fantasma. Manuel olha para Mercier, de uma forma profundamente triste, mas ela está tão preocupada com a vingança que mal consegue ver o seu amor por ela. Evita responder às "chamadas" de Manuel, evitando o contacto com os olhos, porque a vingança envenenou a sua mente. Ele percebe que Maria se tornou numa espécie de monstro, porque, enquanto isto acontece, os dois meio-irmãos violam a filha de Roger. Uma inocente que não tinha nada a ver com o assassinato do marido de Maria. Mas Manuel também não faz nada para detê-los, porque ele ama Maria. Tudo isto acontece num espaço de 3 minutos e definitivamente diz mais do que mil palavras. Este estilo de abordagem faz o filme parecer uma obra de arte, embora assim, a acção seja bem mais lenta, e sem darmos por isso já passaram 30 minutos de filme.
O personagem principal Manuel é um homem deprimido e perturbado, o que faz dele um perfeito anti-herói. Um pouco semelhante às personagens de Leone, mas também completamente diferente. muito mais profundidade neste personagem. É um assassino magnífico, e mata quase sem qualquer hesitação, mas há qualquer coisa nele que o torna numa personagem "cool". Sempre que dispara a arma coloca uma luva de couro preto. Quase nunca fala, e por vezes parece prefere deixar a luva fazer a falar por si.
Esta era uma co-produção franco/italiana, embora francesa na sua maior parte. Além de haver um monte de Pierres no elenco principal, há coisas que só podemos encontrar nos westerns franceses. Sempre que um personagem bebe café, está a fazê-lo de uma tigela. Também há uma cena com cerca de 20 vaqueiros todos sentados numa mesa a comer sopa. Além disso, embora não seja tão perceptível, na cena do mesmo jantar, a família Rogers cruzam as mãos como fazem no Catolicismo.
Um western a não perder.

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