quinta-feira, 19 de setembro de 2019

The Twilight Zone - The Masks (The Masks) 1964

Robert Parrish, Mitchell Leisen, John Brahm, Stuart Rosenberg, Joseph M. Newman, Don Weis, Richard C. Sarafian, Don Siegel e Jacques Tourneur foram alguns dos cineastas que trabalharam com Rod Serling em “The Twilight Zone”. A série parece ter nascido da frustração de Serling para com os cortes que as cadeias de televisão e os seus patrocinadores faziam constantemente aos seus projectos. Virou-se então na direcção do fantástico e da ficção científica para conseguir falar sobre os tempos em que vivia sem ter de fazer grandes concessões. Os temas eram possíveis graças ao género; o mergulho no género concedia-lhes a universalidade. 
Ida Lupino realizou seis filmes de uma assentada entre 1949 e 1953, o tempo que durou a sua companhia cinematográfica, The Filmmakers, começando a trabalhar para a televisão como realizadora em 1956, com um episódio de “On Trial” (The Trial of Marry Surratt), e acumulando uns impressionantes 67 créditos até 1968. Pode-se tentar desabonar estes trabalhos, dizendo que eram feitos de forma demasiado rápida, que a televisão é um meio que privilegia os argumentistas e os produtores, demasiado formatado para que o realizador possa fazer mais que não seja ilustrar o que está escrito, mas Ida Lupino sempre teve de fazer os seus filmes bem rápido, não tinha dinheiro para os fazer devagar, e se nos deslocarmos aos tempos em que as companhias e os produtores a punham suspensa por não querer interpretar certos papéis (foi assim que aprendeu os ossos do ofício, aproveitando esse tempo livre para falar com realizadores, operadores de câmara e directores de fotografia) podemos presumir que Lupino só aceitava os trabalhos que queria mesmo fazer. 
Com certeza que terá sido esse o caso para The Masks, o episódio que realizou para a “Twilight Zone”, escrito pelo próprio Rod Serling. Passado no Carnaval, faz-nos entrar na última noite de um patriarca neste mundo, rodeado pelos familiares esfomeados já há muito tempo pela sua herança. As máscaras do título, toda a progressão da história e particularmente esses momentos de máscaras imóveis enquadradas em toda a sua estranheza enquanto se ouvem as agonias e as sentenças das várias personagens, reenviam-nos para essa sensação dionisíaca de que somos nós próprios apenas com máscaras, escondidos, seguros e justificados para darmos largas a desejos e vontades soterradas numa só noite de gatos pardos ou de cães à solta. O Carnaval de uma vida, até à morte, e que traz as consequências devidas. Ou não estivéssemos na “Quinta Dimensão”.
Texto do João Palhares.

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