segunda-feira, 11 de março de 2019

O Grito da Terra (O Grito da Terra) 1964

Duas jovens camponesas que enxergam seu espaço natal de maneiras diferentes. Lóli (Lucy Carvalho) quer subir de vida, abandonar a pobreza de sua família e, quem sabe, ir para a cidade. Mariá (Helena Ignez) gosta do trabalho na terra, e pensa em poder continuar nela e prover para sua
família. Mesmo não sendo dada a tremores, as terras do interior baiano são cambiáveis, se movimentam, as cercas das grandes fazendas avançam sobre a de pequenos agricultores. A chegada do Professor (Lídio Silva) mexe com os ânimos dos proprietários de terra com sonhos de grandeza. Estudar para não ser explorado, para saber lutar por seus direitos. Palavras que não devem ser ditas, sob pena de ter seu barraco incendiado.
Neste cenário de lutas pela terra que Olney São Paulo nos apresenta seu primeiro longa-metragem, Grito da Terra. Filma o sertão com algumas reminiscências de sua cinefilia, colocando seu gosto pelo cinema de faroeste, até mesmo encontrando uma pedra imensa que poderia aproximá-lo dos épicos filmados no Monument Valey. E como nos faroestes, o sertão é terra sem lei, quem tem dinheiro contrata matadores, avança cercas, impõe preços impraticáveis para explorar a miséria dos mais pobres. Diferente dos faroestes, a perspectiva tomada frente aos embates de ricos e pobres não é de fabulário, porque o que Olney apresenta em seu filme não é conflito deixado para contos de um país em formação, sendo antes casos corriqueiros.
Vale aqui uma nota especial para a trilha sonora original de Remo Usai e as canções de Fernando Lona, escritas em conjunto com o cineasta Orlando Senna.

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