segunda-feira, 15 de abril de 2019

O Denunciante (The Informer) 1935

Dublin, 1920. Gypo Nolan é um homem forte mas não muito brilhante que é expulso de uma organização rebelde. Quando descobre que a sua igualmente destituída namorada Katie é obrigada a dedicar-se à prostituição ele sucumbe à tentação e trai o seu ex-camarada Frankie às autoridades britânicas por uma recompensa de 20 libras. No decorrer de uma noite sombria e nebulada a culpa e a retribuição aproximam-se…
"The Informer", livro escrito por Liam O´Flaherty no inicio dos anos 20, foi pela primeira vez levado ao cinema em 1929 com Cyril McLaglen como protagonista. Quando John Ford refez o filme em 1935 o papel do trágico protagonista foi parar ao irmão de Cyril, Victor McLaglen. Victor acabaria por ganhar um Óscar por este papel, muito merecidamente, assim como diversas outras nomeações. John Ford também ganhou o seu primeiro Óscar de melhor realizador, e o seu habitual argumentista, Dudley Nichols o seu primeiro e único Óscar de Melhor Argumento, apesar de o ter recusado por causa do antagonismo entre várias corporações da indústria e questões sindicais (foi a primeira vez que a estatueta foi rejeitada). Apesar do filme ter sido um sucesso crítico e de prémios, acabou por conseguir maus resultados na bilheteira.
É fácil perceber porque o filme é tão importante na filmografia de Ford. Cada cena parece ter sido trabalhada e esculpida para que tudo parecesse perfeito. O uso dominante de luz e sombra contra uma Dublin fortemente enevoada é visualmente impressionante.  É também uma história muito católica, que faz um forte uso da iconografia da igreja. Os "problemas" da Irlanda rebelde de 1922 são apresentados como uma mistura de pesar religioso e político, com a história a ser um paralelo óbvio da traição de Cristo. 
Este filme veio também trazer uma grande revigoração para a carreira de Ford. A partir daqui ele passava a ser um realizador oscarizado, e tudo passaria a ser diferente. Não levaria  muito tempo até conseguir o seu segundo prémio.

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