terça-feira, 16 de julho de 2019

Mary and Max (Mary and Max) 2009

Uma história de amizade entre duas pessoas muito diferentes: Mary Dinkle, uma menina gordinha e solitária, de oito anos, que vive nos subúrbios de Melbourne, e Max Horovitz, um homem de 44 anos, obeso e judeu que vive com Síndrome de Asperger no caos de Nova York. Alcançando 20 anos e 2 continentes, a amizade de Mary e Max sobrevive muito além dos altos e baixos da vida.
""Mary e Max - Uma Amizade Diferente" traz, acima de tudo, uma percepção impressionante sobre um mundo que, embora tenha evoluído tecnologicamente, mantém em sua essência algumas características que parecem difíceis de serem rompidas, sentimentos que soam intrínsecos ao ser humano independente da concepção de grupo que se desenvolva. Em tempos de internet, mensagens virtuais e telefones celulares que nos permitem comunicação instantânea entre dois pontos distintos do mundo, é curioso – e doloroso – constatar que muitas vezes, mesmo tão inseridos, o que precisamos é do contato certo, e que nestes momentos ele pode estar muito distante, ainda inacessível.
É por esta experiência que passam Mary e Max, que em outra época protagonizam exatamente aquilo que muitos de nós, usuários da internet, mantemos hoje em dia: uma amizade exclusivamente dependente de meios de comunicação inumanos. No caso nosso, o meio virtual; no deles, as correspondências em papel. Mary, garota australiana solitária que sofre com a ausência do pai e os excessos da mãe alcoólatra, escolhe aleatoriamente um nome em uma lista telefônica pertencente a um país distante, os Estados Unidos, e por coincidência ou conspiração conhece, através da troca de cartas, Max, um senhor solitário, sem amigos ou namoradas, que sofre de retardo mental e possui um estilo de vida anti-social, assim como o dela. 
Essa amizade acaba se tornando uma grande jornada de compreensão, um do outro, de si mesmos, da vida e do mundo que os cerca, mesmo que distorcido por suas visões quase alienígenas das coisas. Jornada que é marcada por observações peculiares e que mostram em Elliot, que aqui assina roteiro, direção e criação visual, um autor ousado e dotado de um olhar ao mesmo tempo desolador e sarcástico sobre esta realidade que pinta, especialmente por conta dos exageros sempre conotativos da estética que constrói com sua habilidosa técnica de stop motion com argila. Das caricaturas físicas dos personagens e objetos às composições particulares de cada um dos países retratados – Austrália a terra do sépia; Estados Unidos, a do preto-e-branco – existem momentos de imensa criatividade e audácia." Texto de Daniel Dalpizzolo

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