sábado, 27 de abril de 2019

A Grande Esperança (Young Mr. Lincoln) 1939

Dez anos na vida de Abraham Lincoln, antes dele se tornar conhecido pela sua nação e pelo mundo. Muda-se de um gabinete em Kentucky para Springfield, Illinois, para começar a prática de advocacia. Defende dois homens acusados de assassinato numa luta política, sofre a morte da namorada Ann, corteja a sua futura esposa Mary Todd, e concorda entrar na política.
"Young Mr. Lincoln", hoje considerado uma das obras-primas de Ford - para muitos, mesmo, a sua obra-prima - foi um filme que, à época, passou quase completamente despercebido. Feito no mesmo ano de "Stagecoach" (a que se segue cronologicamente, o primeiro estreado em Março de 1939, o segundo em Julho) foi completamente eclipsado pelo sucesso do lendário western e, durante muitos anos, poucas referências lhe foram feitas. Só foi designado para os Óscares numa única categoria (melhor argumento original) e nem nessa ganhou: "Mr. Smith Goes to Washington" de Capra, venceu-o. Sucedeu, contudo, que por altura dos primeiros intercâmbios de filmes entre os Estados Unidos e a União Soviética, "Young Mr. Lincoln" se contou entre as poucas obras americanas distribuídas na U.R.S.S. Foi lá que Eisenstein o viu e escreveu sobre ele as frases que hoje se tonaram um lugar comum publicitário desta obra: "Há filmes mais sumptuosos e mais ricos. Há filmes mais divertidos e cativantes. Há mesmo filmes mais comoventes na obra de Ford (…) E, no entanto, de todos os filmes realizados era este que eu gostaria de ter feito (…). Se uma fada ociosa chegasse a minha casa e me dissesse: "Sergei Mikhailovich, neste momento não tenho nada para fazer. Queres que te mostre um numerozinho de magia? Queres transformar-te, com um pequeno gesto da minha varinha de condão, no autor de um dos muitos filmes americanos realizados até hoje? Eu indicaria imediatamente o filme que gostaria de ter feito: "Young Mr. Lincoln", realizado por John Ford""
Este texto só foi conhecido na Europa e na América nos anos 50 e a crítica, pasmada perante tão insólita valorização, começou então a rever "Young Mr. Lincoln". A crítica de esquerda, sobretudo, seguiu o "Papa" Eisenstein e há quatro décadas que não param os hiperbólicos elogios a esta obra-prima durante tanto tempo votada ao esquecimento."
Palavras de João Bénard da Costa, que exemplificam bem q beleza deste filme, que hoje é considerado um dos seus melhores. Mas nem sempre foi assim.

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